Cobaias
Quando a Grécia realizou os primeiros contatos com os alemães para a construção de novos submarinos, uma das opções apresentadas era o novíssimo projeto Tipo 214. Este projeto baseava-se nas experiências das famílias 206/209, nos Dolphin israelenses (lançados entre 1996 e 1998) e no programa do Tipo 212 (ainda no seu início). Por mais que a experiência prévia fosse de grande valia e muito bem fundamentada (até aquele momento a HDW já havia construído perto de 90 submarinos), o 214 era um conceito que, na prática, precisava ser provado. Os gregos aceitaram o desafio.
A França resolveu não mais possuir uma frota de submarinos convencionais (diesel-elétricos) desde que seu último Agosta foi aposentado em 2001. Mesmo assim, seguiu desenvolvendo submarinos para exportação. Assim surgiram os Agosta-90B para o Paquistão e, na seqüência, o “submarino conceito” Scorpène em parceria com a Navantia da Espanha. Assim como a Grécia no caso do Tipo 214, o Chile decidiu apostar no projeto francês e tornou-se o primeiro cliente.
Tanto o Chile como a Grécia pagaram um preço por adquirir projetos de vanguarda (lembrando que a África do Sul foi mais conservadora e adquiriu três Tipo 209 recentemente). Ambos enfrentam problemas. Alguns são largamente conhecidos.
Mas a questão principal é a seguinte. A classe Tipo 214 continua no mercado e participando de concorrências em diversos países. Ou seja, o projeto continua evoluindo (assim como foi o 209 ao longo de sua carreira). Já o Scorpène deverá ser extinto, uma vez que o acordo comercial entre espanhóis e franceses deve terminar ainda este ano e a marca “Scopène” deverá sumir do mercado comercial.
Por este motivo a França (via DCNS e somente ela) lançou no mercado em 2006 uma variação do Scorpène denominada “Marlin”. É um novo conceito também baseado na sua longa experiência. Portanto, a França deve oferecer ao Brasil um “submarino conceito”. Estaremos dispostos a adquirir um conceito e conviver com eventuais surpresas desagradáveis que venham a surgir? Existirão outros clientes para o Marlin ou seremos os únicos?