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Maria Cristina Fernandes

Nem na ditadura um acordo militar do porte daquele que foi assinado esta semana entre o Brasil e a França foi tão pouco debatido. O locus por excelência dessa omissão foi o Congresso Nacional. O episódio, contrariando as mais histéricas aparências, selou definitivamente, a nulidade da oposição.

Com a cumplicidade do noticiário, o Senado Federal conseguiu mobilizar durante seis meses a opinião pública em torno de seus malfeitos já esquecidos, enquanto em apenas dois dias sem holofotes, sob regime de urgência e por votação simbólica, aprovou autorização de crédito de R$ 25 bilhões para o programa do submarino nuclear e a compra de 50 helicópteros militares.

Não é preciso macaquear estrangeiros para lembrar que um aporte dessa magnitude, cujos primeiros desembolsos sequer estão previstos na proposta orçamentária de 2010, não é aprovado num país que se orgulhe de funcionar sob regras democráticas.

O Brasil de dois ditadores – Getúlio Vargas e Ernesto Geisel – abrigou uma discussão mais plural dos dois tratados que, na opinião de um dos maiores especialistas em história militar do país, o professor João Roberto Martins Filho (Ufscar), se lhe igualam: os acordos com os Estados Unidos, assinado em 1953, e aquele selado com a Alemanha em 1975.

A democracia tinha apenas sete anos quando os comunistas encamparam uma mobilização nacional contra o acordo com os americanos que, além de concessões à soberania nacional, previa o fornecimento de minérios atômicos do subsolo nacional aos Estados Unidos em plena escalada da Guerra Fria.

A campanha, embalada pelos protestos contra o envio de tropas brasileiras à Guerra da Coreia, correu o Brasil e, apesar da dura repressão do governo Vargas, chegou ao Congresso Nacional onde mobilizou os partidos de esquerda contra o PSD e a UDN, aliada ocasional de Vargas em sua fase pró-EUA.

O acordo foi aprovado mas não sem antes passar por debates radicalizados dentro e fora do Congresso. No dia seguinte, a União Nacional dos Estudantes decretou luto nacional. No Brasil de Lula, o acordo com a França foi comemorado em parada militar com a claque de estudantes bestializados pelo ´Fora Sarney´.

Em sua mensagem ao Congresso, Vargas acusara os movimentos contrários ao acordo de espraiarem o comunismo internacional disfarçados de pacifistas. Na era Lula, a omissão nem carece de disfarce.

Duas décadas depois, o acordo com os americanos seria denunciado por Geisel. O Brasil acabaria firmando um tratado nuclear com a Alemanha que permitiria ao Brasil desenvolver a tecnologia do urânio enriquecido.

A polêmica foi tamanha que a Câmara dos Deputados acabaria abrindo uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias de que o acordo não havia previsto uma destinação adequada ao lixo atômico nem dado garantias suficientes de que a energia nuclear seria exclusivamente de uso pacífico.

Em ambos os momentos, os militares, ao contrário de hoje, tinham preponderância no debate político. Desta vez, foi um ministro civil quem conduziu o acordo e, munido da estratégia de reaparelhamento das Forças Armadas, selou a supremacia da Defesa sobre as Pastas militares.

Useiro e vezeiro na subjugação do Congresso às conveniências do Executivo, passará aos anais como o primeiro civil a conduzir, sem a legitimidade do debate parlamentar, um acordo militar que redesenha o Brasil na geopolítica mundial.

Ao longo de sua brevíssima tramitação, à qual Jobim compareceu duas vezes sob raras interpelações, levantaram-se suspeitas que não são explicação suficiente para a omissão.

Acusou-se a maior empreiteira nacional, escolhida como parceira da estatal francesa que vai construir o estaleiro dos submarinos, de ter comprado o silêncio das centenas de parlamentares cuja eleição financiou.

Também se levantaram suspeitas sobre uma indústria nacional de helicópteros, em cuja fábrica de Minas serão construídos os helicópteros em parceria com os franceses, que teria zelosamente salvaguardado seus interesses junto a parlamentares da oposição e do governo.

Essa traficância de interesses, se existiu, não terá sido novidade no Congresso Nacional de Lula, Geisel ou Vargas. O que há de novo é que o Poder Legislativo galgou tamanha desimportância que os interesses contrariados pelo acordo não se deram ao trabalho de mobilizar suas bancadas no Congresso Nacional.

A menos que algum imagine que lobbies da indústria armamentista americana, alemã, russa e sueca possam ter escolhido o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) como o único portador de seus queixumes.

Parece mais crível que os interesses contrariados pelo acordo tenham atuado diretamente junto ao Executivo e às Forças Armadas, sem o filtro da Casa que pretende representar a vontade popular.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), ardoroso defensor do acordo desde o início da legislatura, estranhou a ausência de debates. “Não são parlamentares que se deixem levar por uma viagem, um jantar ou um vinho”, diz, sobre a comitiva de parlamentares que foi à França a convite dos fabricantes beneficiados pelo acordo.

