Mark I igual a Mark II – a história do USS ‘Nautilus’, o primeiro submarino nuclear

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vinheta-especial“Não há, em absoluto, outro ponto de partida para nós. Mark I é igual a Mark II.” O frio tom de encerramento das discussões do obstinado capitão de cabelos brancos interrompeu um acrimonioso debate que durara metade da noite. Em volta da desordenada mesa de reuniões, os jovens oficiais da Marinha dos EUA e os civis, sem gravatas, de mangas arregaçadas, enfrentando o calor do verão de Washington, quedaram-se incrédulos, olhando para o capitão. Um deles inclinou-se em deliberação.

“Mark I igual a Mark II?” repetiu ele. “Está o senhor dizendo que o modelo experimental do reator nuclear do submarino Nautilus deve ser construído com as mesmas especificações do reator que vai no próprio submarino?”

O capitão Rickover levantou-se com um gesto de impaciência e alcançou a sua volumosa pasta. “É exatamente isso o que eu estou dizendo. Ninguém construiu, até agora, um reator nuclear para um submarino. Nós vamos cometer erros no modelo Mark I. O dia em que o Nautilus singrar os mares com a energia do Mark II, não haverá uma única peça do equipamento e do circuito elétrico, não haverá uma bomba, uma válvula, uma porca ou um parafuso que não tenha sido testado e experimentado antes. O Nautilus terá um desempenho perfeito.”

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O submarino USS Nautilus (SSN-571), com 3.500t de deslocamento submerso e 97,5m de comprimento, às 11h do dia 17 de janeiro de 1955 foi ao mar pela primeira vez e enviou a mensagem histórica: “Underway on nuclear power“.

No dia 10 de maio realizou o “shakedown”. No dia 12, partiu de New London para San Juan em Porto Rico,  cobrindo submerso 2.223km (1.200 milhas), em menos de 90 horas. Naquela época, foi a maior viagem feita por um submarino em velocidade média de 16 nós. O desempenho foi admirável, quebrando-se a maioria dos recordes existentes, relativos à velocidade e à tolerância.

Nos dois anos seguintes, o Nautilus continuou batendo mais recordes. Na primavera de 1957, o submarino registrava mais de 60.000 milhas percorridas com os quilos iniciais de combustível nuclear, tornando realidade a marca do submarino homônimo da obra de Júlio Verne, “20.000 léguas submarinas”. Em constraste, um submarino diesel-elétrico convencional, teria,  no mesmo espaço de tempo, percorrido 36.000 milhas, gastando cerca de 7,5 milhões de litros de óleo diesel.

Sob os olhares atentos de todo o mundo, o Nautilus continuou a modificar todas as tradicionais concepções acerca do papel do submarino em operações navais. Ainda em 1957, o submarino viajou de New London a SanDiego, permanecendo na superfície apenas para a travessia do canal do Panamá.

No ano seguinte, o Nautilus saiu de Pearl Harbour e atingiu Portland, na Inglaterra, passando sob a calota de gelo do Pólo Norte, mostrando, assim, que não havia oceano no Globo que um submarino nuclear não pudesse penetrar.

EM PRÓXIMO POST: O início do projeto

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