Cruzador Bahia

O Cruzador Bahia foi a pique no dia 4 de julho de 1945. Morreram no naufrágio 333 homens.

Corveta Camaquã

Durante a Segunda Guerra Mundial, 35 navios brasileiros foram torpedeados, entre 1942 e 1944, por submarinos do Eixo (Alemanha e Itália), na área do Oceano Atlântico que vai desde a Filadéfia, nos Estados Unidos, até Santos, no Brasil, além do extremo sul da África (Boa Esperança).

O balanço total foi de 1.074 mortos e 1.686 sobreviventes. Dois pequenos navios torpedeados não foram identificados, mas por terem sido afundados em região junto à costa, concluiu-se que eram navios brasileiros, provavelmente veleiros.

Dos navios torpedeados, somente o Cabedelo não teve sobreviventes.

O Brasil perdeu, ainda, três outros navios na Segunda Guerra Mundial, que pertenciam à Marinha de Guerra.

O Cruzador Bahia foi a pique no dia 4 de julho de 1945, por acidente em exercício de tiro real que atingiu uma das de suas bombas de profundidade. Morreram no naufrágio 333 homens.

O Navio-Auxiliar Vital de Oliveira, torpedeado em 20 de julho de 1944 e posto a pique às 22:30 hs pelo submarino alemão U-861, quando se encontrava a 25 milhas ao sul do Farol do Cabo de São Tomé.

A Corveta Camaquã afundou, virada pelo mar grosso, em 21 de julho de 1944, morrendo 23 tripulantes.

Vital de Oliveira
Navio-Auxiliar Vital de Oliveira

A tragédia do Cruzador Bahia

Cruzador Bahia

Após o término das hostilidades da Segunda Guerra no Atlântico, coube à Marinha do Brasil uma última tarefa: controlar as aeronaves aliadas, que retornavam com tropas no trajeto Dakar-Natal, e apoiar, com eventuais socorros, as que se vissem em dificuldades. Os navios eram mantidos em locais específicos, “estações” em alto-mar, controlando por rádio as passagens dos aviões. Nessa missão, um avião B-17, do Exército americano acidentou-se, em setembro de 1945, e teve 14 militares salvos pelo Contratorpedeiro Greenhalgh, comandado pelo capitão-de-fragata Ari Rongel.

Neste contexto, na manhã de um sábado, 30 de junho de 1945, o Cruzador Bahia, após trinta dias de preparativos, suspendia de Recife com destino à Estação 13, distante cerca de 500 milhas. Na manhã do dia 2 de julho, uma segunda-feira, rendia, no posto, o Contratorpedeiro-de-Escolta Bauru. No dia seguinte, foi realizada, a bordo, com bom tempo, a tradicional festa pela Passagem da Linha do Equador. A expectativa do retorno ao Rio de Janeiro e ao convívio familiar, logo após o cumprimento daquela tarefa, prevista para dez dias, animava a tripulação.

Ao completar o segundo dia na missão, em 4 de julho, o navio preparava-se para exercício de tiro de superfície a curta distância, com as sete metralhadoras Oerlikon de 20mm. Às 0900h, parou máquinas para o lançamento do alvo flutuante e, minutos após, 0910h, ouviram-se disparos imprevistos de uma das metralhadoras. No 5 ou 6 disparo, conforme o relato do então primeiro-tenente Torres Dias, na ocasião, de serviço no Camarim da Máquina, uma forte explosão sacudiu o navio. A rajada da metralhadora havia atingido as bombas de profundidade localizadas no tombadilho.

O quadro que se seguiu foi trágico. Conforme o relato: “densos rolos de fumaça (…) corpos dilacerados, destruição total e os gemidos dos feridos, que mal se arrastavam pelo convés”, e a área de ré destruída e em chamas. Apenas três minutos após a explosão , o navio começou a afundar a popa, com uma rapidez impressionante.

Quatro baleeiras haviam sido destruídas pela explosão e duas outras pendiam dos turcos, impossibilitadas de serem arriadas pela grande inclinação tomada pelo navio. Apenas 17 balsas salva-vidas haviam sido poupadas pela onda destruidora que varrera o navio”, sendo rapidamente lançadas ao mar.

Atos heróicos e de extrema solidariedade foram registrados, como a persistente tentativa do 1° Sargento Enfermeiro João Morais de Lima, o Sargento Lima, de levar da enfermaria para uma balsa, em meio aquele horrendo cenário, o Comandante, capitão-de-fragata Garcia D’Ávila Pires e Albuquerque, que, gravemente ferido, o havia ordenado para deixá-lo e salvar-se. Ambos “foram tragados pelo mar quando o navio submergiu”.

