Colunista da ‘Folha’ critica escolha do Scorpène
Janio de Freitas
Os indícios de manobras do Ministério da Defesa para forçar determinada escolha dos novos caças da FAB estão acompanhados, agora, da revelação de que o ministro Nelson jobim, na França, inicia a compra de quatro submarinos e um casco por preço dez vezes maior do que outra oferta, de submarinos mais qualificados. E cujo pacote, como negócio e tecnologia, é mais adequado à Marinha brasileira.
A revelação de José Meirelles Passos, repórter consagrado por muitos anos de excelente trabalho para o “Globo” nos Estados Unidos, inclui duas exigências da vendedora francesa mas tipicamente brasileiras: a construção de uma base naval para os submarinos superados, não reivindicada pela Marinha, e a entrega da obra à empreiteira Norberto Odebrecht. Já se sabe, portanto, quem induziu o negócio escorchante no Brasil e, conhecidos os processos das empreiteiras, como foi conquistado.
Também fica compreendida uma providência: a licitação pública foi relegada.
Os submarinos da classe francesa Skorpène foram comprados por apenas dois países: Chile e Malásia, que explicam as três únicas unidades dadas como ativas no mundo. Nem a própria França os utiliza. Em contrapartida, a Marinha brasileira, com quadros técnicos formados na Alemanha, já comprovou sua capacitação tecnológica na construção de quatro submarinos com projeto alemão (são os atuais Tamoio, Tapajó, Timbira e Tikuna), mais atualizados do que o Skorpène.
Assim como na FAB há reservas à compra do caça francês Rafale, na Marinha há reservas ao amplo negócio em torno dos também franceses Skorpène. Os negócios foram articulados por Nelson jobim e Mangabeira Unger, que para isso chegaram a viajar juntos.
FONTE: Folha de São Paulo
NOTA DO BLOG: A opinião transcrita acima não necessariamente reproduz a opinião do blog.