36 horas salvando vidas na Amazônia
No dia 19 de outubro, o Nash Oswaldo Cruz seguia com seu ritmo normal de atendimento no Rio Xingu.
Duas comunidades carentes haviam sido atendidas no período da manhã com a ajuda da aeronave UH-12, pois a seca no rio prejudicava o acesso às comunidades por lancha. No período da tarde o Navio atracou na cidade de Senador José Porfírio, onde seria realizado, a bordo do navio, o atendimento ambulatorial aos moradores de uma cidade de 15.000 mil habitantes e que não tem médico.
Parte da equipe médica já havia tocado licença quando, o enfermeiro da cidade solicitou ajuda ao navio, pois ocorrera um acidente com um pau de arara que estava transportando 15 pessoas e mais material de construção, que capotou em uma estrada de terra, havendo notícia de feridos graves.
A equipe médica do navio foi acionada e imediatamente transportou todo o aparato de medicina de campanha para o posto de saúde local, que foi transformado num hospital de base com capacidade de operar como UTI (semi-intensiva) e centro cirúrgico de pequeno porte.
Foram atendidas as 15 vitimas, dentre elas, duas em estado grave e sendo que uma necessitava ser removida para um hospital com mais recursos.
A cidade mais próxima ficava há 8 horas de viagem por terra e água. A equipe médica decidiu que o paciente não tinha condições de remoção imediata, face o tempo de viagem. Decidiram então que o mesmo seria estabilizado e controlado durante toda a madrugada e transportado na manhã seguinte pela aeronave UH-12 Esquilo, pertencente ao 3° Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (Esqud. HU-3 “Tucano”), do DAE do navio, uma vez que as aeronaves não voam a noite.
Enquanto isso os outros pacientes foram tratados no próprio local, com suturas e pequenas cirurgias, tudo realizado pelos quatro médicos do navio.
Às 6h do dia 20, a aeronave decolou do NAsH e seguiu para a cidade de Altamira, num vôo de aproximadamente 30 min. a 2.000 pés, levando a bordo o paciente e mais a sua tripulação, que foi composta por um médico, o fiel e o piloto.
No aeroporto de Altamira, uma ambulância do SAMU já aguardava pelo pouso da aeronave para remover o paciente para o hospital.
Durante todo o tempo, a equipe ainda manteve o atendimento ambulatorial e odontológico, totalizando 279 atendimentos no dia.
Após o termino dos atendimentos, quando o Navio já se preparava para suspender, uma mãe desesperada apareceu com uma criança de 2 anos que aspirara uma semente de Pau- brasil e corria risco de vida iminente. O objeto foi retirado pela equipe médica do Navio e a menina salva. Isso já eram 22:00Hs do dia 20 de outubro.
Entre os dias 19 e 20 de outubro, a equipe de médicos e enfermeiros do NAsH Oswaldo Cruz, trabalhou ininterruptamente durante 36 horas, nas mais variadas condições, no mais hostil dos ambientes e valendo-se de todos os instrumentos que estavam ao seu alcance, de bisturis a ataduras, ou até mesmo da aeronave do navio, tudo para salvar a vida de alguns brasileiros, invisíveis para a maioria da sociedade, mas não para a Marinha do Brasil.
O cumprimento com pleno êxito desta missão, justificou o lema do Candiru da Amazônia:
“Saúde onde houver Vida.”
Nota do Blog: Agradecemos ao NAsH Oswaldo Cruz, pela oportunidade de contar um pouco, do que estes aguerridos Marinheiros fazem todos os dias pelos brasileiros ribeirinhos da Amazônia, BRAVO ZULU U-18 Oswaldo Cruz e HU-3!
Fotos: NAsH Oswaldo Cruz.