Em cerca de cinco minutos, o navio mergulhou de popa, elevando a proa no ar, e, com a quilha em posição vertical, afundou. A surpresa, a rapidez com que se desenrolou o acontecimento, somadas às dificuldades técnicas das comunicações da época, não permitiram que qualquer pedido de socorro fosse emitido de bordo.

Comprimindo-se nas pequenas 17 balsas, 271 homens, muitos dos quais feridos, queimados ou agonizantes, enfrentariam extenuantes e mortais privações. Para os que sobreviveram, o martírio durou quatro longos dias.

Na primeira noite, as balsas, que eram mantidas juntas, se dispersaram, ficando apenas seis no grupo chefiado pelo Tenente Torres Dias. Falta de água e alimentos, o frio noturno e o calor diurno insuportáveis, desespero, ataques de tubarões, a insolação, fadiga, delírios, alucinações e a morte foram as companhias desses bravos marujos, até a chegada do Cargueiro Balfe.

Um Grupo-Tarefa da Marinha, especialmente mobilizado para as buscas, recolheu, posteriormente, apenas mais oito sobreviventes do grupo cujas balsas haviam se desgarrado.

Estavam a bordo do Bahia 372 pessoas: no primeiro choque, e no soçobro, morreram 101 militares, incluindo quatro marinheiros norte-americanos empregados nas comunicações com os aviões em trânsito. Dos 271 homens que alcançaram as 17 balsas, morreram 230 no mar e mais cinco no Balfe.

A oficialidade foi a categoria que mais baixas sofreu, em razão de suas acomodações se localizarem na popa, local da explosão. No total, morreram 17 oficiais, 15 suboficiais, 42 sargentos, 224 cabos e marinheiros, 29 taifeiros, cinco fuzileiros navais e quatro marinheiros norte-americanos, num total de 336 mortos. Salvaram-se: um oficial, um suboficial, quatro sargentos, 29 de cabos e marinheiros e um taifeiro, num total de 36 sobreviventes.

