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Continuará crescendo no futuro?

Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo do último sábado, 30 de agosto de 2008, o setor de construção naval voltou ao patamar de 40 mil empregos, o mesmo da década de 70, podendo chegar a 70 mil em 5 anos. “O número de encomendas pode dobrar ou triplicar com o pré-sal. Ainda é impossível mensurar o impacto exato que ele terá para o setor”, disse Franco Papini, vice-presidente do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore), em entrevista após evento da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha.

Nos cálculos do Sinaval, estão previstos 338 empreendimentos nos próximos oito anos, o que inclui, entre outros, 49 navios petroleiros encomendados pela Transpetro no Promef 1 e 2 (Programa de Modernização e Expansão da Frota), 146 navios de apoio marítimo a plataformas de produção de petróleo, 6 plataformas de produção de petróleo e 28 navios-sonda de perfuração. O país tem hoje 26 estaleiros de grande e médio porte com capacidade de processamento de aço de 630 mil toneladas por ano.

Ainda segundo a reportagem, o BNDES está em uma fase embrionária na discussão sobre a vinda de fornecedores da indústria naval para o Brasil e mantém conversas com empreendedores. De 1996 a 2007, as encomendas de navios no mundo cresceram ao ritmo de 36% ao ano, o que reforça a necessidade de criação de plantas no Brasil para atender a demanda crescente do setor. O BNDES mapeou três estágios em que pode atuar na revitalização da cadeia de fornecedores, o primeiro relativo a equipamentos mais simples (cabos, bombas), passando em seguida para equipamentos mais complexos (motores), de forma que os produtos atinjam padrão internacional para evitar atrasos e aumento de custos em casos de necessidade de reparos.

Para refletir: notícias animadoras são sempre bem-vindas, mas o Blog lembra aos leitores que o auge da produção dos estaleiros do Brasil, atingido em 1979 com 1.394.980 tpb de navios, sendo 331.800 tpb para exportação, foi logo seguido de uma grave crise. Já em janeiro de 1983 a revista especializada Portos e Navios noticiava: “A força de trabalho reduziu-se de 40 mil para 30 mil”. No mesmo ano, a SUNAMAM – Superintendência Nacional de Marinha Mercante – acumulava um rombo a descoberto de cerca de 800 milhões de dólares, e logo a administração do Fundo da Marinha Mercante (FMM) passou ao BNDES. O fomento do BNDES aos fornecedores nacionais também é muito bem-vindo, mas não se deve esquecer que um dos motivos da crise do setor nos anos 80, dentre vários outros de origem interna e externa, foi o custo elevado dos navios de construção nacional, fruto de uma política de nacionalização a todo custo. Esperamos que a efetiva implantação dos estágios de revitalização da cadeia de fornecedores, conforme vislumbrada pelo BNDES, possa evitar erros do passado, tornando a construção naval no Brasil efetivamente competitiva e com bases sólidas para continuar crescendo no futuro.

Foto: Navio-Tanque Barão de Mauá, construído pelo estaleiro Ishibrás em 1979 e fotografado em 2003, ano em que fez sua última viagem como NT. Quando da construção, a classe a que pertencia o Barão de Mauá marcou um recorde na construção naval do Brasil, com 277.000 tpb, 337 metros de comprimento e 54,5 de boca. Crédito da Foto: Edson Lima Lucas, via NMB.

Fontes: jornal Folha de São Paulo e livro  História da Construção Naval no Brasil, de Pedro Carlos da Silva Telles. FEMAR, 2001 

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