SNB envolverá mais de 30 empresas nacionais, segundo almirante
Nas próximas semanas o Brasil deverá assinar com a França mais um acordo que irá prever a exata porcentagem de participação nacional na fabricação dos submarinos nucleares a serem aqui produzidos. A previsão é que todo o sistema para a geração do combustível nuclear necessário fique pronto em 2014 e o submarino em 2021. A afirmação foi feita pelo contra-almirante da Marinha Carlos Passos Bezerril em entrevista concedida com exclusividade ao DCI.
Até o momento, mais de trinta empresas brasileiras já estariam sendo contatadas e envolvidas no projeto, segundo o almirante. Elas iriam contribuir com a produção de mais de 36 mil itens, inclusive sistemas complexos, e esse volume pode ser ainda maior. Estão previstos ainda, o projeto e a construção de um estaleiro especialmente dedicado à construção dos submarinos nucleares.
Geração de energia
Além de fomentar a indústria nacional com a produção de itens, o submarino nuclear pode trazer mais vantagens para a indústria brasileira, segundo informações do contra-almirante. Em um prazo de cinco anos, as indústrias brasileiras poderão usufruir de tecnologia local para o enriquecimento de urânio e, a partir daí, desenvolver projetos (incluindo os do setor privado) com base em mais uma fonte de geração de energia.
“Temos de pensar que essa [nuclear] é uma fonte limpa de energia, e competitiva. É claro que o Brasil é muito rico em energia hídrica, mas é um recurso também finito. Precisamos pensar em todas as formas de geração”, destacou o almirante.
O projeto prevê que até 2015 o País seja autossuficiente no enriquecimento do urânio e também na geração de energia a partir do mesmo. “Nosso lema é ‘tecnologia própria é independência'”, afirmou o almirante.
O Brasil integra o seleto grupo de países capazes de enriquecer urânio, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica. “Somos a sexta maior reserva de urânio do mundo, e podemos nos tornar a primeira se levarmos em consideração que apenas 25% do território nacional foi prospectado até agora”, afirma Bezerril.
Programa Nuclear
De acordo com o almirante, a primeira parte do Programa Nuclear da Marinha, que vem executando desde 1979, foi atingida. Ela visava capacitar o País a dominar o ciclo do combustível nuclear. Resta agora a conclusão da planta nuclear de geração de energia elétrica, incluindo-se aí a confecção do reator nuclear.
O custo total dessa parte do projeto, de acordo com o almirante, é de cerca de R$ 1,040 bilhão que seriam distribuídos ao longo de oito anos a contar a partir de 2007 (aproximadamente R$ 130 milhões por ano).
Tratado com a França
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, assinaram em 23 de dezembro um Plano de Ação de Cooperação Estratégica entre França e Brasil, por meio de acordos com ênfase nas áreas militar e de meio ambiente. Os acordos incluem, na área militar, além da construção do submarino nuclear, a compra do Brasil de quatro submarinos Scorpéne da França. Também prevê a construção de 50 helicópteros, que serão montados no Brasil, com tecnologia francesa em conjunto com a Embraer (sic).
De acordo com pronunciamento de Lula, à época, a energia nuclear para a Marinha é essencial, porque o Brasil tem 4,5 milhões de quilômetros quadrados para defender.
“Nós precisávamos da tecnologia nuclear. Para a defesa, que é o submarino, e para a produção de energia elétrica”, disse o presidente Lula.
Hoje o almirante Bezerril dará a empresários mais detalhes sobre o programa de energia nuclear, pois ele será o palestrante do Fórum de Temas Nacionais da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB-SP).
O evento dá início ao calendário de Fóruns de Debates Político e Empresarial da entidade, que reúnem centenas de empresários de diversos segmentos da economia em São Paulo.
FONTE: DCI
NOTA do BLOG: Houve um terrível engano na reportagem. A Embraer não participará da montagem dos helicópteros.
NOTA do BLOG 2: Apesar de todo o esforço retórico, o submarino nuclear brasileiro ainda é um sonho distante. O Brasil faz parte de vários “grupos seletos”, como o de operação de porta-aviões, construção de submarinos e o enriquecimento de urânio, mas daí até construir um submarino nuclear, muita coisa ainda tem que ser resolvida, principalmente a questão orçamentária e de recursos humanos. A Marinha do Brasil não tem engenheiros em número suficiente para projetar um SSN e nem dinheiro para construir e operar uma unidade sequer.