Perdas navais brasileiras na Segunda Guerra Mundial

Navio / Tonelagem Beligerante Data / Posição Danos e vítimas
1 – Buarque – 5.152ton (a) U-432 15.02.1942 / 36º35’N 75º20’W Torpedeado, um morto
2 – Olinda – 5.085 ton U-432 18.02.1942 / 37º30’N 75º00’W Bombardeado ou torpedeado, 46 mortos
3 – Cabedelo – 3.557 ton Torelli (ita) 25.02.1942 / 16º00’N 49º00’W Torpedeado, toda tripulação perdida, 54 mortos
4 – Arabutan – 7.874 ton U-155 07.03.1942 / 35º15’N 73º55’W Torpedeado, um morto
5 – Cairu – 5.152 ton U-94 09.03.1942 / 39º10’N 72º02’W Torpedeado, 53 mortos
6 – Parnaíba – 6.692 ton U-162 01.05.1942 / 10º12’N 57º12’W Torpedeado, 07 mortos
7 – Cmt Lira – 5.052 ton (b) Barbarigo (ita) 18.05.1942 / 02º59’N 34º10’W Torpedeado, 02 mortos
8 – Gonçalves Dias – 4.996 ton U-502 24.05.1942 / 16º09’N 70º00’W Torpedeado, 06 mortos
9 – Alegrete – 5.970 ton U-156 01.06.1942 / 13º40’N 61º30’W Torpedeado, toda tripulação foi salva
10 – Paracuri – 300 ton U-159 (c) 05.06.1942 / 17º30’N 68º34’W Torpedeado, sem informações
11 – Não Identificado (*) U-159 Sem informação Torpedeado, sem informações
12 – Pedrinhas – 3.666 ton U-203 26.05.1942 / 23º07’N 62º34’W Torpedeado, sem vítimas
13 – Tamandaré – 4.942 ton U-66 26.06.1942 / 11º34’N 60º30’W Torpedeado, 04 mortos
14 – Piave – 2.547 ton U-155 28.07.1942 / 12º30’S 55º47’W Torpedeado, um morto
15 – Barbacena – 4.772 ton U-66 28.07.1942 / 13º10’N 56º00’W Torpedeado, 06 mortos
16 – Baependi – 4.801 ton U-507 16.08.1942 / 11º50’S 37º00’W Torpedeado, 270 mortos
17 – Araraquara – 4.871 ton U-507 16.08.1942 / 12º00’S 37º09’W Torpedeado, 131 mortos
18 – A. Penévolo – 1.904 ton U-507 16.08.1942 / 11º41’S 37º21’W Torpedeado, 150 mortos
19 – Itagibe – 2.055 ton U-507 17.08.1942 / 13º20’S 38º40’W Torpedeado, 36 mortos
20 – Arará – 1.075 ton U-507 17.08.1942 / 13º21’S 38º49’W Torpedeado, 20 mortos
21 – Não identificado (*) U-507 17.08.1942 / 13º31’S 38º36’W Torpedeado, sem informações
22 – Jacira – 89 ton U-507 19.08.1942 / 14º30’S 38º40’W Torpedeado, 06 mortos
23 – Osório – 2.370 ton U-514 28.09.1942 / 00º13’N 47º47’W Torpedeado, 05 mortos
24 – Lajes – 5.578 ton U-514 28.09.1942 / 00º13’N 47º47’W Torpedeado, 03 mortos
25 – Antonico – 1.243 ton U-516 28.09.1942 / 06º17’N 52º35’W Torpedeado, 16 mortos
26 – Porto Alegre – 5.187 ton U-504 03.11.1942 / 35º27’S 28º02’W Torpedeado, um morto
27 – Apalóde – 5.766 ton U-163 22.11.1942 / 13º11’N 54º39’W Torpdedado, 05 mortos
28 – Brasióide – 6.076 ton U-518 18.02.1943 / 12º38’S 37º57’W Torpedeado, sem vítimas
29 – Afonso Pena – 3.539 ton Barbarigo(ita) 02.03.1943 / 16º14’S 36º03’W Torpedeado, 125 mortos
30 – Tutoia – 1.125 ton U-513 (d) 01.07.1943 / 24º40’S 47º05’W Torpedeado, 07 mortos
31 – Pelotaslóide – 5.228 ton U-590 04.07.1943 / 00º27’S 47º36’W Torpedeado, 05 mortos
32 – Bagé – 8.235 ton U-185 01.08.1943 / 11º29’S 36º58’W Torpedeado, 28 mortos
33 – Itapagé – 4.965 ton U-161 (e) 26.09.1943 / 11º29’S 35º45’W Torpedeado, 22 mortos
34 – Cisne Branco – 299 ton U-161 28.09.1943 / costa brasileira Torpedeado, 4 mortos
35 – Campos – 4.663 ton U-170 23.10.1943 / 24º07’S 43º50’W Torpedeado, 12 mortos
36 – Vital de Oliveira – 1.300 ton(f) U-861 20.07.1944 / 22º29’S 45º09’W Torpedeado, 99 mortos
37 – Corveta Camaquã 21.07.1944 / Fernando Noronha Virou devido ao mar agitado, 33 mortos
38 – Cruzador Bahia 04.07.1945 / costa brasileira Acidente em exercício de tiro real, 333 mortos

(*)Admitidos como brasileiros, visto que navegavam bastante próximos à costa, apesar de não identificados.


Notas

  • a) Ver localização no mapa acima;
  • b) Embora torpedeado, não afundou;
  • c) O submarino U-159, depois de atacar com artilharia o veleiro Paracuri, atacou, na mesma área, um veleiro menor (150t), pondo-o a pique também a tiros de canhão.
  • d) O submarino U-513 foi afundado 18 dias depois desta ação por um avião Mariner do Esquadrão UP-74, operando de tênder, ao largo de Florianópolis;
  • e) O U-161, após torpedear o navio Itapagé, avistou o veleiro Cisne Branco a grande distância e junto à costa. Perseguiu-o e o atacou a tiros de canhão. Este foi o último ato de guerra do U-161 — no dia seguinte foi afundado por um avião Mariner do Esquadrão UP-74, baseado em Aratu, Bahia;
  • f) Navio Auxiliar da Marinha de Guerra
  • g) As posições 37 e 38 do mapa correspondem aos dois últimos navios que o Brasil perdeu na guerra. A Corveta Camaquã afundou, virada por mar grosso, a 21 de julho de 1944, às 9:00h, morrendo 33 tripulantes. O Cruzador Bahia (38) foi à pique às 9h10min do dia 4 de julho de 1945, a 30 graus Oeste, sobre o Equador, por acidente em exercício de tiro real que atingiu uma de suas bombas de profundidade. Morreram 333 homens no naufrágio, inclusive o seu Comandante, Capitão de Fragata Garcia D’Ávila Pires de Carvalho e Albuquerque;
  • h) De todos os submarinos atacados pela aviação brasileira, o único que se tem certeza de ter sido afundado foi o U-199. A ação deu-se a 31 de julho de 1943, tendo a embarcação sido atingida por um avião norte-americano ao se aproximar da área do Rio de Janeiro. Convocados pela FAB, um avião A-2 Hudson e um Catalina localizaram o submarino navegando à superfície.

