125 anos da ‘Esquadra de Evoluções’
Há cento e vinte e cinco anos, a alta Administração Naval da Marinha Imperial preocupava-se com o surgimento de novas táticas, especialmente aquelas presenciadas na Batalha de Lissa, que indicavam a dominação dos mares pelas Armadas encouraçadas, agrupadas em Esquadras compostas por unidades com alto grau de eficiência em comunicações e manobra. Nesse contexto, em 19 de agosto de 1884, criou-se a “Esquadra de Evoluções”, integrada pelos Encouraçados RIACHUELO, SETE DE SETEMBRO, SOLIMÕES e JAVARI; Cruzadores GUANABARA, ALMIRANTE BARROSO, TRAJANO e PRIMEIRO DE MARÇO; Torpedeiras de 1ª Classe 1, 2, 3, 4 e 5; e Torpedeiras de 4ª Classe ALFA, BETA e GAMA. Eram ao todo dezesseis navios a vapor, os quais concretizavam todo o avanço que a mecânica, a termodinâmica, a ótica e a eletricidade emprestavam à estrutura dos navios, a sua artilharia e a sua mais nova arma: o torpedo.
O Comando da ESQUADRA DE EVOLUÇÕES foi atribuído ao Chefe-de-Esquadra ARTUR SILVEIRA DA MOTA, Barão de Jaceguai, a quem coube cumprir, dentre outras, as seguintes tarefas, constantes do Aviso n° 1541A de 1884, do então Ministro dos Negócios da Marinha, Almirante JOAQUIM RAYMUNDO DE LAMARE:
– Habilitar os oficiais da Armada na aplicação dos princípios da moderna tática naval;
– Exercitar oficiais e praças no uso das armas ofensivas e defensivas da guerra marítima, e bem assim nas operações de desembarque e ataque de fortificações;
– Estudar a melhor tática a ser adaptada nas Flotilhas de Torpedeiras, quer operem estas isoladamente, quer de combinação com os navios de combate;
– Organizar um novo regimento de sinais adaptados à tática naval moderna; e
– Finalmente, manter, em toda a Esquadra, o mais vivo espírito militar e a mais severa disciplina.”
Naquela época, abnegados marinheiros guarneciam os ninhos de pega e cestos de gávea de nossos navios onde os mais acurados sensores de bordo eram os olhos e ouvidos daqueles homens, que enfrentavam as intempéries da natureza e exploravam os limites da acuidade visual e auditiva para manter a vigilância e dar o alarme da presença do inimigo. Após essa rudimentar detecção, oficiais utilizavam-se de escassos recursos náuticos para calcular, prever e executar as manobras navais que, unidas à iniciativa e à criatividade inerentes ao bom marinheiro, visavam surpreender o oponente. Muito embora as tripulações migrassem da vela ao vapor, as concepções estratégicas de emprego permaneciam as mesmas: batalha decisiva ou esquadra em potência. A independência em relação aos regimes de vento e de correntes facilitava a implantação dessas concepções: buscar o adversário ou evadir-se dele.
Nos dias de hoje, dentro dos nossos passadiços, estações-rádio, oficinas de eletrônica, centros de combate e nos tijupás, verificam-se que a precisão e a rapidez das ações individuais e coletivas durante as operações definem os contornos finais do combate no mar. A despeito do automatismo conferido pelos complexos sistemas navais, permanece o homem, qual no passado, como elemento fundamental para o sucesso das Operações Navais.
FONTE: Marinha do Brasil
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