Na semana passada, por exemplo, a empresa Emgepron demitiu 80 funcionários, pois o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) está ocioso. Toda a capacidade de construção de submarinos absorvida dos alemães está disponível, mas só é usada para reparos dos submarinos existentes. Enquanto isso, a Marinha espera construir um outro estaleiro, para montar submarinos de origem francesa, que não trarão nenhuma tecnologia revolucionária em relação ao que já temos, tendo em vista que o diâmetro do casco do “Scorpène” não comporta o reator nuclear nacional. O casco em formato “gota de lágrima” poderia ser projetado no Brasil sem maiores complicações, pois o mesmo era previsto nos projetos nacionais SNAC-I e SMB-10. Uma alternativa inteligente, seria continuar construindo submarinos alemães mais baratos no AMRJ, como o Tikuna, contando com o ferramental e experiência disponíveis e partir direto para o casco do submarino nuclear com auxílio francês, já que a construção do novo estaleiro ainda vai demorar alguns anos (Alexandre Galante).
Só temos que rezar para o próximo governo não fechar a torneira.
Acho que temos que rezar para que o próximo governo não seja um governo que feche as torneiras…
Rezar, não. Exigir e eleger um governo que tenha compromisso com a nação e não com seu próprio umbigo. Um governo que pense e atue para além de seus 4 anos de mandato e que dê prosseguimento ao planejamento estratégico da defesa. Pois muita coisa que está sendo iniciada agora é para ser concluída daqui a 20 anos, não vai dar pra nenhum próximo presidente pisar na bola nisso, senão já era…compromete tudo.
abraços a todos
Galante: “Uma alternativa inteligente, seria continuar construindo submarinos alemães mais baratos no AMRJ, como o Tikuna, contando com o ferramental e experiência disponíveis e partir direto para o casco do submarino nuclear com auxílio francês, já que a construção do novo estaleiro ainda vai demorar alguns anos (Alexandre Galante).” Sem os 4 Scorpenes, isso que vc colocou acima, jamais ocorrerá! A relação com os alemães está por demais desgastada o que certamente, na hora de se negociar a hipotética construção de mais Tikunas, faria com que os preços fosse lá nas alturas. Creio que a ociosidade do AMRJ tem outras… Read more »
O Brasil faz parte de um grupo seleto…… cujas armas não funcionam. Se para a reforma do A-12 Opalão já vão quatro anos, imagina a construção apartir do zero do SNB….. meu filho já será bisavô. Lamentável.
Sds.
Não sei o motivo de sempre voltar aos IKLs da Thyssen-Krupp.
Na realidade eles nunca ofereceram uma alternativa (um projeto) para o Brasil. Apenas um submarino aperfeiçoado. Apesar de hoje ser um navio excelente, a tecnologia AIP alem de cara, é praticamente o máximo que esses subs podem chegar. Eles nunca entenderam determinação da Marinha.Queriam apenas vender um barco. Devido às circunstâncias, eu era até favorável a produzir mais alguns Tikunas, mas tenho certeza que ia acabar nisso. Nunca podemos criticar uma iniciativa de mudanças. Nossos filhos e netos vão precisar disso.
Concordo com o Galante. De certa forma o que foi adquirido até agora está subutilizado ou até se perdendo.
Não acho que os Scorpenes agreguem muita coisa.
O comentario que chegou “direto do fundo do mar”, é o mais correto no meu ponto de vista. Os franceses não são idiotas. “Sem scorpene, sem SUBNUC”.
SDS.
Hornet, é mais fácil arrumar as trouxas e ir embora, isso já fiz, ou mudar as preferências para BBB 10,11,12… rsrsrs desculpe; mas analisando, friamente o histórico de reaparelhamento nas nossas Forças em um século, na MB chega a dar pena, vide a MB nas duas Guerras Mundiais, não dá margem a algo mais que termos esperanças, que é a última que morre rsrsrs no caso na praia; mas, concordo com sua posição. Pena que, pelo navegar da caravella, provavelmente não estarei vivo prá ver esse SubNuc rsrsrs.
Sds.
