Agência marítima estima que cerca de 260 sejam reféns de piratas
Sequestro de capitão norte-americano chamou atenção para o problema. Nesta semana, piratas realizaram diversos ataques na costa da Somália
Atualmente, cerca de 260 tripulantes de diversos navios sequestrados estão em poder de piratas na costa da Somália, segundo informações da Agência Internacional Marítima — grupo de observação de ações piratas e uma subdivisão da Câmara Internacional de Comércio. O dado foi divulgado nesta semana, quando o ataque ao navio Maersk Alabama chamou atenção para o problema da pirataria nas águas do país do Chifre da África.
Richard Phillips, 53, ainda está em poder de quatro piratas que fugiram com ele em um bote salva-vidas, após atacar o navio de 17 toneladas, na quarta-feira (8).Os outros 19 membros da tripulação chegaram neste sábado (11) ao porto do Quênia, dizendo que o capitão é um herói, por ter salvo suas vidas.
Após o ataque, Phillips falou para toda a tripulação se trancar em uma cabine e então se rendeu sozinho. A tripulação conseguiu dominar alguns dos piratas, mas eles escaparam, levando junto o capitão do navio de propriedade dinamarquesa e bandeira americana. Os sequestradores teriam pedido resgate de US$ 2 milhões por sua libertação.
Especialistas do FBI, a polícia federal americana, estão ajudando nas negociações, mas, segundo analistas, o processo pode ser longo.
Além do sequestro do capitão, a semana foi marcada por outras ações dos piratas somalis. Na sexta, eles liberaram um navio-tanque dinamarquês sequestrado em março e também um veleiro francês capturado no sábado passado (4) – no último caso, um dos reféns morreu.
Já no sábado, agências de notícias noticiaram que piratas tomaram controle de mais uma embarcação: desta vez, trata-se de um rebocador com bandeira da Itália, com dez italianos entre os 16 membros da tripulação. O navio foi pego no Golfo de Áden, segundo confirmaram fontes da Chancelaria italiana.
Pirataria
As águas da Somália, um paupérrimo país do Chifre da África sem governo central e cenário de uma guerra civil desde 1991, se converteram numa zona-chave para a pirataria mundial, e dezenas de navios foram atacados nessa área em 2008.
Apesar do envio de navios de guerra à região, os ataques se multiplicaram ao longo dos 3.700 km do litoral somali. Navegando em lanchas rápidas lançadas a partir de “navios-mãe”, os piratas, armados com kalashnikov, lança-foguetes ou lança-granadas ampliam constantemente seu raio de ação.
Os atos de pirataria nesta parte do mundo desapareceram quase totalmente no segundo semestre de 2006, quando os Tribunais Islâmicos controlavam com mão-de-ferro algumas regiões do centro e do sul da Somália. No entanto, os piratas voltaram rapidamente à ativa após a queda dos islamitas, no fim de dezembro de 2006.
Em 2008, os ataques se multiplicaram no golfo de Aden, por onde passa 12% do comércio marítimo e 30% do petróleo mundial. Mais de 130 navios mercantes foram atacados no litoral somali, o que significa um aumento de mais 200% em relação a 2007, segundo o Escritório Marítimo Internacional.
Ações
O mês de abril de 2008 foi marcado por diversas ações, entre elas os ataques do veleiro de luxo francês Le Ponant, com cerca de 30 pessoas a bordo, e do petroleiro japonês Takayama.
Em setembro, os piratas invadiram o navio ucraniano Faina, que transportava armamento pesado como 33 tanques, sistemas de defesa antiaéreo e lança-foguetes. O barco e sua tripulação só foram libertados no dia 5 de fevereiro deste ano, após 134 dias em poder dos piratas, mediante o pagamento de um resgate.
A operação mais espetacular continua sendo até hoje a captura do superpetroleiro saudita Sirius Star, em 15 de novembro do ano passado no Oceano Índico. Os piratas precisaram de apenas 16 minutos para tomar este navio de 330 metros de comprimento, que transportava dois milhões de barris de petróleo. O Sirius Star foi libertado em 9 de janeiro deste ano, depois do pagamento de um resgate. Seis piratas morreram quando a lancha onde estavam naufragou, junto com parte do dinheiro.
FONTE: G1, AFP, AP e Reuters