A segurança nacional, avocada pelos governistas, não cola como explicação para a unanimidade. Como toda política de governo, há espaço para controvérsias. A chance desse acordo vir a afirmar o Brasil para fora do eixo da hegemonia americana já seria suficiente para acirrar os ânimos que costumavam se radicalizar no Congresso entre tucanos e petistas em torno da política externa brasileira.

Perdeu-se a chance de um debate sobre as opções e o custo de uma estratégia de defesa para o Brasil. Se o acordo é tudo isso que a propaganda governista se orgulha em difundir – pela transferência de tecnologia e capacidade dissuasória do país do pré-sal – os brasileiros nunca o saberão.

FONTE: Valor Econômico, via Notimp
FOTO: Agência Brasil

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KeplerK

“Maria Cristina Fernandes

Nem na ditadura um acordo militar do porte daquele que foi assinado esta semana entre o Brasil e a França foi tão pouco debatido.”

Minha querida, tá dormindo ou quer aparecer? Isso já vem sendo discutido a muito tempo. Informe-se melhor antes de escrever besteiras.

RADAR

Não é válido perder tempo debatendo esta matéria….ridícula…nada a ver…a falta de informação corrompe a verdade…

COMANDANTE MELK

Amigos, só para esclarecer melhor, na visão da imprensa e de alguns militares e varios entusiastas aqui,“civis´´ não devem e não deveriam jamais compor os quadros do Ministerio da Defesa(Ainda que no Projeto de reformulação das forças armadas, diga que será criado cursos -especiais ministrados inclusive por militares-) pelo simples fato de serem “civis´´ e não viverem dentro de um quartel(Mesmo que façam cursos espedificamente focados no assunto Defesa/Militar). Desta forma(Na visão destas pessoas), a nossa opinião meus caros, não deve de forma alguma ser levada em consideração pelos milicos, afinal, somos “apenas a sociedade civil´´ sem noção nenhuma a… Read more »

COMANDANTE MELK

Senhores, isso tudo que a desinformada senhora Maria Cristina Fernandes exprime em seu editorial, é de uma falácia gigantesca. A anos, que até o brasileiro menos afeito ao assunto defesa, sabe que o Brasil está há muito querendo renovar as suas aéronaves de combate(E que infelizmente no inicio do governo Lula o processo foi postergado). Isso, de que não houve discussão(Na camara, e ou com a sociedade), me lembra o fato pelo qual passa o ministro Jobim, com o seu projeto de abrir as portas no Ministerio da Defesa, para que civis possam atravéz de cursos especializados(Ministrados inclusive por militares),… Read more »

Robero CR

“Desta vez, foi um ministro civil quem conduziu o acordo e, munido da estratégia de reaparelhamento das Forças Armadas, selou a supremacia da Defesa sobre as Pastas militares.” Alguém tem de avisar a dona Maria Cristina Fernandes que é assim mesmo no século XXI. Puxem ela do XIX…rápido!!! “passará aos anais como o primeiro civil a conduzir, sem a legitimidade do debate parlamentar, um acordo militar que redesenha o Brasil na geopolítica mundial.” É verdade. Aqui na Suíça isso nunca aconteceria. Aqui é a Suíça né??? “Acusou-se a maior empreiteira nacional de ter comprado o silêncio das centenas de parlamentares… Read more »

BRAVURA

“As democracias são cada vez mais decadentes”

Quem é o autor dessa frase?

Pessoalmente eu não acredito no poder de debate do Congresso ou Senado Brasileiro. Maioria é mal carater.

BRAVURA

Pra não dizerem que eu sou doido, olha o complemento abaixo.

O socialismo é utópico, a democracia tambem.
A teocracia é fanática, a anarquia impossivel.
A ditadura é mentirosa, a monarquia é elitista.

No momento, o melhor regime ainda é a democracia.
– Mas pra que serve o Senado. Se nem no congresso há debate relevente pautado.

bulldog

Na boa. Tá pintando FX-3.

Boris

Tem vez que eu odeio a Internet, mas me alivio quando acesso blogs como esse. Fico imaginando que sem fontes de informação secundárias, não ficaria bitolado o suficiente para achar uma baboseira como essa boa.

Não consigo dar crédito algum a “grande imprensa”, aliás o que tem saido de bobagens na imprensa nacional sobre o acordo com a França tá pra entrar pra história.

Rudi

Dinheiro da CIA para FHC: Lágrimas de crocodilo “Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap”. Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro “Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível”, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de… Read more »

BVR

Robero CR em 11 Set, 2009 às 17:13,

“Me devolve o pirulito” ??!!!???!!!!!….

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!….

Só vc mesmo cara. Muito boa!!!
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk !!!!!!!!!!!!!!!!……

Sds aos do Blog.

