Poder Naval – quase 30 anos acompanhando a visita de navios de guerra japoneses ao Brasil!
Os navios da Marinha Japonesa (Força de Autodefesa Marítima do Japão) vêm regularmente ao Brasil em períodos de quatro em quatro anos, através do seu Esquadrão de Treinamento. Esse intervalo pode variar de acordo com a disponibilidade do Navio-Escola principal do Esquadrão e seus períodos de reparos.
Nesses quase trinta anos, o Esquadrão de Treinamento contou com dois navios-escolas principais, o Katori, incorporado em 1969, e o Kashima, que o substituiu em 1995. O Katori ainda permaneceu em serviço, por algum tempo, realizando cruzeiros de treinamento curriculares de curta duracao. Além desses navios, o Esquadrão, que antes era sediado em Yokosuka e atualmente esta em Kure, conta com Navios-Escola Auxiliares, que não são nada menos do que Contratorpedeiros que já fizeram parte das Flotilhas de Escolta da Esquadra e das Forças de Escolta Distritais. Além de todo esse material flutuante dedicado, anualmente são destacados da Esquadra, em uma espécie de rodízio, um ou mais Contratorpedeiros para acompanharem os navios de instrução em suas viagens internacionais, colaborando de forma concreta para “Mostrar Bandeira” pelos mares mundo.
Abaixo estão os navios, que em viagem de instrução estiveram no Brasil de 1980 até hoje. Onde é possível constam maiores detalhes como os Comandantes e o roteiro da viagem.
1980
Navio-Escola JDS Katori (TV 3501) (Capitão-de-Mar-e-Guerra Kiyoshi Takahashi) e o Contratorpedeiro JDS Akigumo (DD 120) (Capitao-de-Fragata Tsukasa Higashi), formando o GT comandado pelo Contra-Almirante Osuke Fukai. Nos meses de julho e agosto, foram visitados os portos de Recife (duas vezes), Santos e Rio de Janeiro.
Roteiro: Partida de Yokosuka em 26 de maio, com escalas em Esquimault-Canadá (9-13 de junho); San Francisco/CA-EUA (17-21 de junho); Balboa-Panamá (2-4 de julho); La Guaira-Venezuela (9-12 de julho); Rio de Janeiro (25-29 de julho); Buenos Aires (4-7 de agosto); Montevideo (8-11 de agosto); Santos (14-18 de agosto); Recife (22-24 de agosto); Cartagena-Colômbia (4-8 de setembro); Balboa-Panamá (10-12 de setembro); San Diego/CA-EUA (23-27 de setembro) e Pearl Harbour/HI-EUA (6-10 de outubro), com retorno a Yokosuka em 22 de novembro.
1984
Navio-Escola JDS Katori (TV 3501) (Capitão-de-Mar-e-Guerra Takeshi Yoshimura) e o Contratorpedeiro JDS Natsugumo (DD 117) (Capitão-de-Fragata Hitoshi Chiba), formando o GT comandado pelo Contra-Almirante Masami Ogawa. Nos meses de agosto e setembro, foram visitados os portos de Recife (duas vezes), Santos e Rio de Janeiro.
Roteiro: Partida de Yokosuka em 4 de junho, com escalas em Esquimault-Canadá (19-22 de junho); San Francisco/CA-EUA (25-28 de junho); Balboa-Panamá (10-12 de julho); New Orleans/LA-EUA (18-22 de julho); Punta Cardon-Venezuela (28-29 de julho); La Guaira-Venezuela (30 de julho-2 de agosto); Rio de Janeiro (16-20 de agosto); Montevideo (24-27 de agosto); Buenos Aires (28-31 de agosto); Santos (4-8 de setembro); Recife (12-15 de setembro); Cartagena-Colômbia (26-29 de setembro); Balboa-Panamá (1º de outubro); San Diego/CA-EUA (11-15 de outubro) e Pearl Harbour/HI-EUA (24-27 de outubro), com retorno a Yokosuka em 10 de novembro.
