A cooperação alemã na construção de submarinos no Brasil
A trabalho desenvolvido entre a Howaldtswerke Deutsche Werft-HDW / Ferrostaal A.G e a Marinha do Brasil, na construção de submarinos no Brasil – 1980-2005
RESUMO CRONOLÓGICO
1980-1981
A Marinha do Brasil (MB) convida proponentes da Itália, França, Alemanha e Suécia para oferecerem submarinos na faixa de 1.200 a 1.700 ton, inclusive transferência de tecnologia para a construção no Brasil.
1982
A MB seleciona o submarino alemão IKL Classe 209, oferecido pelo Consórcio Howaldtswerke Deutsche Werft-HDW / Ferrostaal A.G. A seleção baseou-se no desempenho, condições de financiamento e escopo de transferência de tecnologia para a construção no Brasil. O Consórcio já tinha experiência no fornecimento de conjuntos de materiais, equipamentos e transferência de tecnologia para a construção de submarinos na Índia e na Turquia.
A MB assina contratos com o Consórcio alemão HDW/Ferrostaal para a construção do 1º Submarino (TUPI) na HDW em Kiel, Alemanha e o 2º (TAMOIO) no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro-AMRJ.
1983
A HDW e o AMRJ discutem o plano geral de transferência de tecnologia e construção, enquanto são solucionadas as condições para a efetivação dos contratos.
1984
A data de efetivação do Contrato (23 de julho de 1984) define o início oficial do projeto. A HDW envia engenheiros ao AMRJ, a fim de avaliar e participar do projeto das instalações para a construção do submarino.
A HDW dá início à construção do TUPI em seu estaleiro em Kiel.
1985
A MB envia uma grande equipe de engenheiros e técnicos para a HDW na Alemanha, a fim de receberem treinamento “on the job” durante todas as fases de construção do submarino TUPI. Planejamento, construção, controle de qualidade e procedimentos de teste de submarinos são treinados, envolvendo aprox. 100 pessoas da Marinha do Brasil por mais de 2 anos.
A MB assina um segundo contrato com o Consórcio, para o fornecimento e financiamento de dois conjuntos adicionais de materiais e equipamentos para a construção no AMRJ do 3º e 4º submarinos, TIMBIRA e TAPAJÓ. A data de efetivação do Contrato é 10 de maio de 1985.
1985 – 1990
SUBMARINO NACIONAL – SNAC I – A Marinha do Brasil (Ministério da Marinha) contratou com a HDW / IKL um programa de treinamento para a elaboração de um projeto próprio de submarino no Brasil. Para esta finalidade, aprox. 30 engenheiros foram destacados para participar do treinamento durante os anos 1985 e 1986, seguido de uma fase de concepção de projeto entre os anos 1986 e 1990.
SUBMARINO NACIONAL II – SNAC II
O SNAC II decorre do precedente SNAC I e era um programa brasileiro para a elaboração do projeto de um submarino com sistema de propulsão nuclear.
1986
A MB decide construir seções do casco resistente do TAMOIO na NUCLEP. A HDW envia engenheiros para projetar os dispositivos e instalações de construção e incorporar na NUCLEP os procedimentos HDW de construção, controle de qualidade e testes.
É realizado na HDW e na NUCLEP um treinamento abrangente dos engenheiros e técnicos da NUCLEP, em tecnologia de construção de cascos de submarinos.
A HDW começa a enviar conjuntos de materiais e equipamentos do TAMOIO ao AMRJ.
1987
O AMRJ dá início à construção do TAMOIO, tendo como base o pessoal treinado na HDW. Todos os procedimentos de planejamento, construção, controle de qualidade e testes são incorporados ao AMRJ. A construção envolve aprox. 10.000 desenhos, 50.000 itens de materiais e equipamentos, além de uma força de trabalho que no pico envolve cerca de 230 engenheiros e técnicos especializados.
