Curtiss
Modelo F 1914
Aerobote
de Instrução
A e r o n a v e s
E s p e c i f i c a ç ã o o r i g i n a l
Origem:
EUA (Curtiss Aeroplane and Motor Co.) Dimensões:
comprimento: 8,33 m; envergadura: 12,69 m; altura: 3,31 m; Superfície
alar: 35,95 m2.
Pesos: vazio: ? kg; máximo na
decolagem: 798 kg.
Motores:
um motor Curtiss OX-2 de 8 cilindros em "V", desenvolvendo 90 HP e
refrigerado a ar. Hélice de madeira de passo
fixo.
Desempenho: velocidade máxima: 88,19
km/h; razão inicial de subida: 51,40 m/min; teto de serviço: ? m; Autonomia
4h. Armamento: ausente.
Tripulação: dois
tripulantes lado a lado.
H i s t ó r i c
o
A
história da aviação naval dos EUA começou com as aeronaves fabricadas por
Glenn Curtiss em 1911. O
modelo F foi lançado em 1912 e a US Navy, adquiriu aproximadamente
150 aeronaves desse modelo até 1918. Na marinha norte-americana eles
eram identificados pela letra "C" (inicial do fabricante - Curtiss) mas
posteriormente esse sistema foi modificado e os Modelo F foram
redesignados "AB" ("A" referia-se à primeira fábrica de aviões para a
US Navy e "B" identificava o avião como aerobote).
O modelo F realizou alguns feitos históricos pois foi
a primeira aeronave dos EUA a realizar uma missão contra um outro país. Em
abril de 1914, o encouraçado USS Mississippi, deslocado para
intervir no México, carregava a bordo um modelo F (AB-3). No dia 25 de
abril a aeronave sobrevoou o litoral de Vera Cruz a procura de minas.
Outro feito importante do modelo F foi a realização do primeiro lançamento
por catapulta, ocorrido em 5 de novembro de 1915 a bordo do USS North
Carolina.
Em
maio de 1916 o Governo Brasileiro iniciou as negociações para a aquisição
de um lote de aviões norte-americanos junto à empresa Curtiss. Foram então
adquiridos três Curtiss modelo F, juntamente com três motores
sobressalentes (pois os motores instalados nos aviões adquiridos teriam
que ser substituídos ao final de sessenta horas de vôo), além da vinda de
um representante da empresa que, além de dar suporte técnico também era
instrutor de vôo (2).
Estas aeronaves destinavam-se à Escola de Aviação
Naval, primeira unidade militar de aviação do país, criada em 23 de agosto
de 1916. Na época, a escola estava localizada no antigo Arsenal de Marinha
na Praça Mauá (Rio de Janeiro/RJ). O primeiro avião foi montado em agosto
de 1916 e os dois outros em outubro do mesmo ano, sendo incorporados à
esquadra no dia 4 novembro de 1916.
Baseando-se
na designação de aeronaves utilizadas pela US Navy, os três modelos receberam as matrículas C1, C2 e C3. Esse primeiro
sistema utilizado pelos norte-americanos classificava a aeronave em função
do fabricante (ou projetista) e do modelo. Dessa forma, a letra "C"
representava os aerobotes fabricados pela Curtiss. A letra era seguida do
número seqüencial da aeronave.
Antes
mesmo que a instrução começasse, o aerobote C-2 realizou um "reide" até
Angra dos Reis/RJ, onde se localizava a então Escola Naval. Pilotado pelo
norte-americano Othon Hoover, e tendo como acompanhante o
comandante da Escola (Capitão-de- Fragata Guimarães), o avião decolou das
proximidades da Ilha das Enxadas no dia 12 de outubro e amerrisou na
enseada de Baptista das Neves (Angra dos Reis) no mesmo dia. O vôo de
regresso foi adiado para 14 de outubro em função das condições climáticas
desfavoráveis. Logo após a decolagem, um vento forte fez com
que o os tripulantes optassem por um pouso na Baía de Sepetiba, em busca
de proteção. A aeronave ali permaneceu até que uma embarcação da Marinha
providenciasse o reabastecimento. Na manhã do dia 15, a aeronave decolou e
executou o seu translado final até a Ilha das Enxadas (3).
Ainda
no ano de 1916, a Escola de
Aviação Naval formaria a primeira turma Aviadores Navais no dia 24 de outubro
(4).
