AVIAÇÃO NAVAL BRASILEIRA |
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A Aviação Naval em Combate Lutas InternasEntre os anos de 1922 e 1927 ocorreram várias insurreições no quartéis de todo o Brasil. Esses movimentos foram organizados pela classe "tenentista" do Exército em resposta aos "desmandos do Governo" ocorridos a partir de 1920. Todas essas ações culminaram com a Revolução de 1930 e, posteriormente, com a Revolução Constitucionalista de 1932. Foi nesse período que a Aviação Naval teve o seu batismo de fogo e atingiu a maturidade. Inicialmente, suas ações pouco efeito fizeram. Mas com o tempo, a Aviação Naval pode mostrar o seu real valor bélico, dispondo de equipamentos mais modernos, uma estrutura mais solidificada e maior experiência. Infelizmente, isso foi comprovado contra outros brasileiros. O Batismo de Fogo Em novembro de 1918, os Alemães e os Aliados assinam o armistício, encerrando a I Guerra Mundial. No Brasil, o foco das atenções voltou-se para os problemas internos. Divergências entre as oligarquias nacionais acabaram levando o paraibano Epitácio Pessoa à presidência em 13 de abril de 1919. Logo de início, o novo presidente nomeiou dois civis nas pastas militares (Ministério da Guerra e da Marinha) quebrando uma tradição republicana e atraindo a ira dos oficiais. Posteriormente, outros acontecimentos aumentariam ainda mais as divergências entre o Executivo e os militares. Esses últimos passariam a apoiar o candidato de oposição (Nilo Peçanha) para a eleição de 1922. No dia 9 de outubro de 1921 (em plena campanha presidencial), o Jornal Correio da Manhã publicou as "cartas falsas". O conteúdo da carta abriu uma crise tão grande que os oficiais reunidos no Clube Militar chegaram a pedir a renúncia do candidato do Governo - Arthur Bernardes. Nada disso impediu que Bernardes vencesse as eleições de 1º de março de 1922. No dia 2 de julho, o presidente Epitácio Pessoa mandou fechar o Clube Militar e prender o seu presidente - Hermes da Fonseca.
Tal fato tornou-se o estopim de uma revolução. No dia 4 de julho, o capitão Euclides Hermes (filho de Hermes da Fonseca) reuniu seus comandados no Forte de Copacabana para dar início à "Revolução dos Tenentes". Na madrugada do dia 5, os canhões do forte atiraram contra diversos alvos na capital, incluindo a Ilha das Cobras e o Depósito Naval. A resposta veio durante o dia a partir de bombardeios do Forte de Santa Cruz e de duas aeronaves da Aviação Naval que lançaram bombas que, ou caíram na água ou não causaram danos materiais (1) (2). Uma vez encurralados e sozinhos, os rebeldes seriam vencidos na manhã do dia seguinte, famosa pelo episódio "os 18 do Forte". Vários fatores permitem concluir que a participação da Aviação Naval no episódio do Forte de Copacabana foi insignificante. Destaca-se o resultado da ação (alvos não atingidos), a falta de experiência em combate, a deficiência da tecnologia aeronaval da época e a existência de outras formas mais convencionais e mais efetivas (emprego da artilharia de costa e dos encouraçados) para sufocar a rebelião. No entanto, o episódio mostrou a capacidade que o apoio aéreo poderia fornecer à esquadra. O apoio da Aviação Naval durante as revoltas ocorridas em 1924Arthur Bernardes tomou posse como presidente da República em novembro de 1922. Desde o início, seu governo foi palco de rebeliões armadas e tumultos civis. Nos quartéis, a chama da insatisfação permaneceu acesa desde o fracasso de 5 de julho de 1922 no Forte de Copacabana. Uma nova revolução surgiria no dia 5 de julho de 1924 no estado de São Paulo. Nesse episódio, a Aviação Naval participou de duas formas: a) apoiando os navios legalistas que bloqueavam o porto de Santos e b) patrulhando a região costerira entre as cidades de Itanhaém e Bertioga (temiasse que os revoltosos ocupassem a região) (3). Para a cidade de Santos foram enviadas a 1ª e a 2ª Esquadrilha de F5L (modernos aviões adquiridos no ano anterior), além de dois HS-2L e dois Curtiss MF. As aeronaves estavam sob o comando do Capitão Neiva de Figueiredo (2). Numa das missões de reconhecimento aéreo do revoltosos (que dispunham de aviões anteriromente pertencentes a