Rússia envia navios de guerra para região separatista da Geórgia

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Chanceler francês diz que Moscou pode ter interesse em outros países vizinhos com grupos pró-independência

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MOSCOU – Um embarcação da Frota do Mar Negro, o cruzador Moskva (classe “Slava”, conhecida como “matador de porta-aviões”), atracou nesta quarta-feira, 27, em Sukhumi, capital da região separatista georgiana da Abkházia, cuja independência, além da Ossétia do Sul, foi reconhecida por Moscou na terça. Os navios chegaram à região no mesmo dia em que o chanceler francês, Bernard Kouchner, afirmou que a Rússia pode ter interesse em outros países vizinhos, como a Ucrânia e a Moldávia – países que possuem movimentos separatistas -, depois da operação russa na Geórgia.
Vários navios foram recebidos com aplausos pelos habitantes da cidade, assim como pelo presidente da Abkházia, Serguei Bagapsh, e pelas autoridades locais. Segundo o vice-chefe do Estado Maior russo, general Anatoly Nogovitsin, a Rússia ordenou ainda que sua frota no Mar Negro vigie o crescente número de barcos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e afirmou que Moscou não tem interesses de aumentar sua própria presença militar no mar. Nesta quarta, o porto georgiano de Batumi recebeu o navio americano Dallas, com ajuda humanitária.
Tropas russas continuam em partes da Geórgia, e Moscou reconheceu na terça formalmente a independência das províncias separatistas da Geórgia – Ossétia do Sul e Abkázia -, e irritou o governo americano e os principais líderes da União Européia. A decisão foi anunciada pelo presidente russo, Dmitri Medvedev, um dia depois de as duas câmaras do Parlamento russo terem aprovado uma resolução que pedia pelo reconhecimento. “Essa não é uma escolha fácil, mas é a única chance de salvar a vida das pessoas”, disse Medvedev.
Questionado sobre se a Rússia poderia optar pelo confronto com o Ocidente ao invés de cooperar, o ministro de Relações Exteriores francês afirmou: “isso não é impossível”. “Repito que isso é muito perigoso, e que existem outros objetivos, em particular na Criméia, Ucrânia e Moldávia”. Como a Geórgia, a Ucrânia tem um presidente apoiado pelo Ocidente e que pretende integrar a Otan, se afastando da esfera de influência do Kremlin, e que possui muitos cidadãos de origem russa. A península ucraniana da Criméia, uma região tradicionalmente reivindicada pela Rússia, que abriga a frota russa do mar.
Medvedev advertiu a Moldávia – outra república ex-soviética – para que “não cometer o mesmo erro da Geórgia” de recorrer à força para tentar tomar o controle da região separatista de Transdniester. “Depois que a Geórgia perdeu seus trunfos, todos os problemas pioraram e um conflito militar começou”, disse Medvedev ao presidente da Moldávia, Vladimir Voronin. “Esse é um alerta sério e creio que devemos lidar com outros conflitos em andamento que têm o mesmo contexto.”
Kouchner reiterou seu apelo para que a Rússia cumpra com seus compromissos internacionais, incluindo o cessar-fogo com a Geórgia mediado pela França. “Não podemos aceitar essas violações das leis internacionais, acordos de segurança e cooperação com a Europa, com as resoluções da ONU e pela primeira invasão de um território por um Exército depois de muito tempo”.

FONTE: Estadao.com.br

NOTA DO BLOG:

O navio Dallas, da Guarda Costeira dos EUA, deve chegar hoje a Poti, a cidade portuária mais importante da Geórgia. Áreas em torno da cidade também estão ocupadas por militares russos.
No domingo (24), o destróier americano USS McFaul chegou ao porto de Batumi. Ainda não está confirmado se o McFaul vai acompanhar o navio da USCG em Poti.
Segundo um porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos na Geórgia, os dois navios estão na região a pedido do governo do país distribuindo ajuda humanitária aos georgianos que ficaram desabrigados pela guerra na Ossétia do Sul.
O governo americano disse que não existe chance de ação militar no solo da Geórgia. Mas a presença de militares americanos dentro de território naval da Geórgia é um sinal para os russos de que os Estados Unidos apoiarão seus aliados com mais do que palavras.
Mais uma vez o Poder Naval tem mostrado seu valor político-estratégico. Abaixo, uma foto em close do cruzador Moskva, enviado à Geórgia.

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