Piratas somalis tomam um dos maiores navios de carga do mundo em mais um incidente na costa africana

sirius_star_ap.jpgDUBAI – Os piratas que capturaram um superpetroleiro saudita com carga estimada em US$ 100 milhões em petróleo ancoraram o navio no litoral da Somália nesta terça-feira, 18. A embarcação pode ser avistada de uma pobre aldeia de pescadores. Enquanto isso, a Marinha dos Estados Unidos e outras forças navais decidiram não intervir, pelo menos por enquanto.
O navio Sirius Star, que ia da Arábia Saudita para os EUA pelo sul da África, foi capturado cerca de 450 milhas náuticas a sudeste do porto queniano de Mombaça, muito distante do Golfo de Áden – longe do “Beco dos Piratas”, como é conhecido o trecho onde muitos navios são raptados. A captura também aconteceu apesar de uma resposta naval na região, incluindo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Européia, para proteger uma das mais importantes rotas marítimas do mundo. Navios de guerra dos Estados Unidos, da França e da Rússia também estão na área.
Sem muitas opções, os proprietários de navios recentemente seqüestrados acabam pagando resgate para reaver cargas, tripulantes e embarcações. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) informou que não desviaria nenhum de seus três navios de guerra no Golfo de Áden. A 5ª Frota da Marinha dos EUA também manifestou não ter a intenção de interceptar o MV Sirius Star.
“Acredita-se que todos os 25 tripulantes a bordo estejam em segurança”, disse a Vela Internacional em um comunicado. “Agora, a Vela espera obter mais contato com os piratas que controlam o navio”. Segundo a Vela, há dois britânicos, dois poloneses, um croata, um saudita e 19 filipinos no navio. A Vela opera a Sirius Star, que é de propriedade da Aramco. O navio, que tem capacidade para transportar 2 milhões de barris de petróleo, foi seqüestrado por piratas somalis no fim de semana.

mvsiriusstar.gif A pirataria tem elevado o custo dos seguros, além de obrigar algumas embarcações a contornarem toda a África em vez de usarem o canal de Suez, elevando os gastos com frete. Os piratas já obtiveram milhões de dólares em resgates nos últimos anos, e agora realizaram um dos ataques mais ousados e espetaculares da história marítima.

A Vela não especificou onde o Sirius Star está ancorado. Andrew Mwangyra, coordenador da Associação de Marinheiros do Leste da África, havia dito que o navio poderia estar na costa de Eyl, vilarejo que é fortaleza dos piratas, na província semi-autônoma de Puntland. “O mundo nunca viu algo assim… Os piratas somalis tiraram a sorte grande”, disse Mwangura, cujo grupo monitora a pirataria há anos.
No litoral somali, a população local olhava maravilha para o imenso navio, que tem 329 metros de proa a popa. Em Atenas, o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Saud Faiçal, qualificou como ultrajante o seqüestro do superpetroleiro e declarou nesta terça-feira que seu país unirá forças a uma campanha internacional para erradicar a pirataria. Nos primeiros comentários do governo saudita sobre o ataque, o príncipe Saud Faiçal qualificou a pirataria como um problema complexo que exige uma reposta internacional. “Este ato ultrajante perpetrado por piratas, penso eu, apenas reforçará a determinação dos países do Mar Vermelho e do resto do mundo para combater a pirataria”, declarou o chanceler saudita. “A pirataria é contra todos. Assim como o terrorismo, trata-se de uma doença que deve ser erradicada.”

Paraíso da pirataria

Acredita-se que ele esteja a caminho do porto de Eyl, onde muitas embarcações seqüestradas ficam ancoradas. O destino do Sirius Star ainda é incerto e muitas informações que estão circulando não foram confirmadas. Uma agência de notícias chegou a dizer que os piratas entraram em contato com a Vela International, empresa que opera o navio, para dar início a uma negociação. No entanto, a empresa não confirmou nem negou a informação, em contato feito pela BBC.
O Secretariado Internacional Marítimo, órgão que faz certificação de companhias navais, disse que outras 13 embarcações estão atualmente seqüestradas na costa da Somália, em negociação de resgate. O seqüestro do navio Sirius Star é visto como inédito, tanto pelo tamanho da embarcação como pelo local.
Segundo pessoas que visitaram Eyl recentemente ouvidas pela BBC, o porto da cidade mudou muito desde que virou um “centro” da pirataria da Somália. No último ano, o local deixou de ser uma pequena vila de pescadores para se transformar em um dos pontos mais ricos da Somália. Apesar de a maioria do dinheiro ganho com pirataria ir para lugares como Dubai e Nairóbi, parte do montante fica na cidade portuária da Somália, onde os jovens que trabalham no ramo são vistos como heróis.
Alguns dos milhões de dólares ganhos com o pagamento de resgates foram gastos na construção de casas luxuosas e na compra de iates. Há relatos de que os moradores de Eyl estão animados com a notícia do seqüestro do Sirius Star. A tripulação de 25 pessoas – entre sauditas, poloneses e britânicos – deve se juntar a outros 200 reféns que foram seqüestrados no último ano.
Os reféns dos navios são mantidos em boas condições, pois são parte importante na negociação do resgate. Alguns reféns chegaram a ser trocados por milhões de dólares. Em geral, eles são bem tratados na Somália. Recentemente, alguns restaurantes especiais surgiram em Eyl especializados em atender apenas reféns que não gostam da comida típica somali.

FONTE: Estadão/Agências Internacionais

Nota do Blog: Petroleiro ou Superpetroleiro esse tipo de navio é classificado como Navio-Tanque, portanto o prefixo correto usado antes do nome é M/T (Motor Tank) e não M/V (Motor Vessel), que é usado para Cargueiros convencionais como os de Carga Geral e Containers.

O navio é liberiano, já que tem o porto de registro em Monrovia (Libéria). Bandeira de conveniência ou não a nacionalidade do navio é dada pela bandeira e não pelo país de origem do Armador proprietário ou operador. Na década de 80 os petroleiros do Kuwait tiveram sua bandeira mudada para norte-americana passando a ficar sob proteção direta das forças da U.S.Navy contra os ataques realizados pelo Irã no Golfo Pérsico, na fase final da Guerra Irã-Iraque.

M/T VLCC SIRIUS STAR
VLCC – Very Large Crude Carrier (Óleo Cru)
IMO 9384198
Bandeira Libéria – Porto de Registro Monrovia – Callsign A8NA7
Construído pela Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering Co Ltd – Geoje, Coreia do Sul
Quilha Batida em outubro de 2007
Lançado ao Mar em janeiro de 2008
Entregue (Incorporado) abril de 2008
Motor: Doosan Engine/MAN-B&W de 39.800 bhp, que aciona um hélice de passo fixo e proporciona uma Velocidade máxima mantida de 17 nós
Deadweight: 319.430 toneladas
Comprimento total: 333 metros e entre perpendiculares 320 metros
Boca: 60 metros
Calado: 21 metros
Possui casco duplo e 17 tanques para transporte da carga.
A sua classe, com pequenas variações em tamanho, e deslocamento começou a ser construída em 2003 e tem encomendas para serem entregues, a vários armadores, até 2013 num total de 61 navios.
Ultimas movimentações do navio desde julho de 2008: Ain Sukhna Terminal (Egito), Juaymah Terminal (Arábia Saudita), Galveston (Texas-EUA), transito Gibraltar, Sidi Kerir Terminal (Egito), Rotterdam (Holanda), transito Estreito de Dover, transito Canal de Suez e Juaymah Terminal, na atual viagem que tinha como destino St.Eustatius (Antilhas Holandesas)

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