Submarinos do Eixo afundados na Costa Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial

FONTE: Revista Marítima Brasileira (RMB) nº 1/3 v.117 jan/mar 1997; Nomar n° 671

Subscribe
Notify of
guest

66 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Mk48

No caso da corveta Camaquã, li há muito tempo atrás que a mesma não estava devidamente lastreada, o que teria facilitado o seu afundamento nas condições de mar grosso.

Não sei se a informação procede.

Quem puder confirmar, ou não, agradeço.

Dalton

“48”…
.
também li sobre isso em coleção que tenho sobre a II Guerra Mundial , meia dúzia de livros de capa vermelha o últimos dos quais cobre a experiência brasileira, porém já li também que teria sido inevitável…mas…a melhor fonte que já encontrei é essa que passo o “link”….e a conclusão é que o naufrágio se deu por várias causas…
.
http://www.brasilmergulho.com/do-fundo-do-mar-e-da-memoria-recordacoes-dos-naufragios-navais-brasileiros-na-segunda-guerra-mundial/
.
abraços

Mk48

Bom dia Dalton.

Obrigado pelo link.

Abs.

Bryan

Foram apenas 10 submarinos na costa para abater facilmente 36 navios facilmente.

Dalton

Nem todos os navios foram “abatidos” na costa brasileira, então houve envolvimento de
mais do que 10 submarinos e a grande maioria dos afundamentos ocorreu em 1942 quando muito se faltava em organização e meios…a chamada Batalha do Atlântico foi
perdida e assim reconhecida pelos alemães ainda em 1943.

Bryan

Pois então, amigo, existem várias versões sobre os “abates” sofridos pelo Brasil.

Rodrigo Hemerly

Em Jacarepaguá (Rio de Janeiro), bairro onde moro tem uma rua em homenagem ao comandante do Cruzador Bahia.

Top Gun Sea

Primeiramente parabéns a trilogia pelos abrangentes, detalhados e por assim dizer documentários e acervos históricos do Brasil e também de outros países dígnos do National Geography e History. A segunda observação é como esses heróis que deram sua vida para defender o ideal e a Pátria amada são tão meramente lembrados. Há países que é decretado feriado nacional, é grade temática de história nos colégios, há memoriais coletivos nas capitais dos seus países, honrarias aos mortos…. Aqui no Brasil nas aulas de história os próprios professores desconhecem por não pertencer a grade, os livros não descrevem detalhadamente a partipação do… Read more »

Francisco Eduardo

Colocaçao perfeita! Para vc ter uma ideia, há 15 anos tenho estagiarias de arquitetura e engenharia e sem exagero nenhum a todos eles pergunto sobre a data de 9 de julho (por exemplo) e so um deles soube do que se tratava… Um pais que nao valoriza seu passado nao tem futuro…

Nonato

9 de julho? O que é? Também não sei…

Fernando "Nunão" De Martini

Nonato,
O Francisco provavelmente é paulista, e deve ter empresa em São Paulo para questionar seus estagiários sobre a data, que inclusive é feriado estadual: Revolução Constitucionalista de 1932, ou Revolta de 1932.

Francisco Eduardo

Nunão, SIM sou paulista, apenas citei como exemplo e não sou bairrista, minha esposa é fluminense e trabalho junto a prefeituras do Paraná e Minas Gerais e gosto muito dessas localidades, entendo que se você nasceu e mora em um lugar tem que obrigatoriamente conhecer sua história, todos nós temos que ter orgulho dos bons feitos de nossos antepassados, isso vale para Gauchos, Baianos e por aí vai…

Fernando "Nunão" De Martini

Francisco,
Só pra deixar claro: não lhe chamei de bairrista.
Apenas expliquei ao Nonato de uma forma que ele entendesse, e pelo que percebo dos comentários dele há algum tempo, não parece ser de São Paulo, e talvez por isso não tenha a menor noção do porquê de você ter comentado sobre o 9 de julho. Só isso.

Saldanha da Gama

Que todas as vítimas estejam em paz e que jamais sejam esquecidas! Salve a gloriosa Marinha Brasileira!

Andre Ric

Os alemães perderam a guerra, fato. Mas produziram quase 1000 submarinos entre 1939 e 1945. Hoje, a Alemanha é uma super-potência econômica e industrial.

O Brasil fez parte dos países que foram vitoriosos na segunda grande guerra, fato. Em 40 anos, com alguns bilhoes investidos, não foram capazes de terminar um submarino sequer. Hoje, o Brasil tem uma indústria pífia e está se tornando colônia da China

Cadu

Isso é consequência de vários fatores, mas nem civis nem os militares tiveram muito interesse em preservar essa história. Agora com o passar dos anos, e que vem ocorrendo mudando aos poucos.
Eu até me lembro da fala de um veterano da feb no documento “lapa azul”, onde ele estava organizando um encontro(em uma cidade em MG) dos veteranos, a filha dele foi até cinema central, e o responsável pelo local disse: ” a Feb não é história nem cultura” e não sedeu o espaço.

