Países latino-americanos pedem negociação sobre futuro das Malvinas
Os países latino-americanos encorajaram o Reino Unido a retomar as negociações bilaterais com a Argentina sobre o futuro das ilhas Malvinas (Falklands, para os britânicos), durante reunião do Comitê de Descolonização, concluída nesta sexta-feira na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York.
Localizadas a 400 milhas marítimas (740 km) do território argentino, as ilhas foram ocupadas pelos britânicos em 1833 e, por sua posse, Argentina e Reino Unido travaram uma guerra em 1982, na qual os argentinos foram derrotados.
“A chamada ao reatamento das negociações para solucionar pacificamente a questão das ilhas Malvinas é partilhado por várias organizações e foros regionais” da América Latina e do Caribe, destacou hoje a embaixadora do Brasil, Maria Luiza Ribeiro Viotti.
O Comitê de Descolonização aprovou uma resolução apresentada pelo Chile, com o respaldo da Bolívia, Cuba, Equador, Venezuela, Brasil, Argentina, Paraguai, Colômbia e Peru, pedindo o reatamento das negociações sobre a soberania desse território.
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Taiana, participou na quinta-feira das reuniões do Comitê, diante do qual expressou o caráter “permanente e irrenunciável” de seu país na reivindicação da recuperação da soberania sobre as ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul.
Taiana se reuniu também com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e com o presidente da Assembleia Geral, Miguel D’Decoto.
O chanceler argentino reiterou a Ban o pedido das autoridades de Buenos Aires para que o principal responsável da ONU “realize uma gestão de bons trabalhos”, que permita “que o Reino Unido cumpra as resoluções da ONU”, explicou Argüello.
Buenos Aires considera que Londres descumpriu sucessivamente as resoluções que a Assembleia e o Conselho, principal órgão de decisões do organismo internacional, emitiu sobre o assunto, para que as negociações fossem retomadas com o objetivo de resolver um problema que já dura várias décadas.
“É estranho que um país peça que outro país importante, membro permanente do Conselho de Segurança, cumpra as resoluções da organização. Mas a realidade é que a Grã-Bretanha descumpre as resoluções da ONU desde 1965”, acrescentou o embaixador argentino.
No total, 255 soldados britânicos e 655 argentinos morreram na Guerra das Malvinas, que durou 74 dias. A iniciativa da Argentina de atacar as ilhas foi vista como uma manobra ditadura militar do país de se fortalecer, mas a derrota enfraqueceu o regime e colaborou para acelerar o processo de redemocratização.
FONTE: Folha Online / EFE