A nova geopolítica na América do Sul e o PEAMB
A América do Sul passa por um momento de transição. À medida que cresce sua importância no mundo, principalmente devido às suas grandes reservas de petróleo e gás, sua imensa biodiversidade, tanto no continente, quanto nos oceanos Atlântico e Pacífico, e, principalmente, abundância de água potável, tem feito com que os interesses das “Nações Centrais” se voltem para nossa região.
Hoje, é possível perceber um movimento das “Nações Centrais” para criar áreas de influência na região. A Rússia, nos últimos anos aproximou-se da Venezuela e tenta expandir sua área de influência também para o Equador, Bolívia e Paraguai. Os Estados Unidos mantém fortes laços com a Colômbia e o Chile, e tenta uma aproximação maior com o Peru. Já há algum tempo, a China tenta uma aproximação com a Argentina e o Uruguai.
O Brasil, que tem sua própria visão para o futuro do continente, com maior independência para os países, tem procurado não entrar em nenhuma dessas áreas de influência. Dessa forma, buscou uma parceria estratégica que permitisse à Nação, se contrapor a essa nova geopolítica. Como resultado dessa visão, foi assinado o acordo com o Governo Francês.
Para manter sua autonomia e representatividade, não só na região sulamericana, como, também, no restante do mundo, o Governo Brasileiro entendeu que é necessário manter Forças Armadas bem equipadas e treinadas, com quantidade de meios suficiente para fazer valer seus interesses.
Nesse contexto, o Ministério da Defesa solicitou às Forças Armadas, a elaboração de seus respectivos Planos de Equipamento e Articulação (PEA). Cada plano deveria conter as necessidades de meios para os próximos anos e as ações de articulação com a indústria de defesa.
O PEA da Marinha do Brasil, conhecido como PEAMB, apresenta a necessidade de meios para os próximos 30 anos. Orçado em cerca de R$ 250 bilhões, é bastante ambicioso, nele a MB apresentou suas reais necessidades para fazer frente a esse novo contexto.
O PEAMB, prevê a necessidade de 2 navios-aeródromo com cerca de 40.000 toneladas; 4 LHD com cerca de 20.000 toneladas; 30 navios de escolta; 15 S-BR; 5 SN-BR; além de 62 navios de patrulha.
São números ambiciosos que objetivam acabar com o perigoso vazio de poder existente no Atlântico Sul. A MB tem consciência da necessidade de preencher ostensivamente o vácuo estratégico em nosso Teatro de Operações, pois se não o fizer, certamente alguém o fará.