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As corvetas classe “Inhaúma” foram concebidas para prover escolta a comboios de cabotagem e transoceânicos, com capacidade para guerra anti-submarino, guerra de superfície, guerra antiaérea e apoio de fogo naval em operações anfíbias.

A vida útil projetada de cada navio era de pelo menos 25 anos, a um custo de aquisição de US$150 milhões por unidade, com um índice de nacionalização da ordem de 40%. O sistema de armas, que representava 50% do custo da corveta, foi em sua maior parte importado, pois para serem fabricados no Brasil, seria necessário que a Marinha construísse um número bem maior de navios.

Os estudos começaram em 1977, quando a Marinha do Brasil precisava substituir as dez corvetas classe “Imperial Marinheiro”, por uma nova classe de navios-patrulha oceânicos (NaPaOc), com um deslocamento carregado de 700t. Em virtude também da necessidade urgente de substituir os antigos contratorpedeiros de origem americana, as especificações foram alteradas e o “Projeto NaPaOc” foi então rebatizado como “Projeto Corveta”.

Em sua versão final, os navios ficaram com um deslocamento de quase 2.000 toneladas, portanto, bem maior do que o previsto originalmente. As corvetas podem ser consideradas, na realidade, fragatas leves, com um armamento ligeiramente inferior ao das fragatas classe “Niterói”. A Marinha planejava inicialmente obter 16 navios da classe, mas devido às restrições orçamentárias, acabou construindo apenas 4 navios e um quinto aperfeiçoado.

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O sistema de armas

A concepção e especificação dos sistema de armas das corvetas  recebeu especial atenção, tendo em vista os requisitos operacionais e as características das ameaças de superfície, submarinas e aéreas formuladas pelo Estado-Maior da Armada. Num momento em que a guerra naval moderna (Malvinas, 1982), trazia novas ameaças como os mísseis antinavio, o tempo de reação foi considerado fundamental, juntamente com a precisão e a automação das armas.

No início da década de 1980, ainda não existia o microcomputador pessoal como temos hoje e as soluções embarcadas eram baseadas em mainframes ou minicomputadores. No caso das corvetas, foi adotado o computador inglês Ferranti FM1600E (o mesmo das fragatas Type 22), uma evolução do FM1600B usado no sistema CAAIS das “Niterói”.

A figura baixo mostra o tempo de reação típico do sistema de armas da corveta contra um míssil antinavio “sea-skimmer”, como o Exocet, que pode ser considerado ainda a ameaça mais crítica, pela alta velocidade e difícil detecção.

O gráfico (clicar na imagem para ampliar) mostra o míssil sendo detectado a 12km de distância do navio, dando ao sistema cerca de 20 segundos para rastrear o míssil, computar a previsão de tiro dos canhões antiaéreos, posicionar o armamento e abrir fogo, de modo a destruir o míssil a uma distância segura do navio.

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O Centro de Operações de Combate (COC) das corvetas foi organizado em duas grandes áreas funcionais básicas: Comando e Controle (incorporando os sensores de vigilância e os consoles dos operadores) e a de Direção de Tiro (incorporando os sensores rastreadores de alvos e os consoles de controle de armas).

A figura abaixo mostra a arquitetura simplificada do sistema:

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O COC das corvetas foi equipado com três consoles: o Console de comando de guerra de superfície, o Console de Armas abaixo D’água e o console de Armas acima D’água, como mostram o desenho e a foto abaixo:

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No subsistema de Direção de Tiro (DT), foi implementada a flexibilidade de controle, na qual qualquer dos sensores de DT (radar, alça eletroótica, alças óticas) pode controlar via computador, qualquer dos canhões.

Adicionalmente, controles locais de emergência foram incluídos para o caso de avaria nos computadores, permitindo que as alças óticas ou a eletroótica possam comandar diretamente a pontaria e o disparo das armas. No modo normal de operação, o controle é efetuado pelos operadores do COC.

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Houve grande participação brasileira na área de engenharia de sistemas, na produção local de hardware, gerência técnica, documentação, testes, comissionamento e integração dos equipamentos e sistemas.

Esse esforço estabeleceu o embrião para indústria bélica naval no Brasil, que mais tarde acabou desenvolvendo um sistema de Comando e Controle Nacional, instalado primeiramente a bordo do NAeL Minas Gerais. O SICONTA (Sistema de Controle Tático), que já está na versão 4, foi instalado nas “Niterói” no MODFRAG, na corveta Barroso e será também na modernização das corvetas.

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NOTA do BLOG: O desenho acima feito por Alexandre Galante, publicado na revista Segurança & Defesa no. 21, de 1988, mostra a corveta equipada com um CIWS americano Phalanx, de 20mm, na popa. O Jane’s tinha acabado de publicar a notícia de que o Brasil havia solicitado a compra de 8 Phalanx aos EUA, mas que acabou barrada depois pelo Congresso americano. Os motivos do impedimento foram os mesmos que impossibilitaram a FAB de ter acesso ao canhão Vulcan de 20mm nos seus AMX. Na época, a Marinha do Brasil também desenvolvia um canhão anti-míssil de tiro rápido de 20mm no IPqM e os americanos provalvelmente temiam que o Phalanx fosse “copiado”.

NOTA do BLOG 2: Outro aspecto fundamental do Projeto Corveta foi o índice de nacionalização perseguido nos equipamentos dos navios. A turbina GE LM-2500 é 15% nacional (base, invólucro, grupo de descarga de gases e outras peças) e os motores diesel MTU foram nacionalizados em 42%.
A engrenagem redutora Renk-Zanini é 71% nacional, enquanto o sistema de estabilização ativa por aletas da Vosper foi nacionalizado em 75% do seu custo. Os sistemas de eixos e hélices KaMeWa foram 92% produzidos no Brasil. A máquina do leme Sperry, os geradores Siemens e os cabos elétricos da Pirelli são 100% nacionais.
Quando o Brasil compra navios de guerra usados no exterior, nada disso acontece e perdemos todo o investimento que já foi feito.

FONTE: O sistema de armas das futuras corvetas da Marinha do Brasil, Fernando Malburg da Silveira, revista Defesa Latina, Ano IV, no. 23, jul/ago 1983

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