Voo 447 – Entrevista com o Comandante da Fragata ‘Constituição’

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cf-marcos-borges-sertavinheta-especialO Capitão-de-Fragata Marcos Borges Sertã é o Comandante da Fragata “Constituição”, navio da Marinha do Brasil que atracou em Recife no dia 14, após sua participação nas buscas aos corpos e destroços do voo 447 da Air France.

Aproveitando a estadia do navio na cidade, onde chegou trazendo destroços da aeronave acidentada e pertences dos passageiros, o Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM) fez algumas perguntas sobre a sua participação nessa difícil e importante missão.

CCSMQuando o Sr. ficou sabendo da participação do navio nas buscas aos destroços da aeronave da Air France? qual foi o primeiro pensamento que lhe veio à cabeça? e como a tripulação recebeu a notícia?

Comte Sertã – Fiquei sabendo quando estávamos atracados em Salvador, nosso último porto, antes do regresso para o Rio de Janeiro, depois de participarmos das Operações UNITAS GOLD, nos Estados Unidos, e ALIANZA, na Colômbia.

O primeiro pensamento que me veio à cabeça foi o de solidariedade e da importância de nossa presença na área para tentarmos resgatar possíveis vítimas do acidente e partes da aeronave que pudessem auxiliar a descobrir as causas desta fatalidade. Por isso, sabíamos que quanto mais rápido chegássemos, maior seria a probabilidade de encontrarmos sobreviventes.

Em relação à tripulação, na primeira oportunidade, a reuni e fiz questão de comentar que estávamos adiando o retorno aos nossos lares e o encontro de nossos entes queridos por uma causa nobre e, certamente, a nossa dor por isso seria muito menor que a das famílias das vítimas do acidente. Além disso, frisei que o orgulho de nossos parentes e amigos em saber que estávamos participando de tão nobre missão superaria a saudade que sentiam de cada um de nós. O resultado foi muito melhor que o previsível, tendo a tripulação respondido com extrema motivação e demonstrado valentia e dedicação dignas de nota em todas as ocasiões, nas diferentes situações pelas quais passamos.

CCSMQual foi o momento mais difícil para o navio e sua tripulação durante a operação?

Comte Sertã – Tivemos diversos momentos difíceis, porém os dois primeiros dias após a chegada à área SAR foram os piores porque não conseguíamos encontrar nada que nos confirmasse o que havia sido avistado pelas aeronaves da Força Aérea e que pudéssemos afirmar que pertencia à aeronave da Air France. Cabe destacar, mais uma vez a garra, a dedicação e o comprometimento da tripulação, que, em nenhum momento, se deixou abater ou perdeu o foco. Estes aspectos foram fundamentais para o cumprimento da missão com êxito.

CCSMO Sr. já havia participado de algo semelhante?

Comte Sertã – Não, foi a primeira vez.

CCSMComo foi o trabalho com a Força Aérea Brasileira?

Comte Sertã – O apoio mútuo foi fundamental para o sucesso da missão e estávamos permanentemente em contato com as aeronaves no ar e com o SALVAERO RECIFE, que nos passavam as informações e posições em que haviam avistado algo. Na realidade, o fato de operarmos e efetuarmos exercícios com FAB com frequência nos auxiliou bastante. A ocasião serviu também para termos a certeza da importância dos exercícios combinados e para constatarmos o profissionalismo dos militares brasileiros.

CCSMQual o maior ensinamento adquirido?

Comte Sertã – Acredito que a importância de estarmos prontos e adestrados. Além disso, cabe destacar o aspecto logístico e a rapidez com que o Navio foi reabastecido em Salvador, longe de seu porto base, com todo o apoio do Comando do 2º Distrito Naval e organizações subordinadas, o que amenizou o fato de estarmos regressando de uma missão de dois meses e meio e foi fundamental para o cumprimento de nossa missão.

CCSM E já tem definida a próxima comissão?

Comte Sertã – Ainda não, mas certamente, em breve, retornaremos ao mar em uma Comissão com a Esquadra.

CCSMObrigado e parabéns pelo trabalho que muito orgulha a família naval e a sociedade brasileira em geral.

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