Resposta do DEsafio
É um DE classe Edsall, convertido para DER em 1955, e que mais tarde voltou a servir como DE.
Acertou quem descreveu o navio do “DEsafio” como um exemplar da classe Edsall de Destróieres de Escolta (DE – Destroyer Escort), que nos anos 50 foi convertido para DER (Destroyer Escort, Radar).
Mas essa é apenas parte da história que a foto (mesmo disponibilizada sem o indicativo) pode instigar a pesquisar. Assim como a presença de equipamentos, sensores, armamentos e modificações no design original, reparar nas ausências também faz parte do processo de pesquisa.
Primeiramente, as presenças: a elevação do bordo a meia nau, a incorporação de mudanças na superestrutura e, notadamente, os dois mastros tripé com radares e antenas modernos para meados dos anos 50, denota a conversão para DER. Essa conversão foi realizada em 34 unidades da classe Edsall, com propulsão diesel-elétrica, além de duas da classe John C. Buttler, de propulsão turbo-elétrica (vapor), mas essas duas já são uma outra história. A classe Edsall foi selecionada para fornecer a grande maioria dos navios para conversão devido à sua grande autonomia e disponibilidade.
Foto de 1945 do DE 251, que mostra mudanças no armamento original da classe Edsall: retirada dos lançadores triplos de torpedo para instalação de canhões adicionais de 40mm e troca de três reparos de canhões de 3″ (76mm) por dois de 5″ (127mm).
A partir de 1955-56, com o acirramento da Guerra Fria após o conflito da Coréia, os DER eram empregados para formar uma linha de “alerta aéreo antecipado distante” (DEW – Distant Early Warning), no âmbito do CONAD (Continental Air Defense). Contando com potentes radares SPS-28 de busca aérea (Air Search Radar) no mastro principal, complementados pelos SP-8 de determinação de altitude (Height Finder Radar) posicionados sobre a superestrutura a ré (além de radar de busca de superfície – Sea Search – SPS-10), os DER ainda eram equipados com uma característica antena de TACAN (Tactical Air Navigation) no alto do mastro de ré.
E aqui chegamos às “ausências” de que falamos há pouco. Onde está o SP-8 na foto? E a antena TACAN? Essas ausências ajudam a continuar a história:
Em 1965, a linha DEW foi desativada, e doze dos trinta e quatro DER voltaram a ter o “status” operacional de DE, com a retirada do SP-8 e do TACAN. É essa parte da história que a foto poderia instigar a ser pesquisada e contada. “Evidências ausentes” que se somam a outra, presente: o reparo triplo Mk 44, lançador de torpedos antissubmarinos no bordo – equipamento que não fazia parte da configuração das conversões para DER. Só para lembrar, o lançador de “Hedgehog”, atrás da torreta de canhão de 3″ (76mm) já era parte da configuração de conversão. Pode-se dizer então que trata-se de um DE, convertido e reclassificado para DER, e que depois voltou a operar como DE.
Foto do DER 251, em que se vê a antena do TACAN, no alto do mastro “tripod” de ré e o radar SP-8, de determinação de altitude, sobre a superestrutura próxima à popa. Comparar com a foto colorida do alto desta matéria.
Complementando, o navio é mesmo o USS Camp (originariamente DE 251), como apareceu nos comentários. Mas, ao menos até onde esta pesquisa chegou, não sofreu conversão para APD (Fast Atack Transport) antes de se tornar um DER, apesar da elevação do costado estar presente nos dois tipos de conversão. Os APD eram convertidos, até onde foi possível para este editor constatar, a partir de unidades das classes Buckley e Rudderow, de propulsão turbo-elétrica (vapor), que lhes conferia velocidades superiores. Fica como mais um ponto polêmico para quem quiser pesquisar, se aprofundar e refutar as informações acima.
Por fim, quem quiser complementar o histórico do USS Camp pode ficar à vontade (mesmo porque, com o indicativo na foto do alto e até um link fornecido por um frequentador do blog, está fácil). É uma história interessante que também envolve as marinhas do então Vietnã do Sul, no início dos anos 70, e das Filipinas, até muito recentemente. As próprias mudanças no armamento tubo original, ao longo da vida (como pode ser percebido na foto do meio da matéria), são interessantes para refletir que nem tudo o que à primeira vista parece ser, é realmente.
FOTOS via navsource