JT8D

Infelizmente a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial é ignorada nas escolas brasileiras ou, quando é mencionada, é para redicularizá-la e desmerecê-la. Somente nas instituições militares se dá o devido valor ao sacrifício desses que perderam suas vidas cumprindo seu dever

Flávio Henrique

As escolas não ridicularizam mas pelo fato de o Brasil se envolveu próximo do fim do teatro europeu (como só existisse o teatro europeu, oriental e africano no máximo atlântico norte), é esquecida/vista com pouco importância e as mesma parece esquecer da participação no teatro atlântico sul.

Flávio Henrique

no só existe é na visão de quem escreve o livro e quando cito o atlântico norte é na primeira fase com os alemães “tocando o terror” e o teatro africano dependendo do autor é citado com mais relevância, sendo que normalmente é citado de forma “rasa”.

Cadu

Na escola pública em que eu estudei, não foi ridicularizado, mas a participação foi passado de uma forma muito raza. Infelizmente não liga para história, é uma das matérias mais desvalorizadas nas escolas.
Isso infelizmente vem por culpa de vários fatores, e envolvente autoridades civis e militares por deixarem a Feb para escanteio.

Esteves

Impressionante. Canais de tv sensacionais e sensacionalistas como History, DC e NG contam uma história “baseada” em documentos censurados ainda em 30% nos EUA e, liberados pelo FBI 70 anos após o término da guerra. O “documento” aparece na TV com tarjas pretas. 70% pode ser lido dizem na TV. Conta o seriado A Fuga de Hitler que o Bahia foi afundado pelo U530 escoltando outro Uboat levando a comitiva de Hitler que havia partido da Espanha rumo a Mar Del Plata. O mais intrigante nessa história do afundamento do Bahia é que a guerra havia terminado em 8 de… Read more »

Airacobra

Por mais que predomine a versão oficial, acredito mais na versão do U530, que diz q os disparos foram em direção aos torpedos que seguiam para o navio

Esteves

A guerra havia acabado. O comandante tinha 24 anos. Com essa idade é provável que nao tenha contestado e que seu relatório tenha sido o que foi ordenado. 9 torpedos disparados na costa de NY contra um comboio. Todos perdidos. 5 torpedos entregues em Mar Del Plata. Completam os 14.

No seriado do History falta um. Dizem eles que esse um que falta foi o que afundou o Bahia.

Oficialmente, o U530 não engajou-se em missão no Atlântico Sul nem atirou contra o Bahia.

Mateus von Marchi

Oloco, a coisa foi tensa mesmo.

cwb

No dia que encontrarem o local do naufrágio e for possível chegar até ele e visualizar o tipo de avarias no casco do Bahia,saberemos se é a história contada ou foram torpedos.
Se não me engano o bismarck foi afundado pela tripulação pois as avarias são de dentro para fora,apesar de ter levado umas bordadas dos ingleses.
Fica para os conhecedores do assunto
Abraço para todos.

Esteves

Contar e escrever história depende de pesquisa. Eduardo Bueno, o Peninha é um historiador que pesquisa em cartórios, relatos, locais. Nunca via o Peninha desmerecer nada. Vi recontar. Por que escolas não ensinam sobre meios navais ou afundamentos ou guerras ou batalhas? Talvez porque pouquíssimas profissões dependam desses conhecimentos. E talvez porque não existam fontes. Os fabianos foram heróicos e João Barone está até na TV contando o que foi pesquisar na Italia. Da FEB também. Esta, mais trágico que heróico, penso. Sobre a MB não se conta. Talvez porque não foram. Protegeram comboios no Atlântico. Heróis do silêncio. Parabéns… Read more »

Luciano

Boa noite, Esteves. Essa versao do afundamento do Bahia por um U-Boat é frequente, porém, pelo sei nao existe documentação que comprove. Entre os febianos essa história é comum.

Esteves

Nada prova. Um ex presidente está preso porque a falta de provas, provou. O seriado A Fuga de Hitler trouxe essa história de volta. Por que o U530 não se entregou aos americanos ou canadenses? Por que o U530 deixou a costa de NY para vir se render em Mar Del Plata? Os tiros da 20 mm disparados no Bahia poderiam ter sido uma reação a um avistamento do rastro do torpedo? Diz a história do History que um UBoat foi designado para escoltar o sub de Hitler. Poderia ter sido o U530 pela coincidência de localização, datas e pela… Read more »

Luciano

Pois é, sao suspeitas, mas até agora nao tem provas. Hoje se conhece boa parte dos planos de ação das wolfpacks no Atlântico. Os argentinos tiveram uma relaçao muito duvidosa com os tedescos, no minimo. Mas pode ser que surja alguma pesquisa nova. Vamos aguardar.

