vinheta-destaqueReproduzimos abaixo a opinião do leitor “Flal” do BlogNAVAL, sobre os PEAMB “Planos de Equipamento e Articulação da Marinha do Brasil”. O leitor mostra como será difícil colocar em prática os planos de reequipamento da MB e como pensa parte do pessoal da Marinha a respeito do assunto.

Senhores,

Infelizmente os custos são esses mesmos que o Blog informou nesse post. Cerca de R$ 1,8 bilhão a versão de EG e cerca de R$ 2,3 bilhões a versão de EG, mas com ênfase em AAW.

Não está nada fora da realidade mundial. Caso a MB optasse por adquirir esses meios no exterior, os custos de aquisição seriam aqueles anunciados pelos fabricantes. Senão vejamos:

  • FREMM EG – 600 MILHÕES DE EUROS, cerca de R$ 1,62 bilhões (Cotação do Euro a R$ 2,7);
  • FREMM AAW – 750 MILHÕES DE EUROS, cerca de R$ 2,03 bilhões (cotação do Euro a R$ 2,7);
  • KDX II – 600 MILHÕES DE DÓLARES, cerca de R$ 1,1 bilhão (cotação do Dólar a R$ 1,84);
  • KDX III – 1,1 BILHÃO DE DÓLARES, cerca de R$ 2,02 bilhões (cotação do dólar a R$ 1,84);
  • Arleigh Burke – 1,1 BILHÃO DE DÓLARES, cerca de R$ 2,02 bilhões (cotação do dólar a R$ 1,84)

Já deu para se ter uma noção dos preços. Lembro mais uma vez, que esses preços são para os meios fabricados pelos seus respectivos estaleiros. Como a MB quer produzi-los aqui, sob licença, vai ter que pagar a mais por isso.

Também já deu para perceber, pelos valores apresentados pelo Blog, que nós vamos de FREMM mesmo.

Com relação ao PEAMB, cabem algumas considerações:

PEAMB significa: “Planos de Equipamento e Articulação da Marinha do Brasil”. Esse plano é uma imposição do Ministério da Defesa, para que as 3 Forças Singulares apresentem a necessidade de meios para os próximos anos e as ações de articulação com a indústria de defesa nacional.

Isso não significa que a MB vai conseguir obter tudo o que está descrito nele.

Cabe salientar que, a MB divide o seu planejamento estratégico em:

“Marinha de Hoje” – Curto prazo;
“Marinha de Amanhã” – Médio Prazo; e
“Marinha do Futuro” – Longo prazo.

Nos corredores dos navios, da Ilha das Cobras e da Ilha do Mocanguê, esse PEAMB é chamado de “Marinha do Nunca”, ou mesmo PEAMB = Pura Enrolação dos Almirantes para os Marinheiros Burros”. Pois, a maioria dos oficiais e praças acham esse plano impossível de ser concretizado em sua totalidade.

Os números apresentados nele são pura ficção. Em 30 anos, serão cerca de 8 governos diferentes, alguém acredita que não sofrerá mudanças, que vão contingenciar orçamentos, como sempre ocorre.

Ademais, colocar a culpa somente na classe política é no mínimo simplificar muito as coisas. Existe sim má administração e falta de planejamento dentro da MB. Quem está dentro, sabe do que estou falando.

Exemplificando o que estou dizendo, quando o NAe São Paulo foi adquirido, existia uma previsão de orçamentos futuros, que contava com os Royaltes do Petróleo e outras fontes. Se esses orçamentos tivessem sido mantidos, o NAe estaria 100% operacional até hoje. Contudo, houve um contingenciamento dos orçamentos, os Royaltes não foram mais repassados para a MB. Nesse caso seria necessário então utilizar um “Plano B”. Pois bem, qual era o “Plano B”? Ele simplesmente não existia!

Dessa forma, resolveu-se usar o navio até o talo, fazendo, apenas, manutenções naquilo que não tivesse mais jeito. Os resultados, todos conhecem.

Acho que o primeiro “Plano” que a MB deveria fazer, seria em seu recursos humanos. Tem que investir primeiro no pessoal que irá operar tudo isso. Temos tripulações reduzidas, 120 homens tendo que fazer o trabalho de 200. Para a maioria, o “embarque” é uma punição. Só ficou mesmo o pessoal que tem amor pelo que faz, porque o resto se esconde no chão.

A MB está selecionando o pessoal do quadro auxiliar (engenheiros e técnicos) para irem à Europa fazer os cursos de formação e aperfeiçoamento. Poucos são os voluntários, e quando paramos para conversar com eles (voluntários) vemos que a intenção é fazer o curso, voltar, “pagar” (período obrigatório de permanência quando o militar retorne de um curso como este), e então dar baixa para ganhar 5 vezes mais fora da MB.

Desculpe o desabafo, mas se querem realmente reestruturar a MB, reequipá-la com meios modernos, sejam os 10 primeiros como dito nesse post, ou os 16 apresentados, é necessário primeiro investir no pessoal, porque a situação está ficando bastante complicada.

Quando isso ocorrer, eu e a maioria dos Oficiais de Marinha acreditaremos em PEAMB, ou END, e outros mais que forem criados.

Desculpem!

SAIBA MAIS:

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