Problemas técnicos que a Marinha terá de enfrentar no Scorpène
A análise abaixo é fruto do conhecimento obtido em visitas à força de Submarinos do Chile, publicações especializadas e conversas com oficiais submarinistas da MB que embarcaram e operaram em submarinos classe Scorpène.
1) Dificuldades de Manutenção:
- os submarinos franceses possuem uma manutenção mais cara e complexa que os alemães; oficiais chilenos informaram que todos os sistemas possuem pressões e capacidades nominais maiores que os congêneres alemães, o que dificulta a sua manutenção. Ex. os disjuntores da propulsão nos submarinos alemães de 2 e 3 KVA, são de 10 KVA no Scorpene, potencializando as dificuldades e custos de manutenção.
- Os oficiais mais antigos compararam as dificuldades de manutenção com os antigos submarinos classe Oberon ingleses, que foram operados tanto pela marinha do Chile e do Brasil.
- A Marinha do Chile tem grande dificuldade para obter prazos e preços de fornecimento dos itens sobressalentes das indústrias francesas.
- Os periscópios optrônicos dos dois Scorpenes chilenos ficaram inoperantes e a divisão responsável da SAGEM não conseguia atender satisfatoriamente à marinha daquele país.
- Todos os sistemas são dotados de muito sensores, aumentando o custo de manutenção do navio.
- A qualidade do material de construção é em geral muito inferior ao alemão (esta observação é uma unanimidade entre os chilenos).
- Para se ter acesso a alguns equipamentos na livre circulação é necessária à retirada de partes do convés, dificultando e aumentando o tempo de manutenção.
- Os scorpene chilenos estão em média com 150 sensores avariados cada um (sistemas de baterias, motores, hidráulicos …).
- Os MAGE e Radar têm alto índice de falhas.
- Uma avaria ocorrida nos dois navios na válvula de cúpula (equivalente do flap interno nos submarinos classe 209) ocasionou a indisponibilidade nos navios por mais de 30 dias devido as interferências que necessitaram ser desmontadas para se ter acesso as válvulas.
2) Dificuldades Operacionais:
- Não existem ejetores de sinais pirotécnicos nos scorpene, obrigando o uso de sistemas externos de ejeção de sinais, que são mais caros e nunca foram operados pela MB, o que certamente aumentará também as dificuldades de manutenção.
- Os periscópios SAGEM dos Scorpène não possuem estadimetro e o sistema eletrônico instalado não tem precisão e não funcionam na determinação da distancia periscópica.
- É importante salientar que estes periscópios não são os utilizados pela marinha da França.
- A câmara de salvamento dos Scorpene é de difícil acesso e não foi aprovada pelas tripulações chilenas.
- O sistema de compensação de lastro do submarino é lento e não atende às necessidades operacionais de uma rápida imersão ou uma situação de emergência; foram observados tempo superiores há 20 minutos para um submarino retornar à cota periscópica, o que pode colocar em risco o submarino ou o sucesso de um ataque.
- O Scorpène manobra mal na superfície, pior que o classe 209, porque o leme vertical fica 70 % fora da água.
- O sonar SUBTICS tem um rendimento inferior ao CSU-90 (informação dos operadores sonar chilenos).
- Os beliches do Scorpène possuem diversas restrições ao conforto da tripulação, tais como: São fixados no sentido BE/BB, ou seja quando o navio dá ponta o tripulante ou acorda ou cai !!! São 10cm menores em extensão e largura (deve ser porque os franceses são menores que os alemães). São insuficientes para toda a tripulação, caso o submarino embarque a sua dotação completa de torpedos.
- Os compartimentos habitáveis são muito menores que os do classe 214, os banheiros incomodam um tripulante com mais de 1,70 m e a praça d’armas é extremamente pequena e mal comporta 5 oficiais.
- A arquitetura pesada do SUBTICS obriga um enorme contingente de operadores sonar nos submarinos (7) o que desguarnece o departamento de máquinas do navio (informação confirmada pelos imediatos dos navios).