No
início do ano de 1917, a escola mudou-se para a Ilha das Enxadas (onde hoje
se localiza o Centro de Instrução Almte. Wandenkolk - CIAW). Ao longo do
ano, foi dada instrução aérea para 27 alunos sendo quarto oficiais
do exército. Ao final do período, sete obtiveram "carta" de
aviadores-observadores e oito de pilotos-aviadores. No entanto, a
precariedade do equipamento fez com que a instrução fosse interrompida em
agosto. Por esse motivo, novas aeronaves já tinham sido encomendadas (5).
J.
Kfury |
|
O
presidente Wenceslau Braz (de fraque preto), auxiliado pelo ten.
Delamare (oficial de costas), desembarca de um Curtiss F após seu
primeiro vôo. |
O
Curtiss F ainda foi responsável pelo primeiro vôo de um presidente do
Brasil em aeronave militar brasileira. O fato ocorreu no dia 24 de janeiro
de 1917, quando o presidente em exercício, Wenceslau Braz, realizou um vôo
de curta duração comandado pelo tenente Delamare. O presidente voltaria a
voar no dia 2 de abril do mesmo ano. Dessa vez, a bordo do C-3, o
presidente embarcaria rumo à sede da Escola de Aviação Naval para a
entrega dos diplomas aos novos pilotos(6).
A
escola recebeu outro visitante ilustre em 25 de janeiro do mesmo ano.
Acompanhado por autoridades da Marinha, Alberto Santos Dumont compareceu
às instalações da Ilha das Enxadas e voou pela primeira vez numa aeronave
da Marinha. Juntamente com o tenente Delamare, executou um vôo pela Baia
de Guanabara a bordo do C-2 (7).
Nesse
primeiro ano de vida da Aviação Naval brasileira, os três Curtiss
realizaram 337 vôos, acumulando um total de 306 horas e 45 minutos. A
altitude máxima tingida foi de 1.500 m (1º Tenente A. Schortcht) e o vôo
mais longo durou 3 horas e meia (1º Tenente V. Delamare) (5).
Em
1918, a Escola de Aviação já não dispunha mais dos três Modelo F
originais. No entanto, um quarto Curtiss F foi montado nas oficinas da
escola e juntou-se à esquadra naquele mesmo ano.
A aeronave recebeu o número
seqüencial "9" pois as aeronaves FBA (matrículas "7" e "8") já haviam sido
incorporadas. Essa aeronave permaneceu em atividade até o ano de 1923 (5).
Ainda em 1918, a Aviação Naval adquiriu um novo lote de Curtiss
F (modelo 1916), porém mais avançado e de performance
melhor.
F o t o s
Foto de um
dos Curtiss Modelo F 1914 tirada em 1918, em frente a Praça
Mauá,
Baía de
Guanabara. Raramente essas aeronaves eram vistas
fora da Baía devido
principalmente a
inexperiência dos pilotos e às limitações da aeronave.
FOTO: SDM
B i b l i o g r a f i
a
(1) PEREIRA NETTO, F. C.
Aviação Militar
Brasileira 1916-1984. Ed. Revista de
Aeronáutica: Rio de Janeiro, 1985. p.15
(2)
LAVENERIE-WANDERLEY, N. F. História da força aérea brasileira. 2.
ed. Rio de Janeiro: Gráfica Brasileira, 1975. p.
53-59.
(3) SRPM.
Colégio Naval comemora 86º aniversário do primeiro "raid"
aeronaval. Nomar - notícias da Marinha. Brasília, ano XXXVIII, n. 727,
P. 6, nov. 2002.
(4)
DAERM. Aconteceu. A Macega.
São Pedro D'Aldeia, RJ, ano I, n. 1, p.8, nov/dez. 2001.
(5)
PEREIRA,
A. C. G. Relatório do Ministro de Estado dos Negócios da Marinha do ano de 1918.
Imprensa Naval: Rio de Janeiro, 1919. p. 115-116.
(6) DAERM. O vôo presidencial.
A Macega. São Pedro D'Aldeia, RJ, ano I, n. 3, p.6, mar/abr.
2002.
(7) DAERM. Visita de Santos Dumont
à Escola de Aviação Naval. A Macega. São Pedro D'Aldeia, RJ, ano I, n.
2, p.6, jan./fev. 2002.
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