Concordo plenamente com o “direto do fundo do mar”. Os Scorpenes fazem parte do pagamento do Sub Nuclear. E para quem acha que a construção dos Scorpenes não acrescenta muita coisa, temos que ter em mente que dos IKL-209 para os Scorpenes há quase vinte anos de diferença, e também vão envolver, de modo muito mais intenso (e em maior número de empresas), a indústria nacional. Muito mais do que ocorreu à época da construção do 209. Para ser ter uma idéia, poderíamos construir mais “Tikunas” no Arsenal da Marinha hoje mesmo, mas para construir Scorpenes teríamos que reformá-lo completamente… Read more »
Noel,eu me comportei bem o ano todo. Nao da pra trazer pro Brasil uns 2 Escorpenes no Natal? Obrigado.
Noel, pois é, nem eu sei se estarei vivo…posso morrer amanhã mesmo…quem é que sabe? Mas uma coisa eu venho aprendendo no tocante a defesa: imediatismo nesta área é prejudicial. Tão prejudicial quanto o seu oposto: a inércia, o descaso. Penso que imediatismo e descaso são os dois lados da mesma moeda, um está ligado ao outro umbilicalmente. Os políticos profissionais geralmente pensam assim: se não for possível inaugurar no meu mandato, então eu nem começo. Pois se eu começar e não terminar, quem ganhará (politicamente) com isso será o próximo (prefeito, governador, presidente etc.). Em todo lugar é assim,… Read more »
Estranho esse insteresse por esse primor da tecnologia mundial que é o IKL, mesmo depois da MB ter escolhido o Scorpene BR e explicado o contexto que isso ocorreu.Isso também depois que o Almirante Othon ter explicado, nexte mesmo blog, que esses barcos não aguentam o tranco de um ataque, por causa da localização de seu ar condicionado central.
Mais uma vez eu vou colocar aqui, pois me parece, passou batido por todos. Nós só temos conhecimento para construir o 209 até a sala de torpedos, ou seja, a prôa nunca foi construída no Brasil. Para se construir a prôa com os tubos de torpedos, é necessário um equipamento que custa alguns milhões de dólares, que no contexto de 5 subs, foi considerado caro demais a sua aquisição. Por isso, sempre foi contratado a HDW para isso. Em suma, mesmo que quiséssemos construir mais 209, teriamos que “pagar uma baba” aos alemães, pois, diferente de tudo que se fala… Read more »
Esqueçam os Tupis. São submarinos “paisanos”. Não aguentam uma carga de profundidade. Daqui a pouco o mundo volta a crescer e o que mais temos na prateleira pra vender, digo exportar (comodities) voltam a terem seus preços muito altos. Com isso a economia navega de vento em popa e projetos de alguns bilhões serão plenamente possíveis. Ainda bem que a Marinha pensa a médio e longo prazo. Se não na primeira dificuldade voltaríamos a fazer Tupis, subs que para o Brasil não servem. E os Scorpenes não serão Scorpenes, provavelmente terão suas características melhoradas. E atenção, com dinheiro conseguimos construir… Read more »
E quem sabe um torpedinhos nacionais também. Mas isso deve correr em off.
Abs!
Galante,
Talvez o São Paulo esteja assim por determinação da Marinha.
Pra quê um Nae sem termos um grupo aéreo embarcado efetivo????
Ele vai sair da toca quando tivermos o que carregar nele. Caso contrário teríamos uma excelente pista de pouso navegante.
E os subs franceses, sem eles…sem subnuc. Era o contrato.
Abs!
Não entendo, se para termos 100% do casco construído aqui teríamos que pagar “uma baba” aos alemães, como o Direto colocou, então para termos 100% do casco do Scorpene vamos pagar quantas “babas” mais aos franceses???? A relação está “desgastada”? Porque? Fato é que abandonamos a linha IKL; natural seria o início de transferencia dos IKL 212/214 para o AMRJ. Mas não é esse o caso. Ao que parece, os franceses impuseram a compra de 4 Scorpenes com transferencia da apenas “17%” da tecnologia, como noticiado semanas atras, como condição à ajuda na construção do subnuc. Se não temos condição… Read more »
Acho que depois das explicações esclarecedoras do Direto e do Capitão, considero encerrada essa questão dos submarinos paisanos alemães.O que me intriga, no entanto, por que, na década de 90, a MB fez opção por esse equipamento que não aguenta uma bomba de profundidade.
Marujo, resta saber qual submarino aguenta uma bomba de profundidade ou um torpedo. O IKL é o melhor submarino convencional do mundo, mais de 60 unidades produzidas, a escolha da MB foi mais do que acertada e deveria ter continuado no caminho. Qual o mercado de submarinos franceses?