1989
Navio-Escola JDS Katori (TV 3501) e os Contratorpedeiros JDS Sawayuki (DD 125) e JDS Asayuki (DD 132), formando o Grupo-Tarefa comandado pelo Contra-Almirante Makoto Yamamoto. Nos meses de agosto e setembro, foram visitados os portos de Recife (duas vezes), Santos e Rio de Janeiro.
Roteiro: Partida de Yokosuka em 14 de junho, com escalas em Pearl Harbour/HI-EUA (27-30 de junho); San Diego/CA-EUA (10-13 de julho); Balboa-Panamá (24-27 da Julho); Punta Cardon-Venezuela (31 de julho); La Guaira-Venezuela (2-5 de agosto); Recife (15-18 de agosto); Santos (23-27 de agosto); Buenos Aires (1-4 de setembro); Montevideo (6-9 de setembro); Rio de Janeiro (14-17 de setembro); Recife (20-21 de setembro); Cartagena-Colombia (2-5 de outubro); Acapulco-México (13-16 de outubro) e Pearl Harbour/HI-EUA (28-31 de outubro), com retorno a Yokosuka em 14 de novembro.
1993
Navio-Escola JDS Katori (TV 3501) e os Contratorpedeiros JDS Hamayuki (DD 126) e JDS Isoyuki (DD 127), formando o Grupo-Tarefa comandado pelo Contra-Almirante Mutsuyoshi Gomi. Nos meses de agosto e setembro, foram visitados os portos de Recife (duas vezes), Santos e Rio de Janeiro.
Roteiro: Partida de Yokosuka em 16 de junho, com escalas em Pearl Harbour/HI-EUA (28 de junho-1º de julho); San Diego/CA-EUA (9-12 de julho); Balboa-Panamá (22-26 da Julho); La Guaira-Venezuela (30 de julho-2 de agosto); Recife (11-14 de agosto); Santos (18-22 de agosto); Buenos Aires (27-30 de agosto); Montevideo (1º-4 de setembro); Rio de Janeiro (9-12 de setembro); Recife (16-17 de setembro); Cartagena-Colombia (28 de setembro-1º de outubro); Manzanillo-México (13-17 de outubro) e Pearl Harbour/HI-EUA (27-30 de outubro), com retorno a Yokosuka em 12 de novembro.
1998
Navio-Escola JDS Kashima (TV 3508) e o Contratorpedeiro JDS Sawagiri (DD 157), formando o Grupo-Tarefa comandado pelo Contra-Almirante Kouichi Furusho. Nos meses de junho e julho, foram visitados os portos de Recife (duas vezes), Santos e Rio de Janeiro. Infelizmente os navios foram divididos, com o Kashima visitando Santos e o Sawagiri indo para o Rio de Janeiro.
Roteiro: Partida de Tokyo em 20 de abril, com escalas em Pearl Harbour/HI-EUA (1-4 de maio); San Diego/CA-EUA (12-15 de maio); Balboa-Panamá (25-27 de maio); La Guaira-Venezuela (31 de maio-2 de junho); Recife (10-11 de junho); Buenos Aires (19-22 de junho); Santos e Rio de Janeiro (26-29 de junho); Recife (4-5 de julho); São Domingo-Republica Dominicana (14-16 de julho); Boston/MA-EUA (22-26 de julho); Cartagena-Colômbia (2-4 de agosto); Manzanillo-México (12-15 de agosto) e Honolulu/HI-EUA (22-25 de agosto), com retorno a Tokyo em 11 de setembro.
