PEQUIM – A China, que vai enviar navios para combater a pirataria na costa da Somália, anunciou nesta terça-feira a intenção de construir um porta-aviões, o que deve preocupar seus vizinhos.

“Porta-aviões são um símbolo do poderio geral de uma nação, bem como da competitividade da força naval de um país”, disse o coronel Huang Xueping, porta-voz do ministério da Defesa Nacional, a jornalistas.

“A China tem um grande território marítimo. É uma responsabilidade sagrada das nossas forças armadas proteger nosso território marítimo e manter nossa soberania marítima, nossos direitos e interesses. A China, levando em conta todos os fatores relevantes, vai pesquisar seriamente e considerar (a hipótese de construir um porta-aviões).”

Estados Unidos, Japão e Taiwan, entre outros, vêem com preocupação o aumento dos gastos militares chineses. Taiwan, que a China considera ser uma “província rebelde” a ser retomada pela força, se necessário, reagiu com cautela.

“Precisamos fazer alguma pesquisa antes que possamos julgar se (o porta-aviões) será dirigido para Taiwan”, disse Chih Yu-lan, porta-voz do Ministério da Defesa.

Há anos os militares chineses pleiteiam um porta-aviões, mas raramente fazem declarações públicas nesse sentido.

A imprensa de Hong Kong diz que a China poderia construir seu primeiro porta-aviões até 2010.

As declarações surgem num momento de relativa tensão militar entre Washington e Pequim, e num momento em que a China prepara o envio, na sexta-feira, de dois destróieres e um navio de abastecimento para o golfo de Aden, onde participarão dos esforços internacionais contra a pirataria.

Fontes de Defesa dos EUA elogiaram na semana passada a missão chinesa na Somália e disseram torcer para que sirva de “plataforma” para retomar os contatos com Pequim, que a China suspendeu em outubro em protesto contra uma venda de armas de 6,5 bilhões de dólares para Taiwan.

Huang, porém, disse que os militares têm de se empenhar mais na melhora das relações.

“No momento as relações militares entre China e Estados Unidos têm algumas dificuldades, mas a responsabilidade não está com o lado chinês”, disse ele.

“Esperamos que o lado norte-americano leve a sério as grandes preocupações e os interesses do lado chinês… e adote medidas concretas para criar condições para que as relações militares se recuperem.”

Os Estados Unidos reconhecem o regime comunista chinês desde 1979, mas uma lei norte-americana obriga Washington a ajudar Taiwan na sua defesa.
(Reportagem adicional de Ralph Jennings in Taipei)

FONTE: Reuters Brasil

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