Força Pública de São Paulo e outros requisitados de particulares), um dos aviões sobrevoou o encouraçado Minas Gerais e lançou papéis de propaganda revolucionária. Como resposta, um hidroavião da Aviação Naval se apressou em decolar. Acompanhando a decolagem da aeronave da marinha do ar, os rebeldes partiram em fuga para o Campo de Marte (base de aviação dos revoltosos) localizado no norte de capital paulista. Porém, no momento de alçar vôo, o hidroavião da Marinha sofreu um acidente acabou capotando. Seu piloto,Tenenete-Aviador Naval Fernando Savaget, foi salvo milagrosamente após ficar sob a água alguns minutos (2). O cerco à cidade de São Paulo se intensificou no final do mês de julho e a situação tornou-se insustentável para os revoltosos. Na madrugada do dia 28, o General Isidoro decide abandonar a cidade na escuridão e partir para o noroeste do estado de São Paulo, iniciando uma "guerra de movimento". Mais tarde, essas ações acabariam por formar a "Coluna Prestes". Ainda como parte dos desdobramentos da revolução em São Paulo, o Governo Federal teve que enfrentar movimentos revolucionários com ideais tenentistas dentro da Marinha. Na noite do dia 20 para 21 de outubro o Governo aprisionou o Capitão- de-Mar-e-Guerra Protógenes Guimarães, um dos líderes do movimento e ex-comandante da Escola de Aviação (2). Mas o levante seguiu a diante e na madrugada do dia 4 os revoltosos tomaram o comando do encouraçado São Paulo. Vários aviadores navais aderiram ao movimento, incluindo o Sargento-Aviador Bráulio Gouveia, que conseguiu decolar com um hidroavião da base do Galeão. Antes mesmo que o São Paulo deixasse a Baía de Guanabara, o sargento Golveia alcançou o navio e seguiu com o mesmo. Na saída da baía, o encouraçado foi atingido por disparos de canhões do Forte de Copacabana e da Fortaleza de Santa Cruz. A ação acabou destruindo o hidroavião, que vinha a reboque, e ferindo o Sargento Gouveia. Na manhã do dia 5, o Ministro da Marinha ordenou que os submersíveis torpedeassem o navio rebelde assim que o vissem e preparou as aeronaves Aviação Naval para o ataque (3). Durante todo o dia, os aviões da Marinha realizaram tarefas de esclarecimento marítimo em busca do São Paulo mas não obtiveram sucesso. O encouraçado rumou para Porto Alegre, local onde os rebeldes procuravam por apoio. Por problemas de calado, o encouraçado teve que seguir para Montevidéu. Lá, seus integrantes conseguiram asilo político daquele governo e o navio foi devolvido posteriormente. Rebelião no Norte do paísCapitaneada pelo cruzador Barroso, a Divisão do Norte (que incluía os contratorpedeiros Sergipe e Mato Grosso, a canhoneira Amapá e o rebocador Ernestina) chegou a Belém em 9 de agosto. Subindo o Rio Amazonas, em companhia das aeronaves, a divisão atingiu Santarém e de imediato pôs a pique o mercante Jarí, então em poder dos rebeldes (2). No dia 24 a força naval, levando tropas do exército, deixou Santarém com destino ao Forte do Óbidos, onde os revoltosos estavam entrincheirados. O plano era executar um desembarque no dia 26 de julho. Caberia aos Curtiss MF executar missões de reconhecimento ao forte antes da chegada da esquadra. Além disso, as aeronaves deveriam lançar bombas para danificar as posições dos revoltosos. O ataque que antecedia o desembarque foi realizado de forma simultânea pelos navios e pelas aeronaves. O forte respondeu ao fogo mas não conseguiu atingir os aviões. Ao final da tarde, os revoltosos pediram o fim imediato das hostilidades e propuseram rendição incondicional (3). A artilharia naval e o apoio aéreo fizeram o serviço e não houve necessidade do desembarque das tropas do exército. Bibliografia (1) LAVENERIE-WANDERLEY, N. F. História da Força Aérea Brasileira. 2. ed. Ed. Gráfica Brasileira: Rio de Janeiro, 1975. p. 53-59 (2) INSTITUTO HISTÓRICO-CULTURAL DA AERONÁUTICA. A aviação nos movimentos revolucionários. In: História Geral da Aeronáutica Brasileira. Ed. Itatiaia Ltda. Rio de Janeiro: 1990. v. 2, p. 113 - 119. (3) FARIA DE ALENCAR, A. Relatório do Ministério da Marinha do ano de 1924. Imprensa Naval: Rio de Janeiro, mai. 1925. p. 19 - 21
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