Paquistão ignora França e vai comprar três submarinos 214
Abandonando a prática anterior de adquirir submarinos franceses, o Paquistão vai comprar três submarinos alemães Type 214.
Walter Freitag, chief executive officer (CEO) da HDW, a maior fabricante de submarinos não-nucleares do mundo, disse à The News do Paquistão no dia 25/11, numa entrevista exclusiva na IDEAS 2008, que a HDW finalizou as especificações técnicas para a Marinha do Paquistão construir três submarinos Type 214 no país.
O contrato comercial está 95% terminado, e em breve deve ser assinado. Esta foi a primeira vez que o negócio bilionário da compra de submarinos pela Marinha do Paquistão foi explicitado.
Anteriormente, na década de 90, o Paquistão havia selecionado três submarinos franceses Agosta 90B, que foram somados a já dois adquiridos. O negócio gerou muita controvérsia na época.
Desta vez, a firma francesa Armaris, ofereceu ao Paquistão três submarinos Scorpène modificados (Marlin), equipados com sistemas AIP, num negócio de mais de US$ 1,2 bilhão.
Entretanto, Walter Freitag não vê nenhum tipo de controvérsia envolvendo o programa anterior da década de 90. Segundo ele, a Marinha do Paquistão entende que os submarinos alemães são os melhores do mundo, rejeitando críticas dos competidores de que a Marinha Grega rejeitou o 214.
No caso da Marinha Grega, um perito neutro foi requisitado e declarou que o submarino está tecnicamente OK e pronto para comissionamento.
O CEO da HDW afirmou que o 214 é mais avançado tecnologicamente que seus concorrentes, pois usa um aço mais avançado na construção, permitindo maiores profundidades de operação. O 214 também possui o sistema de propulsão independente da atmosfera e pode integrar mísseis Sub-Harpoon.
O primeiro submarino será entregue ao Paquistão em 64 meses depois da assinatura do contrato, enquanto os restantes serão entregues a cada 12 meses.
Walter Freitag disse que o Paquistão usará as instalações do Karachi Shipyard para construir os 214 um upgrade mínimo será necessário. Ele também disse que o 214 é feito 100% na Alemanha e não há risco de embargo ao Paquistão em qualquer situação.
Enquanto isso, especialistas disseram ao The News que a decisão de adquirir o 214 ao invés de comprar o “Marlin” não ocorreu só porque o modelo é mais avançado, mas também pelo grande número de 214 já comprados por outras marinhas, o que evitará no futuro o problema com peças de reposição.
Walter Freitag disse também que a Turquia vai adquirir seis Type 214 e a Coréia do Sul também já encomendou mais seis submarinos, que vão somar-se aos três já comprados.
Portugal comprou dois, ou seja, o apoio logístico ao 214 nos próximos 30/35 anos não será grande preocupação.
NOTA DO BLOG: Mais uma vez a experiência tem mostrado que os países que tinham optado pela transferência de tecnologia francesa na área de submarinos estão voltando atrás ( a Índia também), e partindo para a solução alemã.
Já o Governo do Brasil, vai em sentido contrário, depois de 25 anos de absorção de tecnologia alemã pela Marinha do Brasil, que permitiu a construção de quatro submarinos bem-sucedidos.
Em Portugal, o submarino francês também foi derrotado pelo modelo alemão em todos os requisitos: operações, tecnologia e logística, custo de manutenção, preço de aquisição, prazo de entrega, garantia e assistência técnica.
Fotos: HDW