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vinheta-clipping-navalAtivistas do Greenpeace realizaram uma manifestação neste sábado, no Centro do Rio, contra a transferência de tecnologia francesa para a construção de submarinos nucleares no Brasil. O governo está prestes a adquirir da empresa estatal francesa DCNS (Direction des Constructions Navales Services) quatro submarinos convencionais (diesel-elétricos) Skorpène, mais um casco que – daqui a 20 anos – viria a receber um reator nuclear desenvolvido pelo Brasil.

Durante a manifestação, os ativistas simularam uma situação de vazamento de energia nuclear e ficaram dez minutos deitados no chão como se estivessem mortos. O Greenpeace defende o uso de fontes de energia renováveis, uma vez que o modelo nuclear é mais caro e gera mais riscos de danos ao meio ambiente e à população.

Na semana passada, reportagem do jornal O GLOBO revelou que o custo do pacote negociado pelo Brasil com a França equivale a cerca de R$ 19 bilhões – dois anos de Bolsa Família. Ao justificar a compra, a Marinha sugeriu – em carta enviada ao GLOBO – que a operação tem como objetivo final permitir ao país construir um submarino nuclear com a ajuda francesa.

A carta dá a entender que a França se comprometeria a transferir tecnologia nuclear ao Brasil – o que não é verdade, de acordo com a Parceria Estratégica assinada em dezembro passado pelos presidentes Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a Marinha, a decisão foi a de “buscar parcerias estratégicas com países detentores de tais tecnologias e que estivessem dispostos a transferi-la”.

Mais adiante afirma: “A parceria teria que ser buscada junto a países que produzissem, simultaneamente, submarinos convencionais e nucleares. Depois de longo e acurado processo de escolha, a França foi o país selecionado. É preciso enfatizar que somente quem constrói submarinos nucleares tem condições de transferir a tecnologia necessária para tanto”.

No entanto, o acordo entre Lula e Sarkozy estabelece claramente que “a concepção (expressão dos requisitos e projeto básico), a construção e a manutenção da infraestrutura e dos equipamentos necessários às operações de construção e de manutenção da parte nuclear do submarino nuclear estão excluídas do âmbito do presente acordo”.

FONTE e FOTO: O Globo

NOTA do BLOG: para entender como o Greenpeace vê essa questão,  fomos até a página da organização e encontramos o texto mais abaixo, sobre a manifestação realizada.

Independentemente da interpretação do Greenpeace a respeito do acordo entre o Brasil e a França ser correta ou não, o fato é que a simples citação da  palavra “nuclear” certamente dá margens a reações e interpretações diversas, conforme cada público e interesse – como os leitores do Blog do Poder Naval podem perceber analisando o que saiu na mídia nas últimas semanas e frequentou as páginas do Blog.

É certo que o submarino nuclear da Marinha do Brasil, bem antes de ter sua quilha batida, já luta sua primeira batalha, a da informação. Segue o texto do Greenpeace:

“O Greenpeace organizou hoje uma mobilização relâmpago, a chamada “flash mob”, para protestar contra o acordo de transferência de tecnologia nuclear que o Brasil e está fechando com a França. Três capitais, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, participaram da manifestação que foi realizada simultaneamente em frente a prédios que abrigavam eventos da programação do Ano da França no Brasil. Quase 250 pessoas participaram nos protestos – cerca de 100 em São Paulo, 70 no Rio de Janeiro e 70 em Salvador. Elas deitaram no chão simulando uma morte coletiva.

A estatal francesa Areva é uma das principais patrocinadoras das comemorações que oficialmente tem apenas o objetivo de promover a cultura francesa no Brasil. Entre uma programação e outra, no entanto, os presidentes Lula e Sarkozy vão costurando uma negociação que prevê a venda da falida tecnologia nuclear francesa para o Brasil. Essa transação marca a retomada do Programa Nuclear Brasileiro. “Já assistimos esse filme na década de 70, quando o Brasil pagou bilhões pela sucateada indústria nuclear alemã”, diz André Amaral, coordenador da campanha de nuclear do Greenpeace.

A transação entre os dois países inclui o desenvolvimento de um submarino nuclear, e a construção de um estaleiro e de uma base para submarinos nucleares no Rio de Janeiro, o que custaria aos cofres públicos brasileiros cerca de R$ 28,38 bilhões. No dia sete de setembro o presidente francês estará no Brasil para concluir o processo de venda do navio, que teve início em dezembro do ano passado.

Um bom negócio para a estatal francesa que de acordo com o relatório “Fracassos Nucleares Franceses”, lançado pelo escritório do Greenpeace na França, amargou, em 2008, queda de 20% em seu lucro líquido, na comparação com 2007.

Além de arrombar o erário, os negócios franco-brasileiro, são um atentado contra acordos internacionais que impedem a transferência de tecnologia nuclear para evitar a proliferação de armamentos nucleares no mundo. “Esse pode ser o primeiro passo para o Brasil construir sua bomba nuclear”, diz Amaral.

Do ponto de vista ambiental essa também não é uma boa solução. “O investimento na geração de energia nuclear tem se mostrado um obstáculo para a França cumprir suas metas de redução de emissões dos gases de efeito estufa, o que derruba argumento dos que defendem seu uso para o combate ao aquecimento globa (sic)“, avalia.”

FONTE: página do Greenpeace

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