Há demanda reprimida para dois novos estaleiros, segundo estudo da USP

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O Brasil tem demanda reprimida para a instalação de dois novos estaleiros. Levantamento realizado pelo Centro de Estudos em Gestão Naval (CEGN), ligado ao Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), aponta que falta ao País capacidade de construção de seis a oito embarcações por ano, especialmente devido aos pedidos feitos pela Petrobras. Existe atualmente demanda consolidada de 14 navios de apoio portuário até 2020, ao passo que a capacidade de construção do País para este tipo de embarcação é de apenas 11. Há ainda pedidos e licitações concluídas para aquisição de cargueiros e sondas para exploração offshore.

A discussão em torno desta carência por embarcações ocorreu durante o workshop Construção Naval para Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural no Litoral Paulista, que reuniu autoridades, pesquisadores e empresários do setor, no último mês, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo. Durante o encontro, os participantes propuseram soluções para que a Baixada Santista atraia novas plantas da indústria naval. A proximidade com a Cosipa, maior fabricante nacional de aço naval, proporciona ganho de competitividade às cidades do Litoral Paulista, em uma possível queda de braço com outras regiões do estado ou do País.

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As condições naturais do estuário, com águas abrigadas e boa profundidade de navegação, ­ também contam a favor. No entanto, a inexistência de áreas com tamanho suficiente para receber este tipo de empreendimento no canal onde está instalado o Porto de Santos é, hoje, o principal entrave. “A demanda de espaço é de 120 mil metros quadrados, em média, para cada um desses estaleiros. Eu não sei quais das áreas são propícias na Baixada”, afirmou o coordenador do estudo da USP, Marcos Pinto. Para ele, “certamente” seria possível a adequação de glebas também na Área Continental de Santos ­ mas seria necessário mais tempo para a viabilização. “Falta o estado atrair o estaleiro. Santos ficou com o estigma de dificuldades ambientais. Agora existe uma nova postura, um tratamento muito profissional da questão eacho que o quadro vaise reverter em pouco tempo”.

O coordenador-executivo da Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural do Estado de São Paulo (Cespeg), José Roberto dos Santos, por sua vez, praticamente descarta a instalação de estaleiros na Baixada Santista. “Para construir plataformas e sondas, por exemplo, que são as construções navais com maior valor agregado, é necessária uma área maior. Na Baixada há áreas menores, com 200 mil a 300 mil metros quadrados. Não há como colocar um estaleiro lá”. Para o representante do Cespeg, o Porto de Santos é ideal para receber um estaleiro especializado na construção de navios de apoio a plataformas para exploração de petróleo e gás, como o da Wilson, Sons, que opera na Margem Esquerda ­ único em funcionamento no Estado. A região poderia ainda receber unidades de reparos navais e de montagem.
Na tentativa de viabilizar empreendimentos, a equipe da Cespeg tem acompanhado visitas de empresários interessados em plantas para o setor naval a Santos, Cubatão e, em menor escala, a Guarujá. “Existe um grupo de empresas interessadas. Por isso, estamos buscando áreas nessas cidades, de preferência alfandegadas e fora do porto organizado”, de acordo com Santos.

Fonte: Santos Export

Fotos, via NMB (site Navios Mercantes Brasileiros, hospedado no Poder Naval  Online): Rogério Cordeiro – construção do PSV Saveiros Fragata, no estaleiro Wilson, Sons (Guarujá – SP) citado na matéria; Luis Felipe G. Vaz – PSV Saveiros Fragata em Santos – SP.

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