A discussão não está encerrada, está aberta sempre que um contribuinte considere errada uma escolha feita pelos governantes do seu país.
Marujo,
Foi apenas uma hiperbole de linguagem do Capitao. Afinal, resistir ou nao a cargas de profundidade depende de muita coisa.
Na epoca que os tupis foram construidos, decada de 80 e nao decada de 90, estavam entre os melhores isso se nao fossem os melhores.
Todo sistema de armas sofre evoluçoes e no caso do 209, apareceram os 212/214.
Estes sim pertencem a decada de 90
abraços
Quis dizer que os Tupis são Subs para se ter em enxames. Numa guerra muitos afundam mas aquele que atravessar e conseguir persistir no combate, pode levar o caos à um atacante. Neste caso precisamos é dos nucleares, os Scorpenes além de virem com o contrato, servirão para aprendermos e afinarmos a produção completa e, além de tudo, gerar emprego. É dificil falar sobre assuntos militares pois o que sabemos e o que se solta na imprensa é limitado. O importante e interessante nunca ninguem vai saber. É confidencial. E cá pra nós, a Marinha tem mostrado muita inteligência na… Read more »
O Tikuna está em exercício e com certeza vai afundar muitos navios. Mas numa guerra de verdade…ele seria muito mais fácil de ser evitado…com um bloqueio e 45 dias de espera….já era……mas vocês sabem disso…
Já o outro…
Abs
Capitão, como sou da Imprensa e trabalhei durante 12 anos no jornal O Globo, posso dizer que o “importante e interessante” em Defesa é o que está disponível, ainda mais nessa época de Internet. Dados confidenciais, vez por outra também acabam vazando.
Sobre a questão da “Marinha não entrar em furada”, vejamos: NAe São Paulo parado, jatos AF-1 no chão, AMRJ ocioso e mandando gente embora, navios-tanque em falta, escoltas em obsolescência em bloco etc.
Capitão, então a atual Força de Submarinos da Marinha do Brasil não serve para nada? Só teremos submarinos de verdade quando chegarem os Scorpène? Então a Marinha está em pior situação do que imaginamos…
as situações constrangedoras pelas quais passam a MB é fruto do senso de estarmos eternamente deitados em berço esplendido….
essa é a questão.
Para quem se importa com a Defesa e não compartilha dessse “senso comum” a situação é estarrecedora! Por isso os questionamentos.
Segundo a DCN,os submarinos serão produzidos no novo estaleiro no RJ(Itaguaí), pela joint venture entre a DCNS e a Odebrecht. A joint venture não terá permissão para realizar quaisquer outras atividades além da construção e manutenção dos submarinos da Marinha do Brasil sem a permissão da própria Marinha,ou seja não poderá comercializar submersíveis ou prestar serviços para outras marinhas latino-americanas. A transferência de tecnologia para a Marinha do Brasil envolve não apenas a construção de submarinos, mas também o projeto de submarinos com dimensões suficientes para acomodar um reator nuclear brasileiro. O escopo da transferência tecnológica também inclui o projeto… Read more »
Galante, A MB sabe onde quer chegar e briga por isso, vejamos o caso dos subs que não se arrastaram por muito tempo. Não é o que ela é hoje mas sim o que ela quer ser e os passos estratégicos que andam dando. Tudo na MB converge para um NAe efetivo, subs modernos e subnucs e um “grande presente” um moderno estaleiros para construção destes meios. As escoltas, com a disponibilização de recursos, serão construídas com certeza. Hoje a MB está um caco. Mas veja daqui a 15 anos com investimentos constantes à partir de 2010 ( pós crise… Read more »
Onipresente, desde que tenhamos um minimo de quatro unidades, para ter ao menos dois no mar a qualquer tempo.
Quatro nucleares em termos de preço podem significar até 10 ou 12 convencionais com AIP.
abs Capitao
Capitão, sempre fui a favor do submarino nuclear, que passou a ser o navio capital depois de 1954, mas não sou a favor de trocar o presente pelo futuro. Sacrificamos toda a Esquadra no altar do Submarino Nuclear nacional! O SNA está drenando os recursos que poderiam ser alocados em outras áreas, sem a garantia de que um dia iremos terminá-lo. Submarinos nucleares são “bestas míopes” se não tiverem o apoio de satélites. Este Governo que lançou a END, até hoje não liberou os recursos dos royalties à Marinha e este ano cortou o orçamento mais uma vez. Não temos… Read more »