Esteves

Teríamos que esperar os tais documentos americanos completarem 100 anos para serem totalmente liberados. Os russos, já se sabe, não tem nada. O crânio não é de Eva nem de Adolf. E a mancha de sangue no tecido do sofá precisaria ter o DNA comparado. A guerra só terminaria com Hitler morto. Então ele foi morto. Suicidio. Se a fuga tivesse se dado para Bariloche como conta o seriado, a guerra teria se alastrado para cá. Dizem que um quadro pintado por Hitler e leiloado em NY nos anos 1980 marcou a notícia de sua morte. O UBoat que trouxe… Read more »

Dalton

Esteves… . também acompanho o “History”…muita coisa boa…mas…já vi muita coisa errada ou pesquisada superficialmente, não à toa, o History é também chamado de “Hysteria” ou histeria em português. . Teorias da conspiração “vendem”…eu mesmo comprei muitos anos atrás um livro que jurava que o “Rudolph Hess” que foi julgado e condenado pelo Tribunal de Nurembergue em 1946 era um sósia…os detalhes do livro são impressionantes…mas…descobri anos depois que o livro era uma farsa e assim foi com outros livros sobre as mortes de Elvis e Kennedy, o “disco voador” de Roswell, etc…ainda os tenho e valeram a pena ao… Read more »

Otto Lima

O History Channel já foi bem melhor. Hoje em dia, só um ou outro programa se salva. Agora é só ETs e teorias de conspiração.

Otto Lima

Esteves, até que surjam provas concretas, isso que você relatou não são histórias, mas ESTÓRIAS.

Soldat

Falando de Historia os editores do blog bem que poderiam escrever como os Âmis conseguiram instalar uma base aeronaval em Natal?, seria uma matéria muito interessante!.

MateusPeruibe

Essa é fácil! Qualquer livro de história conta.
G.V. era simpatizante do fascismo, foi pressionado pelos EUA a entrar na guerra do lado dos aliados, a posição geográfica do Brasil era estratégica, e se o Brasil não fosse aliado seria invadido. A localização de Natal era perfeita para a realização de escalas para vôos com destino a Europa e África.
Agora quem odeia os EUA e o ocidente deve ter uma versão alternativa bizarra.

Fernando "Nunão" De Martini

“Essa é fácil! Qualquer livro de história conta. G.V. era simpatizante do fascismo, foi pressionado pelos EUA a entrar na guerra do lado dos aliados, a posição geográfica do Brasil era estratégica, e se o Brasil não fosse aliado seria invadido. A localização de Natal era perfeita para a realização de escalas para vôos com destino a Europa e África.” Nesse caso, só se for um livro de história qualquer, e não qualquer livro de história. Pesquiso justamente esse período, e há décadas historiadores debruçados nos documentos da época mostram que a coisa é muito mais complexa que isso. E… Read more »

Luciano

Era a chamada “política pendular”. Vargas teve muita habilidade nessas negociações, ainda mais que parte dos membros do seu governo eram germanófilos e outra parte ligada aos EUA.

Esteves

Getulio não simpatizava com nada nem ninguém que não fosse brasileiro. Existia na época um sentimento e uma quase política eugenista no país e no continente representada por investimentos alemães em hospitais, escolas e nessa bobagem de supremacia. A história de Olga Benario ajudou a construir uma simpatia pro nazismo. Aparente. Getulio queria indústrias. Siderúrgicas. Getulio recebeu o apoio de tenentistas como Geisel, Castelo e Medici na revolução de 1930. O tenentismo surgiu para derrubar políticas como o voto aberto e a corrupção como práticas entre paulistas e mineiros. Entre elas, deixar as Armas sem recursos. Como hoje em 2018.… Read more »

Luciano

Olá, Esteves. O que vc acha do discurso de Vargas, em junho de 1940, a bordo do Minas Gerais?

Esteves

Não acho muito. Faz tempo. Relendo penso que foi feito para marinheiros. Getulio golpista, estadista, populista. Vargas corria o Brasil discursando. Inaugurou o estádio do Pacaembú em SP, enalteceu o Minas Tênis Club em BH, base aérea em SC. Getulio gostava dos “marítimos” e de pregar a grande cruzada rumo ao oeste brasileiro.