A construção do submarino requer aprox. 250.000 dias-homem de trabalho especializado, em instalações exclusivas, uma vez que os rigorosos requisitos de qualidade não permitem a execução de atividades de construção de submarinos simultaneamente com a construção de navios.
A HDW lança e conclui a construção do TUPI e inicia as provas de cais e de mar.
A HDW inicia o treinamento operacional da tripulação do TUPI na Alemanha. Os procedimentos operacionais e o sistema de apoio logístico são incorporados à Força de Submarinos e à Diretoria Geral do Material – DGMM.
1989
A HDW dá início ao fornecimento de pacotes de materiais e equipamentos do TIMBIRA.
A HDW entrega o TUPI à Marinha do Brasil. O AMRJ dá início à construção de seções do casco resistente do TIMBIRA na NUCLEP.
1990
O AMRJ tem duas frentes de construção de submarinos nas oficinas – TAMOIO e TIMBIRA.
1991
A HDW inicia o fornecimento de pacotes de materiais e equipamentos do TAPAJÓ.
1992
O AMRJ inicia a montagem final do TAMOIO no dique e começa a construção de seções do casco resistente do TAPAJÓ na NUCLEP.
1993
O AMRJ lança e conclui a construção do TAMOIO e dá início aos testes de cais e de mar, com o suporte técnico da HDW e de fabricantes de equipamentos alemães. A DGMM inicia a negociação de mudanças ao projeto do submarino IKL classe 209, com o objetivo de definir o 5º submarino. A HDW transfere tecnologia e treina engenheiros do AMRJ na HDW em Kiel e no Rio de Janeiro, em técnicas de reparo e reforma de submarinos. Objetivo desta transferência de tecnologia é capacitar o AMRJ a efetuar toda a manutenção e reparos da sua frota de submarinos, inclusive as reformas de meia-vida.
1994
O AMRJ entrega o TAMOIO à Força de Submarinos. É o primeiro submarino construído no hemisfério sul. O Consórcio e a MB iniciam as negociações para o 5º submarino, contendo as modificações técnicas projetadas pela MB.
1995
A MB e o Consórcio assinam os contratos para fornecimento de pacotes de materiais e equipamentos para a construção do 5º submarino – TIKUNA. A data de efetivação do Contrato é 25 de setembro de 1995.
1996
O AMRJ lança e conclui a construção do TIMBIRA e dá início aos testes de cais e de mar com apoio técnico da HDW e fabricantes de equipamento alemães. A HDW começa a fornecer conjuntos de materiais e equipamentos do TIKUNA. O AMRJ entrega o TIMBIRA à Força de Submarinos – o segundo submarino construído no Brasil.
1997
O AMRJ inicia a construção de seções do casco resistente do TIKUNA na NUCLEP.
1998
O AMRJ lança e conclui a construção do TAPAJÓ e inicia os testes de cais e de mar com apoio da HDW e fabricantes de equipamento alemães.
1999
O AMRJ entrega o TAPAJÓ à Força de Submarinos – o terceiro submarino construído no Brasil.
2000-2003
O ritmo de construção do TIKUNA é desacelerado, devido a dificuldades orçamentárias referentes a custos locais.
2004
O ritmo de construção do TIKUNA é novamente acelerado. A MB convida o Consórcio a apresentar uma proposta para um novo submarino e modernização dos cinco da classe 209, incluindo financiamento integral.
2005
O AMRJ lança e conclui a construção do TIKUNA e dá início aos testes de cais e de mar com apoio da HDW e fabricantes de equipamentos alemães. O AMRJ entrega o TIKUNA à Força de Submarinos em 16 de dezembro de 2005 – o 4º submarino construído no Brasil com transferência de tecnologia alemã, incorporando consideráveis modificações de projeto realizadas pela Marinha do Brasil.
Com a entrega do TIKUNA a HDW e os demais estaleiros da ThyssenKrupp completaram um total de 43 contratos de fornecimento de conjuntos de materiais e equipamentos com transferência de tecnologia e construção de submarinos em 8 países clientes.