USS Spruance DD-963 em 1987, com VLS instalado no lugar do ASROC

USS Spruance DD-963 em 1987, com VLS instalado no lugar do ASROC

USS Spruance DD-963
USS Spruance DD-963

Existem classes de navios de guerra que depois de desativadas, são facilmente esquecidas. Mas outras, deixam sua marca por gerações. A classe “Spruance” de destróieres foi revolucionária quando entrou em serviço na década de 1970, para substituir os veteranos das classes “Allen M. Sumner” e “Gearing”, construídos durante a Segunda Guerra Mundial.

A classe “Spruance” gerou muita controvérsia, inicialmente pelo seu deslocamento: 8.000 toneladas, mais do que o dobro dos antigos destróieres. As críticas também eram dirigidas ao armamento do navio, considerado fraco para o seu porte. Mas os anos foram passando, e novos armamentos e sensores foram sendo adicionados, mostrando que o conceito do navio com “folga para crescimento” estava correto.

Os “Spruances” inauguraram a nova filosofia da US Navy na construção de grandes cascos de forma modular, com superestruturas maciças e o máximo de volume interno. O sistema de máquinas era de manutenção simples, usando somente turbinas a gás LM2500. A nova filosofia visava minimizar os custos da plataforma, em favor de maiores gastos com o sistema de armas.

Inicialmente a nova classe de destróieres tinha como objetivo clássico a caça de submarinos. Para isso eram equipados com o poderoso sonar AN-SQS-53A/B, uma evolução do AN-SQS-26 e o lançador “caixa” de foguetes anti-submarino ASROC. Mais tarde esse lançador foi retirado e em seu lugar se instalou um lançador VLS Mk.41 de 32 células, permitindo aos “Spruance” dispararem mísseis Tomahawk, ampliando o leque operacional do navio, possibilitando aos mesmos realizarem ataques terrestres.

Durante a Operação “Tempestade no Deserto”, os “Spruance” dispararam 112 mísseis Tomahawk.
Dois helicópteros LAMPS SH-2F Seasprite eram usados para localizar e atacar contatos detectados pelo sonar de bordo de longo alcance. O Seasprite foi depois substituído pelo SH-60B Sea Hawk (LAMPS III).

Destróieres classe Spruance em construção
Destróieres classe Spruance em construção

USS Spruance DD-963 em 1987, com VLS instalado no lugar do ASROC
USS Spruance DD-963 em 1987, com VLS instalado no lugar do ASROC

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As primeiras unidades entraram em serviço sem os mísseis Sea Sparrow e Harpoon, que foram instalados posteriormente, juntamente com o sistema de ESM SLQ-32 e os lançadores de chaff SRBOC Mk.36. Todos os navios receberam também dois CIWS Phalanx de 20mm e blindagens plásticas de kevlar para proteger os espaços vitais.

O sucesso do projeto foi tamanho, que foi usado como base para a classe de cruzadores Aegis “Ticonderoga” e a classe “Kidd” de destróieres antiaéreos.

Em 1998, com a mudança de ênfase estratégica da US Navy, da guerra anti-submarino para o ataque terrestre, os “Spruance” começaram a ser  desativados e, em 2005, o último dos 31 navios saiu de serviço, a maior parte deles sendo usada como alvo em exercícios de tiro. Muitos navios tinham pouco mais de 20 anos de serviço! Algumas unidades chegaram a ser oferecidas a marinhas amigas, inclusive a do Brasil, mas o alto custo operacional impossibilitou sua transferência.

Quem esteve a bordo de um “Spruance” ou teve a oportunidade de operar com eles, certamente não vai se esquecer e é uma pena que nenhum deles tenha sido adquirido pelo Brasil ou outro país.

Somente uma unidade da classe permanece (Paul F. Foster), como plataforma de testes para sistemas de armas.  Abaixo, a tabela com os “Spruances” e seu destino.

