França quer aumentar ainda mais as exportações de armas
O apoio político do Governo ajuda a indústria de Defesa francesa a alcançar seus melhores resultados na exportação, nos últimos oito anos
A França exportou € 6,2 bilhões (US$ 8,1 bilhões) em armamentos em 2008, passando os € 5,5 bilhões ($ 7,3 bilhões) de 2007, segundo o ministro da Defesa Hervé Morin disse na semana passada no Air and Space Museum, em Le Bourget, durante encontro de Ano Novo com as indústrias de defesa.
Morin também afirmou que França ultrapassou a sua meta planejada de € 6 bilhões e pretende continuar a aumentar as exportações em 2009. Embora 2008 tenha sido o melhor ano desde 2000, ele vê ainda potencial na Indústria de Defesa francesa nos planos para superar Grã-Bretanha como o maior exportador de armas da Europa deste ano. Morin acrescentou que a França poderia chegar a US $ 9 bilhões em exportações de armas até 2010.
Rafale
Um dos principais pilares das exportações francesas militares neste ano poderá ser o avião de combate Dassault Rafale. A aeronave não foi exportada ainda, no entanto, têm potencial em vários países. O Rafale é um competidor para a Força Aérea Indiana como aeronave de combate de médio porte (MMRCA), com possibilidade de vendas de 126 aeronaves. O Rafale também poderia ser a opção preferida para a Suíça no Programa de substituição parcial dos Tiger (ETT) e no Programa F-X2 do Brasil. Os suíços terão mais de 25 novas aeronaves em sua primeira aquisição, enquanto o Brasil tem a intenção de comprar 36 aviões, para substituir seus caças Mirage 2000. Um potencial contrato pode ser de cerca de € 1,5 bilhões (US$ 1,9 bilhões) na Suíça e mais de € 1,9 bilhões (US$ 2,5 bilhões) no Brasil. No entanto, a oportunidade mais atraente é a Índia, valendo mais de € 7,6 bilhões (US$ 10 bilhões).
Além disso, a Líbia e os Emirados Árabes Unidos têm sinalizado forte interesse no caça francês.
Helicópteros
A Eurocopter baseada na França (uma empresa 100% EADS), tem sido muito bem sucedida em exportação. Cougar, Dauphin, Puma, Pantera, NH90 e Tiger são todos populares e as exportações estão em andamento, para forças armadas de todo o globo.
Navios de guerra
Um produto muito bem sucedido é a exportação de submarinos diesel-elétricos de ataque classe “Scorpène”, construído conjuntamente pela DCNS francesa e espanhola Navantia. O Scorpène foi encomendado pela Marinha Chilena (2), Marinha Real da Malásia (2), Marinha da Índia (6), Marinha do Brasil (4).
A DCNS também está desenvolvendo conjuntamente a Fragata FREMM multimissão, com a empresa italiana Orizzonte Sistemi Navali (uma joint venture entre as empresas aeroespacial e naval Fincantieri e Finmeccanica). A Marinha do Marrocos é o primeiro cliente de exportação desta fragata, que também pode ser uma possibilidade para a Marinha da Grécia, que tem necessidade de seis (4 +2) fragatas. Mas analistas de Defesa, no entanto, não veem qualquer possibilidade da Grécia comprar navios caros agora, uma vez que estão tendo dificuldade para pagar compras feitas anteriormente, como o submarino alemão U214.
Apoio político
Na sua declaração, Morin também salientou que as aquisições de defesa são uma questão política que tem de ser apoiada por uma política do país. “As decisões de compra de um país dependem da qualidade do produto e do preço, mas também é um ato político. Tem de haver, simultaneamente os dois aspectos: industrial e político. Se estiver faltando um, a nossa posição é enfraquecida”, disse ele.
Neste contexto, o governo francês realizou uma reforma dos procedimentos de exportação, com as licenças de exportação agora podendo ser processadas em menos de 40 dias, que antes eram de 80 dias. Foi criado também uma task force de vendas de alto nível, com o objetivo de ajudar a indústria de defesa a melhorar seus produtos.
Estes são apenas alguns sinais da administração do Presidente Nicolas Sarkozy no forte apoio à indústria de defesa nacional. Muito mais importante é a participação pessoal do presidente Sarkozy, que fala diretamente com os Chefes de Estado de todo o mundo, para fornecer os produtos de defesa franceses, englobando nestes contratos militares outros contratos tecnológicos civis. Isto leva a França a uma situação bastante vantajosa, uma vez que países como o Brasil e a Índia estão interessados na tecnologia no “estado-da-arte” de ferrovias a centrais nucleares, e infra-estruturas civis.
FONTE: DefPro
NOTA DO BLOG: Seria muito bom se o Governo brasileiro aprendesse a apoiar a Indústria de Defesa nacional, como faz a França. O Brasil sempre quis bancar o bom moço nas Relações Internacionais e deixou suas indústrias de Defesa lutarem sozinhas no agressivo mercado internacional, sem nenhum apoio político. Vejam o que aconteceu com a Engesa, Bernardini, Avibrás etc.
Parece que agora as coisas começam a mudar, mas falar em exportação de armas num “país pacífico”, ainda é um tabu. Um exemplo recente ocorreu na feira aeroespacial FIDAE 2008, quando, segundo algumas fontes, houve silêncio da Embraer por pressão do Governo brasileiro, sobre a atuação dos Super Tucano da Colômbia no ataque aos guerrilheiros das FARC. Milagrosamente a Embraer ainda continua vendendo o Super Tucano, porque o produto é muito bom, apesar do anti-marketing do nosso Governo.