Getulio correu o ano de 1940 enaltecendo 10 anos de realizações.

Roberto Santos

Boa matéria, bem redigida.
Parabéns, de qualquer forma, baseado nas perdas navais dos aliados, nossas perdas foram mínimas.
Bem como nossa participação na segunda Guerra.

Rodrigo Hemerly

Eu sou historiador formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e quem tiver interesse em aprender mais sobre história é só acessar minha página eletrônica no seguinte endereço eletrônico, a saber: https://www.historiahumana.com.br.

willhorv

Quem afundou os subs alemães nas costas Brasileiras?

Esteves

Item h) das notas.

cwb

Willhorv:
Existe um livro chamado:
“fantasmas galopantes na costa brasileira”
Saiu essa história ou resumo dela na revista força aérea de janeiro de 2015 se não me falha a memória.
Vale a pena a leitura,muito rica e detalhada sobre as missões executadas contra submarinos do eixo.
Boa leitura!
Em ingles o livro chama-se:
Galopin ghosts in the brazilian coast.

Luciano

Uma dessas pequenas embarcaçoes a vela foi a escuna Jacira, que, por acaso e infelicidade, cruzaria a rota do submarino alemão U-507 as 2hr da madruga de 19 de agosto de 1942. Roubaram a carga, colocaram a tripulação num bote (junto com um clandestino) e metralharam a embarcação até ela afundar. O U-507 foi um dos maiores algozes da marinha mercante brasileira. Comandando pelo capitão-de-corveta Harro Schacht, torpedeou os seguintes navios: Baependi, Araraquara, Aníbal Benévolo, Itagiba e o Arara.

Cidadão

Vargas era um autocrata mas daí a dizer que ele e as FFAA tinham “simpatia” pelo eixo vai uma distância. O ditador tentava contrabalançar os interesses nacionais com os das potências em disputa. O Exército Brasileiro, desde o início, tinha relações com o Exército Alemão, sem contudo ter relação com a política do nacional-socialismo.

Esteves

Os movimentos ou revoltas que trouxeram Getulio e Prestes para a vida pública brasileira foram reformistas. Como o tenentismo nos anos 1920 que depois rachou e anos mais tarde levou à deposição de Vargas. Getulio golpista foi em 1937. O país vivia anos de tentativas de golpes ou mini golpes comunistas. Uma confusão danada. Um Brasil quebrado que vendia café.

Nosso passado nos condena.

Cidadão

Inicio do século.

LucianoSR71

Gostaria de destacar uma coisa muito pouco notada e que foi mencionada no texto: a participação dos submarinos italianos na 2ªGM. No início da guerra eles tinham a impressionante frota de 107 subs em diversas categorias e idades, mas como quase tudo em que se envolveram, foi uma participação muito pouco destacada. Quem quiser saber um pouco:
https://en.wikipedia.org/wiki/Italian_submarines_of_World_War_II

Sequim

“Os alemães perderam a guerra, fato. Mas produziram quase 1000 submarinos entre 1939 e 1945. Hoje, a Alemanha é uma super-potência econômica e industrial. O Brasil fez parte dos países que foram vitoriosos na segunda grande guerra, fato. Em 40 anos, com alguns bilhoes investidos, não foram capazes de terminar um submarino sequer. Hoje, o Brasil tem uma indústria pífia e está se tornando colônia da China”. O Brasil, nos anos 1940 era um imenso cafezal. Hoje é, apesar dos pesares, uma das 10 maiores economias do mundo. Nos anos 1940 havia a crença, nos EUA, que a economia do… Read more »

Alexandre Galante

Quando a Segunda Guerra Mundial começou, 2/3 da população brasileira era de analfabetos. O país era muito atrasado.

Luciano

Galante, dependendo da região, a proporção era maior. Este foi um dos motivos que me levou a perguntar aos veteranos que entrevistei como eles sabia das noticias da guerra. Conversas na rua, programas de rádio e notícias de jornais (que liam para eles ou q eles liam) eram os meios mais comuns.

Esteves

Natural. Não havia internet. As informações chegavam via rádio e jornais. Sem aplicativos, tudo corria de boca em boca. Nos anos 1940.

Esteves

Não acredito em nada ou melhor em quase nada que me contam. Na TV então. Quem quer ser um milionário? As fraudes nos programas de quizshow fizeram história. Fatos. O U530 estava em Halifax e despejou 9 torpedos contra um comboio. Errou todos. Foi informado que a guerra havia acabado. Deixou o extremo norte do planeta para se render no extremo sul em Mar Del Plata e entregar 5 torpedos. O relatório do comandante está disponível na internet. Fatos. O Bahia estava no caminho do U530 e afundou-se, dizem. Com uma explosão na popa. Provocada por disparos de dentro do… Read more »

Sequim

Perfeito, Galante e Luciano. Me irrita esse viralatismo de achar que este país foi, é e sempre será uma m…. Verdade que não está e não avança do jeito que queríamos e que merecemos. Mas também não é essa coisa inútil e sem jeito que alguns (muitos?) querem nos fazer crer.