Nome Nr. Base Situação Atual
USS Spruance DD963 Mayport / FL Afundado como alvo no Atlântico
USS Paul F. Foster DD964 Everett / WA Plataforma de testes – Port Hueneme / CA
USS Kinkaid DD965 San Diego / CA Afundado como alvo no Pacífico
USS Hewitt DD966 San Diego / CA Desmantelado e vendido como sucata no Texas
USS Elliot DD967 San Diego / CA Afundado como alvo no Pacífico
USS Arthur W. Radford DD968 Norfolk / VA Reserva – Philadelphia / PA – destino incerto
USS Peterson DD969 Norfolk / VA Afundado como alvo no Atlântico
USS Caron DD970 Norfolk / VA Afundado como alvo no Atlântico
USS David R. Ray DD971 Everett / WA Afundado como alvo no Pacífico
USS Oldendorf DD972 San Diego / CA Afundado como alvo no Pacífico
USS John Young DD973 San Diego / CA Afundado como alvo no Pacífico
USS Comte De Grasse DD974 Norfolk / VA Afundado como alvo no Atlântico
USS O`Brien DD975 Yokosuka Afundado como alvo no Pacífico
USS Merrill DD976 San Diego / CA Afundado como alvo no Pacífico
USS Briscoe DD977 Norfolk / VA Afundado como alvo no Atlântico
USS Stump DD978 Norfolk / VA Afundado como alvo no Atlântico
USS Conolly DD979 Norfolk / VA Reserva – Philadelphia / PA – destino incerto
USS Moosbrugger DD980 Mayport / FL Desmantelado e vendido como sucata no Texas
USS John Hancock DD981 Mayport / FL Desmantelado e vendido como sucata no Texas
USS Nicholson DD982 Mayport / FL Afundado como alvo no Atlântico
USS John Rodgers DD983 Mayport / FL Desmantelado e vendido como sucata no Texas
USS Leftwich DD984 Pearl Harbor / HI Afundado como alvo no Pacífico
USS Cushing DD985 Yokosuka Afundado como alvo no Pacífico
USS Harry W. Hill DD986 San Diego / CA Afundado como alvo no Pacífico
USS O`Bannon DD987 Mayport / FL Afundado como alvo no Atlântico
USS Thorn DD988 Norfolk / VA Afundado como alvo no Atlântico
USS Deyo DD989 Norfolk / VA Afundado como alvo no Atlântico
USS Ingersoll DD990 Pearl Harbor / HI Afundado como alvo no Pacífico
USS Fife DD991 Everett / WA Afundado como alvo no Pacífico
USS Fletcher DD992 Pearl Harbor / HI Afundado como alvo no Pacífico
USS Hayler DD997 Norfolk / VA Afundado como alvo no Atlântico

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COLABOROU: Franz Neeracher

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KURITA

Que tristeza ler essa matéria , eu posso dizer que visitei o primeiro da classe DD963 SPRUANCE em 1985 aqui na pça maua no RJ qdo era costume de vez em qdo essas visitas , no auge dos meus 17 anos de idade , bons tempos que não voltam mais e pensar que dois destes foram oferecidos a MB e seus integrantes inteligentes o recusaram.

Almeida

quem pode joga fora no fundo do mar… quem nao pode recusa! inacreditavel!

Marcelo Ostra

Realmente quem visitou não esquece

1983 – Conolly + Scott (Kidd)

1984 – Stump

1986 – Hayler – o último US Navy a vir em Santos since …

Simplesmente maravilhosos !

MO

Ivan

Navios impressionantes e muito úteis.
Não creio que a guerra anti-submarino acabou. Ficou temporariamene mais próxima do litoral, mas vai continuar, de forma descentralizada, com múltiplas ameaças.
Estes navios farão falta.
Bem que eu gostaria de ter visto alguns com a bandeira brasileira…

Coralsea

Oi Galante

Só uma correção no exelente artigo:
Nem todos receberam o upgrade com o VLS mk 41….7 deles receberam aquelas “caixas” para lançarem os Tomahawk.
Os 7 sem o VLS foram os:
974, 976, 979, 983, 984, 986, 990
Tive a oportunidade de visitar 11 deles….boas lembranças!

marujo

Se não me engano, o custo mensal de manutenção de um navio desses era de US$ 26 milhões anuais. Realmente muito para nossa capacidade financeira.

airacobra

ainda tem o USS Conolly e o USS Arthur W. Radford na reserva, ainda há esperança, pq sao otimos navios e ainda nao estao defazados dentro do conceito da guerra naval moderna
seria um otimo tapa buraco, bem melhor do que os type 42 defendidos por alguns

lembro de ter operado com o USS Moosbrugger na unitas 39 em 1998, tbm tinha uma lembrança dele, um isqueiro zippo que comprei por U$10 mas que um “amigo” me afanou em 2001, pra depois perder sem saber o valor simbolico do souvenir.
mas fazer oq né
otimos navios

airacobra

* …sem saber o valor simbolico e historico…

Wolfpack

Sem comentários o fato do Brasil não ter aproveitado a chance de compra destes Destroiers. Para a MB parece mais importante sair bem na foto com o NAe São Paulo do que manter realmente uma eficiente Marinha de Combate/Defesa. Se gasta demais com projetos megalomaniacos nas Força Armadas.