BVR

COMANDANTE MELK (em 11 Set, 2009 às 18:30), Muito bem colocado. Há, ainda, mesmo aqui entre os participantes e colaboradores dos blog´s (naval, terrestre e aéreo)aqueles que acreditam que defesa e soberania são assuntos exclusivos de militares. Não leram ou esqueceram Clausevitz, no que tange ao envolvimento de TODA a nação em um conflito. Da mesma forma, se TODA a nação tem que “sangrar”, por que então a nação não pode discutir, elaborar e trabalhar por um plano de defesa, por um acordo estratégico? Concluindo, às vzs alguns criticam o artigo da moça; mas sem perceber acabam validando as idéias… Read more »

mauro dias

A missivista ,é primorosa na argumentação e na lógica exposta,
mas totalmente desprovida de de conhecimento ou de análise mais profunda sobre o assunto.

“Perdeu-se a chance de um debate sobre as opções e o custo de uma estratégia de defesa para o Brasil. Se o acordo é tudo isso que a propaganda governista se orgulha em difundir – pela transferência de tecnologia e capacidade dissuasória do país do pré-sal – os brasileiros nunca o saberão.”

Guilherme

???????????????????????????????????????????????

Mauricio R.

A propina francesa está correndo solta, é espantosa a facilidade com que vendem o Brasil ao interesse frances, assim sem mais nem menos!!!
E eu não estou falando do governo petralha e menos ainda do congresso nacional.

CorsarioDF

Gostei da FOTO!!!!

rsrsrsrsrsrsrs

gerson

caros amigos,

Há se toda as vezes que se precisa-se votar algo em prol do Brasil nossos “mui amigos” parlamentares fizessem assim. Pois sabemos que da forma que nossos politicos agem se fossem debater este assunto do qual eles não sabem nada, só iriam querer saber quem ia da mais propina!!

Marco Antonio Lins

Se penssam assim!

A decisão foi exaustivamente discutida, nada foi feito as escondida
o Fx2 quantos anos já vem descutindo, toda industria ganhou com o acordo. Portanto vamos acabar com bobagens.A defesa do Brasil END,como chamam todos sabiam. E panela que muito meche sai ençossa
ou salgada.

delcio

todos reclamam da obsolencia das forcas armadas , quando o governo resolve investir vem um grupo e critica .
esse contrato frustrou os deputados porque eles nao vao poder fazer emendas e coisas do tipo , o que geraria propinas, subornos , corupcao caracteristicos do congresso .
E uma discuticao sobre o assunto iria somente retardar o processo .
Os deputados nao querem investimentos em defesa nacional eles querem dinheiro para seus currais eleitorais .

Bayron

Falou, falou e não falou nada. O que ela queria? Que o senado também escandalizasse essa negociação?

Os caras tantam montar uma estratégia de defesa para os Brail e os brasileiros ficam revoltados… dá para entender?

João das Botas

O presidente cachaceiro do PT faz e arrota ________e seus puxa-sacos divulgam matérias como esta para imputar a culpa no senado ou nas forças armadas. RIDÍCULO !!!

RodrigoBR

Acho que as decisões foram uma “unanimidade” porque estava claro para todos os parlamentares que o Brasil estava na UTI com suas FAs!

E a culpa de estar na UTI era dos parlamentares mesmo. Foram eles que sempre contigenciaram as FAs após o regime militar.

A autora só está se aproveitando pra se promover, não sabe M@#$@% nenhuma sobre o assunto…

FN

os colegas gerson e Marco Atonio tem toda a razão
e por que ela não estudou o assunto antes de fala besteiras, mal da imprensa brasileira coloca qualquer coisa no papel pra vender!
Podia fala mais, mas os colegas já disseram tudo…

Patriota

Tecnologia de submarinos nucleares é algo muito sigiloso uma vez
que poucos países a dominam , simplesmente não é aconselhavel expor detalhes ao publico de um dos projetos mais importantes da história da MB.

Paulo

“um acordo militar que redesenha o Brasil na geopolítica mundial.” A revolta do articulista é porque não se levantaram vozes que impedissem essa “loucura”! Imaginem os brasucas querendo ter avião de primeira linha, sub nuclear ou escoltas decentes! Como diria o maior entreguista da história do país: “assim não pode, assim não dá!” Se dependesse do PSDB nem mais teríamos Forças Armadas. Vide o ódio com que trata o PSDB os policiais de SP (braço armado do Estado), aonde recebem os piores salários, não são recebidos pelo governador (que recebe até a mancha verde!), que devem usar os helicópteros pra… Read more »

Luís Aurélio

Agora fica claro porque para ser jornalista neste país , não precisa ter diploma. Qualquer lixo, qualquer infâmia, qualquer mentira que se escreva, está ótimo, com tanto que venda jornal! E a anta da maria cristina fernandes , com o artigo: Sem defesa para omissão , é a prova disto. Pena que o blog fica repercutindo um lixo destes!

catraca

Já acho que é o contrário………estudou tanto pra escrever o que não sabe.

Erikson

A imprensa leiga brasileira é totalmente desprovida do interesse em pesquisar sobre assuntos militares, estratégicos da nação. A questão dos subnuc vem se arrastando a muito tempo, e quando ela a imprensa ve qualquer desfecho da questão, ela se surpreende e diz que nada foi discutido … incrível isso…