2004
Navio-Escola JDS Kashima (TV 3508) e os Contratorpedeiros JDS Hamagiri (DD 155) (Capitão-de-Fragata Futoshi Toyozumi) e o JDS Umigiri (DD 158), formando o Grupo-Tarefa comandado pelo Contra-Almirante Yukinori Togo. Nos meses de junho e julho, foram visitados os portos de Recife (duas vezes), Santos e Rio de Janeiro. Mais uma vez os navios foram divididos, com o Kashima indo para Santos e os Contratorpedeiros Hamagiri e Umigiri seguindo para o Rio de Janeiro.
2008
Navio-Escola JDS Kashima (TV 3508) (Capitão-de-Mar-e-Guerra Fumio Yokota), Contratorpedeiro-Escola JDS Asagiri (TV 3516) (Capitão-de-Fragata Kazuo Hattori) e o Contratorpedeiro JDS Umigiri (DD 158) (Capitão-de-Fragata Tatsuo Akimoto), formando o Grupo-Tarefa comandado pelo Contra-Almirante Chikara Inoue. Em agosto foram visitados os portos de Recife, Rio de Janeiro e Santos.
Este ano a passagem pelo Brasil, teve uma diferença, além de coincidir com as festividades relativas aos 100 Anos da Imigração Japonesa, também é um cruzeiro de circunavegação, com os navios seguindo para África, Norte da Europa, Mediterrâneo, Mar Vermelho e Índico.
Roteiro: Partida de Tokyo em 15 de abril, com escalas em Pearl Harbour/HI-EUA (27-30 de abril); San Diego/CA-EUA (8-11 de maio); Panama City-Panamá (22-24 de maio); Recife (6-8 de junho); Rio de Janeiro (13-17 de junho); Santos (18-22 de junho); Dakar-Senegal (1º-3 de julho); Rouen-França (11-15 de julho); Amsterdam-Holanda (16-20 de julho); Portsmouth-Inglaterra (23-28 de julho); Port Said-Egito (8-11 de agosto); Mumbai-India (23-26 de agosto) e Singapura-Singapura (4-7 de setembro), com retorno a Tokyo em 18 de setembro.
Algumas curiosidades em relação a esses navios e suas visitas ao Brasil: dos doze Contratorpedeiros da classe “Hatsuyuki”, quatro já estiveram por aqui, assim como, quatro dos oito da classe “Asagiri”, uma boa proporção de navios diferentes, levando-se em conta que são de uma Marinha do outro lado do mundo.
As unidades da classe “Hatsuyki”, incorporadas de 1980 a 1987, estão sendo distribuídas as forças distritais e uma delas o JDS Shimayuki (DD 133), o último navio da classe, foi reclassificado (TV 3513) e incorporado ao Esquadrão de Treinamento em 1999.
Na classe “Asagiri”, incorporada entre 1988 e 1991, o navio que da o seu nome a classe e o JDS Yamagiri (DD 152), reclassificado (TV 3515), foram transferidos para esse Esquadrão, permanecendo, por enquanto, os seis restantes formando a espinha dorsal da Esquadra, junto com os navios das classes “Murasame” e “Takanami”.
Mais no início da década de oitenta, passaram por aqui duas unidades das classes “Yamagumo” e “Minegumo”. Esses dois navios, o JDS Akigumo (DD 120) e o JDS Natsugumo (DD 117), respectivamente, chamavam a atenção por pertencerem a duas classes que operaram o malfadado DASH QH-50, um helicóptero drone usado pela U.S. Navy e pela Marinha Japonesa nos anos 60 e 70, sendo que os japoneses conseguiram a duras penas utilizar esse equipamento até 1979, quando finalmente cedeu o seu lugar para os foguetes A/S ASROC. Os americanos desistiram muito antes, depois de perder em operação centenas desses helicópteros robôs.
Fotos: Navio-Escola Katori (TV 3501) de autoria de Brian Fisher (Portsmouth 08/1991); Contratorpedeiro Yugumo (DD 121) da mesma classe do Akigumo; Contratorpedeiro Natsugumo, sendo uma delas de um modelo de Marcelo “Ostra” Lopes; Contratorpedeiro Sawayuki (DD 125) em Tokyo 09/2007 e Sawagiri (DD 157) em Yokohama em 10/2008, essas duas ultimas de autoria de Raisuke Numata.