Jairo

Wolfpack, até concordo que o projeto do SubN, como esta sendo gerido, é megalomaniaco; mas quais os outros projetos do EB ou da FAB que vc incluiria nesse nível, confesso que pensei e não lembrei de nenhum.

GHz_Brasil

O pessoal que lamenta a não-obtenção de navios da classe Spruance pela MB se esquece de que foram oferecidos na mesma época em que se dava baixa nos CT Paraíba, Paraná, Pernambuco, e na Fragata Dodsworth, pela simples falta de recursos para mantê-los. Se tal aquisição se materializasse, hoje estariam reclamando que os navios viajariam pouco (haja combustível para 4 turbinas a gás), e que seus sistemas “caixa-preta” estariam no estado-da-arte da década de 80 (sem modernização), quando não degradados por obsolescência logística. E a linha logí$tica para as granadas de 127mm (diferentes das dos CT classe Pará)? Na minha… Read more »

Alexandre Galante

GHz, o pessoal do Poder Naval Online lamenta a não-obtenção dos “Spruance” mais pelo lado emocional, porque eles foram um marco na história. Mas racionalmente concordamos que estes navios não aumentariam o Poder Naval do Brasil.
Se tivéssemos realmente condições de operar navios desse porte, melhor seria a opção pelos “Kidd” de defesa aérea, que foram transferidos para Taiwan.

JACUBÃO

É uma situação complicada. Tem suas vantagens e desvantagens, mas não podemos negar que os SPRUANCE, foram magníficos navios de guerra, aqueles do tipo que faz qualquer marinho do mundo cagar nas calças só de pensar em ter que enfrentá-los. Mas a vida continua, tôda veloc a frente, pois o futuro nos espera.

Agora, cá entre nós.
Nossos hermanos Argentinos iriam morrer de inveja se a MB tivesse us quatro desses em operação e principalmente, MODERNIZADOS.

Um forte abraço a todos.

Rodrigo

O Brasil planeja construção ou compra de oportunidade de corvetas e fragatas para esse ano de 2009?

JACUBÃO

Acho que não meu caro Rodrigo.
acredito (opinião minha) que a MB irá recuperar os atuais escoltas, para manter a fôrça, até que cheguem os escoltas de 6000T.

Noronha

meu caro jacubão voce deze esta falando das escoltas de 500 ton. (canhoneiras). tudo pela patria

Wilson Johann

Nação rica é isso. Eles botaram mais navios no fundo do mar, servindo como alvos, do que todo o orçamento de defesa do Brasil nos (descontando o custeio, é lógico) últimos dez anos.
Que diferença.

Abraços!!

JSilva

🙁 , 🙁 , 🙁

Wolfpack

Não concordo neste momento com a manutenção em operação do NAe São Paulo. Devemos decidir se devemos ter ou não uma capacidade aero-naval que ultrapasse os limites náuticos de nosso Território. Os Porta-Aviões servem para marinhas como a Americana que deseja uma tranferência de poder Global, com todos seus custos enlvovidos. A experiência Argentina na Guerra das Malvinas se provou frustrante, pois após a perda do General Belgrano, se recolheu para águas mais rasas. O foco ao meu ver deve ser uma força maior de submarinos de ataque, com capacidade aérea em bases no litoral. A cultura dos Porta-Aviões é… Read more »

Alexandre Assemany

A verdadeira oportunidade foi perdida com a Classe KIDD.

Infelizmente.

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[…] dia 29.04, foi realizado o exercício de tiro real contra o casco do ex-USS Connolly, destróier da classe “Spruance”. Há muitos anos, o Connolly esteve no Brasil e foi visitado por alguns editores deste blog. É uma […]

CELIO ANDRADE

o ultimo que sobrou nao poderia vir pra MB?

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[…] “pacote” consistia de 2 destróieres da classe “Spruance” (foto abaixo), 4 fragatas OHP, um navio-tanque “Cimarron”, mais um LST da classe […]