100 anos de submarinos alemães – última parte
O futuro da tecnologia de submarinos
Clicando no gráfico acima pode-se ver o mind map das tecnologias de submarinos em desenvolvimento pela TKMS (ThyssenKrupp Marine Systems) alemã, companhia que é resultado da fusão dos grupos ThyssenKrupp Werften e HDW, ocorrida em 2005.
O braço da TKMS responsável pelo desenvolvimento de submarinos é a HDW, juntamente com a Kockums sueca, que agora também faz parte do grupo. Nos últimos 45 anos, a experiência alemã e sueca na construção de submarinos se traduz em mais de 160 unidades, de 15 classes diferentes. Destacam-se no portfólio desses submarinos a classe 209, a classe “Gotland” dotada de propulsão AIP Stirling e as 212/214, com AIP Fuel Cell.
Quando a HDW começou a desenvolver a classe 214, a Guerra Fria tinha acabado. As questões geopolíticas se alteraram grandemente, com a ênfase das operações navais recaindo sobre o gerenciamento de crises e a prevenção de conflitos.
Essa mudança de cenário, teve grande impacto no planejamento das operações navais e na demanda por novos submarinos. Calcula-se que 80% de todas as regiões com potencial de crises e de conflito, estão em áreas costeiras ou no máximo a 100 milhas da costa, ou seja, em ambientes ideais para a operação de submarinos não-nucleares.
Submarinos nucleares ficam mais vulneráveis em tais ambientes, por causa do seu maior deslocamento, maior nível de ruído e menor mobilidade vertical.
Os submarinos convencionais, por sua vez, estão aptos a operar em áreas de pequena profundidade, com baixíssimos níveis de ruído, sem comprometer demais sua mobilidade. Pesados investimentos em tecnologia estão sendo feitos nas áreas de propulsão, armamento e sensores para tornarem os submarinos não-nucleares cada vez mais aptos a realizarem as novas tarefas da Nova (Des)Ordem Mundial.
Avanços na tecnologia de propulsão
Além do aperfeiçoamento do motor closed-cycle diesel (CCD) Stirling, está sendo desenvolvido um Reformador de Metanol, para aumentar a eficiência da propulsão AIP Fuel Cell, que combina oxigênio e hidrogênio para produzir eletricidade. O reformador de metanol produz gás hidrogênio puro e dióxido de carbono, pela reação de metanol e água (vapor). A principal vantagem do reformador num sistema Fuel Cell é que ele substitui o armazenagem de hidrogênio em metal hidrido, por metanol líquido, com grandes vantagens logísticas e aumento de alcance. Abaixo, um reformador em testes.
Somando-se ao aperfeiçoamento dos sistemas de propulsão, estão sendo desenvolvidas as baterias de íons de Lítio (Li-ion), que oferecerão 4 vezes mais densidade de energia que as atuais de chumbo-ácido. As baterias Li-ion têm melhor ciclo de durabilidade, permitindo recargas mais rápidas e pesam muito menos.
Estão sendo feitos estudos de novos shapes para os cascos, novas configurações nas superfícies de controle e o emprego de materiais compostos nos hélices, visando uma discrição cada vez maior.
O conceito de carga útil flexível
O novo conceito de carga útil flexível está sendo desenvolvido para habilitar os futuros submarinos a operar com os seguintes recursos:
- Integração com UUV e ROV
- Lançamento de forças especiais (Commandos)
- Grupo de abordagem
- Operações com mergulhadores
- Torpedos leves anti-submarino
- Novos sensores e antenas
- Sistemas de comunicação
- Mísseis
- Combustível adicional
- Carga adicional
- Contramedidas
- Integração com UAV
Além dos tubos horizontais, também está sendo desenvolvido um tubo vertical para o lançamento/armazenamento de mísseis de cruzeiro, minas, equipamento de mergulho, óleo extra ou UUVs.
A TKMS, através da Kockums sueca, está oferecendo esses novos conceitos para o programa de submarinos australianos Sea 1000, cujo desenho preliminar pode ser visto abaixo.
Novas armas
O IDAS é um míssil antiaéreo baseado no IRIS-T, com 20 km de alcance, guiado por fibra ótica. A arma proverá a capacidade de abater helicópteros anti-submarino que estejam “dipando” seu sonar, bem como a capacidade de atacar pequenos alvos de superfície, que não compensem o uso de um torpedo pesado (ameaças assimétricas, por exemplo). Quatro mísseis podem ser instalados num tubo de torpedo padrão de 533mm, num sistema tipo revólver (foto abaixo).
As tecnologias ora em desenvolvimento permitirão aos submarinos não-nucleares ficarem submersos por períodos de tempo muito mais longos, com um armazenamento muito mais eficaz da energia, utilizando essa energia de forma mais eficiente. Eles serão mais versáteis, mais silenciosos, com capacidade de combate escalável, de acordo com o grau de ameaça.
Isto permitirá que o submarino seja a ferramenta principal para a segurança marítima, especialmente quando o foco das operações for a discrição.