Projeto de polo naval no Rio de Janeiro ganha impulso

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vinheta-clipping-navalCom os obstáculos que impediam a licitação para dragagem do canal das Flechas praticamente superados, o projeto de polo naval no Rio recebe novo impulso. O prefeito de Quissamã, Armando Carneiro, disse que a intenção é licitar, até o fim de julho, as obras de dragagem para corrigir a embocadura do canal, na localidade de Barra do furado, considerado o principal obstáculo à execução do projeto de criar no local um complexo industrial liderado pela construção de barcos de apoio às plataformas de petróleo no mar (offshore).

O grupo sul-coreano STX aguarda apenas o início da dragagem para começar a construção de um estaleiro com investimento de US$ 70 milhões. Outras empresas também estão interessadas.

Segundo o prefeito, o Ministério dos Portos indicou que o governo federal vai repassar os recursos destinados à dragagem -cerca de R$ 50 milhões- para que os municípios de Quissamã e Campos dos Goytacazes, principais interessados na obra, façam uma licitação conjunta da dragagem e da transposição da areia da entrada da barra, permitindo a correção dos molhes já existentes no local. A totalidade das obras de infraestrutura está orçada em R$ 140 milhões.

O canal das Flechas, com 12 quilômetros de extensão, liga a lagoa Feia (segunda maior lagoa de água doce do Brasil, menor apenas do que a lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul) ao mar e separa Campos de Quissamã. No passado foi feita, em sua embocadura, uma obra de construção de molhes com o objetivo de criar um polo pesqueiro.

Erros de cálculo em relação às correntes marítimas fizeram com que a areia se acumulasse do lado de Quissamã, afastando os molhes do mar, e cavasse a praia do lado de Campos. O projeto de transferência da areia tem o objetivo de corrigir o problema, restabelecendo a configuração original da área. A tecnologia, chamada “by pass”, transpassa mecânica e continuamente a areia de um lado para o outro, por meio de um sistema de tubos e bombas, dando estabilidade às instalações e ao ambiente. Segundo Carneiro, o sistema funciona com sucesso há 30 anos na cidade australiana de Surfers Paradise.

Paralelamente, será feita uma dragagem dos dois primeiros quilômetros do canal para estabilizá-lo em sete metros de profundidade no interior e nove na boca. Nessa área deverá ser construído o complexo industrial e logístico. De acordo com Carneiro, a obra será conduzida por consórcio formado pelos dois municípios, sendo 70% de Campos e 30% de Quissamã.

Os R$ 140 milhões serão assim divididos: R$ 50 milhões do governo federal, R$ 49 milhões de Campos, R$ 21 milhões de Quissamã e R$ 20 milhões do governo estadual. Campos e Quissamã são dois dos maiores arrecadadores de royalties de petróleo do país. Campos é o maior, tendo recebido mais de R$ 1 bilhão no ano passado. A obra de Barra do Furado deve ser executada em 18 meses.

A STX Brasil Offshore, controlada pelo grupo STX Europe que em 2008 assumiu o controle da norueguesa Aker Yards e dos seus 17 estaleiros, sendo um em Niterói, pretende construir, no máximo até meados de 2011, novo estaleiro no Brasil e já escolheu Barra do Furado como localização. O estaleiro terá capacidade para processar 12 mil toneladas de aço e construir até seis embarcações de até 150 metros de comprimento por ano.

Na semana passada, após visitar o estande do município de Quissamã na feira Brasil Offshore, em Macaé (RJ), o diretor comercial do estaleiro MacLaren, Luiz Britto Pereira, conheceu Barra do Furado. O MacLaren também é especializado em construções offshore. Segundo Carneiro, a inglesa Rolls-Royce, fabricante de motores marítimos, também mostrou interesse em conhecer o local que, segundo ele, tem a vantagem de estar próximo das novas plataformas de produção que estão sendo instaladas no Rio de Janeiro e Espírito Santo.

FONTE: Valor Econômico

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