José Carlos David

Um país colonizado por um pequeno país europeu, que por sua vez era praticamente dependente da Inglaterra explica muito do nosso atraso. Cabral chegou ao Brasil em 1500 e somente em 1532 chegou a primeira expedição colonizadora, com degredados, presos, doentes e prostitutas.
Vejam a diferença em relação à colonização americana, país da mesma idade do Brasil. Claro que não daria certo…o tempo passa e afundamos no atraso e na mediocridade!

ScudB

Rodou a roda e .. não adivinhou uma letra sequer.
Ou seja , Voce realmente acredita que quem desembarcou ha 200 anos atras (300 depois de chegar no Brasil) nos portos dos EUA foram “flor da nação” dos países da Europa? Os melhores dos melhores? Serio?
Ou talvez a Australia (na mesma época) recebeu navios e navios de cientistas , poetas , grandes nomes em filosofia e , talvez , balé clássico que se misturaram com “aborígenes pacíficos” e deram no que é Australia hoje?
So eu que acho este comentário no mínimo “estranho”?

Francisco Eduardo

José Carlos me desculpe, mas a época dos descobrimentos Portugal e Espanha eram a Vanguarda em matéria de navegação, nessa época Portugal NÃO ERA DEPENDENTE da Inglaterra, o Brasil deixou de ser colonia a praticamente 200 anos, Índia, Somália e Sudão (entre outros) também já foram colonias Britânicas, assim como outros países do oriente médio (no Império Britânico o sol nunca se põe) e estão longe de serem paraísos para se morar, creditar o atraso do nosso país ao fato de Portugal ter colonizado o Brasil está errado, são inúmeros fatores…

AVISO DOS EDITORES: NÃO ESCREVA COM MAIÚSCULAS.

Sequim

Quando vamos perder essa mania de culpar os outros pelos nossos problemas? E quando vamos parar de achar que os nossos problemas são piores que os dos outros? Quando vamos parar de nos compararmos com os outros, esquecendo que nosso processo histórico é único, como são os processos históricos dos outros?

Esteves

Só pra terminar, procurei a Madsen 20mm atirando. Estranho que uma arma daquelas que deveria estar apontada para a linha d’água já que assim teria sido o exercício, de repente abriu fogo com várias rajadas. Sozinha. Virou e atirou contra o navio acertando cargas de profundidade. Solitária.

Se foi assim, foi assim.

Professor

GV espertamente foi mais duro com os alemães do que com os italianos, muito mais numerosos no Brasil. Oswaldo Aranha foi importante em fazer o pêndulo ir em direção aos EUA e ajudou o fato dos americanos colocarem no comando do Atlantico Sul um Almirante bom de relacionamento e de quem GV e muitos oficiais brasileiros gostaram. Ele conseguiu inclusive que Roosevelt viesse aqui e se encontrasse com Getúlio em um navio americano – Roosevelt era paralítico e não costumava viajar muito (ainda mais para longe), o que mostra a importância deste encontro. Fomos o único país Sul americano que… Read more »

Carlos Eduardo Oliveira

Alemanha e Japão foram arrasados economicamente na Segunda Guerra e mesmo assim, estão anos à frente do Brasil em tudo.
Vergonha.

Paulo Afonso Paiva

Prezados amigos Sou autor do livro “O Porto Distante”, um romance sobre dois marinheiros na segunda guerra, culminando com o naufrágio do “Bahia”, que reputo ter sido obra do submarino alemão -530, e explico porque os americanos encobriram esse crime. Há algum tempo comentei aqui, tendo o Dalton dito que isso fazia parte da “teoria conspiratória”. Bem, aceito a controvérsia. Há algum temo o Serviço Histórico do Exército coordenou um simpósto sobre o “Brasil na Segunda Guerra”, e eu fui convidado para falar sobre a Marinha. Na manhã de minha apresentação falei sobre a tragédia do “Bahia” e todas as… Read more »

CARLOS SOARES

Pelo que eu vi nos livros, muitos do navios de menor tamanho (veleiros, cargueiros pequenos, etc) foram canhoneado e nao torpedeados.

Fábio Barreto

Boa Noite!
Verifiquei neste momento que a posição do torpedeamento do navio Piave – 2.547 ton está incorreta.
Excelente Matéria Parabéns!!