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Atraso na construção dos “Scorpène” complica situação da Marinha Indiana

vinheta-clipping-navalA burocracia da Índia nos contratos de aquisição de armas tem sido considerada a culpada pelo atraso e aumento nos custos na construção dos seis submarinos diesel-elétricos da classe “Scorpène” francesa. Atualmente, o projeto está com dois anos de atraso.

E o atraso é ainda maior se for levado em consideração os vários anos que os burocratas indianos adiaram a decisão de compra. Os atrasos vão custar à Índia meio bilhão de dólares, para um programa que tinha um custo inicial previsto de US$ 4 bilhões.

Há uma certa urgência na construção dos “Scorpène”, porque em 2012, cinco dos atuais 16 submarinos da Índia (10 “Kilo”, dois da classe “Foxtrot” russa e quatro IKL209-1500) serão aposentados (alguns já estão semi-aposentados devido à idade e avarias). Em 2014, a Índia terá apenas cinco submarinos em operação.

Foi somente em 2005 que a Índia assinou um acordo para comprar seis submarinos franceses
“Scorpène”, de propulsão diesel-elétrica e problemas têm ocorrido. O primeiro “Scorpène” deveria entrar em serviço em 2012, com cada unidade custando cerca de US$ 500 milhões. Mas os problemas políticos e de gestão atrasaram a data de entrega por dois anos, e elevaram o preço por unidade em mais de US$ 100 milhões.

Os franceses elevaram os preços de alguns componentes-chave, e a Índia tem tido alguns problemas de produção. O primeiro submarino era para ser construído na França, com os outros cinco construídos na Índia.

Os “Scorpène” são semelhantes aos “Agosta 90B” (também franceses) que o Paquistão comprou. O primeiro dos “Agosta” foi construído na França, mas os outros dois foram construídos no Paquistão. O terceiro “Agosta” paquistanês foi atrasado em mais de um ano porque terroristas islâmicos teriam matado alguns dos engenheiros franceses que trabalhavam no projeto.

A compra dos “Scorpène” pela Índia foi vista como uma resposta ao “Agosta” paquistaneses.
Os dois projetos são semelhantes, com o “Scorpène” sendo mais recente (resultado da cooperação entre franceses e espanhóis).

O “Agosta” desloca 1.500t (na superfície), com uma tripulação de 36 homens e quatro tubos lança-torpedos de 21 polegadas (com 20 torpedos e / ou mísseis anti-navio). O “Scorpène” é um pouco mais pesado (1.700 toneladas), tem tripulação menor (32) e é mais rápido sob a água. Ele tem seis tubos lança-torpedos de 21 polegadas, e transporta 18 torpedos e / ou mísseis.

Agosta A90

Submarinos com AIP

Ambos os submarinos podem ser equipados com um sistema AIP (air independent propulsion), propulsão independente da atmosfera. Este sistema permite aos submarinos permanecerem totalmente submersos durante semanas, tornando-os difíceis de detectar. Com AIP um submarino pode navegar sob a água durante semanas, a velocidades de 5 a 10km/h. Os paquistaneses tem a opção de fazer o retrofit em dois dos seus submarinos “Agosta”.

Ambos os submarinos são armas letais contra navios de superfície. Com tripulações bem treinadas, “Agostas” e “Scorpènes”  podem se aproximar de qualquer navio de superfície, não importa quão boas sejam suas defesas anti-submarino.

Mas os submarinos com AIP são os verdadeiros matadores. Sem AIP, submarinos diesel-elétricos passam parte do tempo usando seus motores diesel para recarregar suas baterias (utilizando o dispositivo snorkel, que é içado até a superfície para aspirar oxigênio e liberar os gases da combustão dos motores).

Mas o snorkel pode ser detectado por modernas aeronaves de patrulha marítima e tanto a Índia quanto o Paquistão estão adquirindo mais delas. A introdução dos “Agostas” e “Scorpènes” tem sido vista como uma escalada na corrida armamentista entre as duas nações.

Enquanto a Índia estava preocupada com a Marinha do Paquistão quando o contrato dos Scorpène foi negociado e fechado, a China agora é vista como o adversário principal. Os submarinos chineses não são tão efetivos quando os do Paquistão, por causa da tecnologia menos avançada e tripulações menos treinadas.

A Índia poderia usar seus Scorpène para confrontar qualquer tentativa da China em expandir sua presença naval no Oceano Índico. Por isso os atrasos e o aumento de custos dos Scorpène estão causando muita preocupação na Índia. Mas no atual ritmo, a Índia terá daqui a 10 anos os seis Scorpène em serviço, com cerca de 12 submarinos em atividade no total, incluindo submarinos nucleares.

A China terá cerca de 60 submarinos, sendo 20% deles de propulsão nuclear.

FONTE: Maritime Press Clippings 2009 – 245 / Strategy Page

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