Eu me pergunto coisas assim: Digamos que o Brasil acordasse para a importância da questão e o governo disponibilizasse uns 20 bilhões de dólares para aquisição de meios e reequipamento, de modo que o número de navios e submarinos aumentasse algo em torno de 30%. Teríamos oficiais suficientes para operá-los? Teríamos marinheiros suficientes para operá-los? Que eu saiba, o Brasil conta com apenas um navio-escola e a força de submarinos têm uma capacidade limitada de formar praças. Daí eu constato que os japoneses tem um programa permanente de treinamento oceânico, dando a volta ao mundo para que os alunos experimentem… Read more »
Zé, parabéns pela compilação dos dados. Vendo as fotos, agora eu tenho certeza: foi a visita de 1984 que eu vi quando garoto. Fábio: creio que um destino interessante para uma das T22B1 (entre as três restantes) seria acompanhar o NE Brasil nas suas viagens, de maneira similar ao que fazem os japoneses. Gastaria-se mais na modernização das outras duas T22B1 e faria-se apenas uma revitalização na T22B1 destinada a compor um “Esquadrão escola”. Embora o ideal fosse uma unidade com propulsão CODOG, mais econômica, e não COGOG, para o cruzeiro de volta ao mundo. Quanto à capacidade de formar… Read more »
Nunão e demais colegas, na escala de 1984 o Contratorpedeiro Natsugumo já tinha uma modificação expressiva que era a presença do ASROCK (o ASROC) instalado no local onde era o convôo e o paiol onde era o pequeno hangar do DASH. Lembro, também, que as marcações de convôo, de estilo japonês, ainda estavam parcialmente presentes, junto com a marcação do perímetro de conteira do lançador. O navio era tão impecável como os de hoje. Quanto a um navio acompanhar o Brasil, que por sinal esta fazendo uma circunavegação neste ano, sou totalmente a favor, agora quanto a propulsão tanto faz,… Read more »
Então, Zé, a questão que as fotos resolveram pra mim nem foram a respeito do Natsugumo: era o Katori, com a instalação dos canhões superpostos de vante, bem à frente da superestrutura que me deixava encafifado. Tinha uma vaga lembrança dessa configuração num dos navios que vi quando garoto e, mais tarde, buscando imagens dos velhos guias de armas, imaginava que tinha vindo um Shirane ou Haruna, que também tinham torres de canhões superpostas desse jeito. Vendo as fotos agora do Katori, entendi melhor as coisas. Preciso achar o folheto da época no fundo de algum armário na casa de… Read more »
O Katori entrou em serviço em 1969, e me lembro que ele também esteve por aqui em 1978. Já me falaram que veio em 1974 também. O folder é um com uma foto dele e do Natsugumo navegando lado a lado e guinando em alta velocidade para boreste, em um mar azul de doer os olhos. Na parte de cima da capa tem o titulo do Cruzeiro em fundo verde. Agora quanto ao Shirane ou o Haruna, se tivesse sido um deles mesmo o “Mostra” teria embarcado nele e ido para o Japão como lutador de sumo clandestino hehehe. O… Read more »
Zé, comentando seu outro comentário, você tem toda a razão. Tem que gastar mesmo, desde que se gaste bem. É que muito tempo seguido lendo notícias sobre penúria, sobre controle de gastos, milagres de economia pra fazer render orçamentos pífios ou para viabilizar projetos de longo prazo em detrimento do dia-a-dia etc acabam levando a pensar em economia de combustível… Essa visão de economizar e economizar pega, acaba impregnando a força, e até li outro dia um trecho do livro do ex-ministro da Marinha, Veiga Miranda “Quatorze meses na pasta da Marinha” mostrando isso. Nos anos 20! E já que… Read more »