Cooperação Brasil-Portugal, mais informações

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A Marinha do Brasil pretende participar em mais exercícios militares da Otan para os seus efetivos navais junto de congêneres tecnológica e taticamente mais avançadas, contando, para isso, com o apoio de Portugal.

A intenção foi manifestada à Agência Lusa pelo comandante da Marinha do Brasil, almirante-de-esquadra Júlio Soares de Moura Neto, que está em Lisboa numa visita oficial de uma semana.

“O que queremos é participar nos exercícios da Otan, uma organização que envolve muitas Marinhas, algumas delas tecnológica e taticamente muito avançadas. A Marinha brasileira não faz parte da Otan, mas tem o maior interesse em participar nos exercícios porque isso vai aumentar a sua capacitação”, afirmou.

Para isso, o Brasil conta com o apoio de Portugal, que convidou a Marinha brasileira para participar em manobras militares integradas no âmbito da Otan, principalmente na operação “Swordfish“, que ocorreu no primeiro trimestre deste ano, estando previstos contatos oficiais nesse sentido durante a sua estada em Portugal.

Moura Neto citou que o Brasil tem “todo o interesse” em participar nas operações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), apesar de integrar o espaço sub-regional de defesa do Atlântico Sul, uma vez que tem de “absorver as novas tecnologias e táticas”.

Por outro lado, minimizou o “desconforto” de alguns países sul-americanos em relação à criação, pelos Estados Unidos, da 4ª Frota, que atuará no Mar do Caribe, Atlântico Sul, América do Sul e Pacífico sul, considerando tratar-se de uma “medida administrativa”.

A criação da 4ª Frota é uma medida administrativa. É uma medida soberana de um país que decidiu organizar-se criando uma frota a mais. Os Estados Unidos possuem uma série de comandos combinados. No Mediterrâneo, em África, no Médio Oriente e agora o comando combinado denominado Sul”, disse.

“Esse comando combinado possui uma força naval que era proveniente da Marinha da 2ª frota, situada em Norfolk (Virgínia), responsável por todo o Atlântico e por todos os exercícios da Otan. Os Estados Unidos consideraram que a 2ª Frota estava muito sobrecarregada e, por isso, criaram a 4ª Frota”, sustentou (para mais detalhes sobre a situação da Segunda Frota, veja o texto do Poder Naval OnLine).

Sobre a visita a Portugal, onde manterá encontros com diversas entidades políticas e militares, Moura Neto adiantou que se insere no quadro da cooperação entre as duas Marinhas, cujos Estados-Maiores se reúnem de dois em dois anos.

“As duas Marinhas têm laços de união muito estreitos, de operações em conjunto. Há uma aproximação muito grande entre os fuzileiros, bem como nas áreas de hidrografia e meteorologia, ligadas ao Instituto Hidrográfico dos dois países. Pretendemos intensificar o intercâmbio”, frisou.

“Os nossos Estados-Maiores discutem o que foi feito e o que se deve fazer para aumentar o intercâmbio. Não são assinados acordos de cooperação, mas são tomadas medidas que, na prática, acabam por funcionar como uma espécie de acordos para os próximos anos”, acrescentou.

Moura Neto realçou também a cooperação na construção naval, lembrando que nos estaleiros de Viana do Castelo (norte) estão sendo construídos navios patrulha oceânicos destinados ao Brasil, num momento em que ambas as Marinhas estão renovando as respectivas forças navais.

Outra área de potencial cooperação é a da tecnologia da informação, uma vez que o Brasil quer desenvolver para a Marinha de Portugal sistemas de comando e controle, programas de jogos de guerra e “software” de avaliação operacional dos navios.

Fonte: Lusa Agência da Notícias

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