Ary Rongel passa por reparos em Punta Arenas

Em um futuro não muito distante, o Brasil poderá ter uma ‘casa’ maior na Antártida, falou ontem o capitão-de-fragata, André Schumann Rosso. Há quatro anos como responsável pelo setor de logística no Programa Antártico Brasileiro (Proantar) – um projeto interministerial -, ele exemplificou que, nesse tempo, houve uma grande mudança nos trabalhos locais, devido a um plano de expansão iniciado em 2005 e que atualmente está 95% concluído.

Antes do projeto, o repasse anual para a manutenção da base Comandante Ferraz era de aproximadamente R$ 3 milhões e saltou para R$ 10 milhões. Hoje, a base ocupa 2.500 metros quadrados na Ilha Rey George e, segundo Schumann, há possibilidade sim de o País expandir essa área, como fizeram Argentina e Chile. Este último possui uma vila no continente com igreja e acomodações para as famílias dos oficiais.

Se a meteorologia ajudar, na manhã desta quarta-feira embarcaremos num voo com o avião da Força Aérea Brasileira (FAB), com destino à base brasileira mas antes, com uma parada na base chilena, chamada de Base Frei, onde será possível conhecer melhor os investimentos do governo chileno com as pesquisas no continente,

Para Schumann, o alerta mundial sobre o aquecimento global e mudanças climatológicas foi sim, um dos fatores que impulsionou o governo brasleiro a olhar com mais ‘atenção’ para a participação do País no Tratado Antártico. ‘A Antártida sempre esteve presente mas hoje há a massa crítica de interesse científico e a resposta foi prover a expansão’, disse o oficial.

Para o oficial, a localização não interfere na execução de pesquisas, pois os países trabalham em forma de ‘camaradagem’ e muitas pesquisas são realizadas em parceria entre os países acordados. ‘A dificuldade de logística acaba unindo os diversos países’, falou ele, explicando que, como acabam ficando longe e a próxima casa de parafuso está a muitas águas do local, é comum que as bases dos mais distintos países se relacionem e cooperem entre si.

Não partiremos de navio, como previsto inicialmente: nem com o Navio de Apoio a Pesquisas Oceonográficas (Napoc) Ary Rongel e nem com a mais recente aquisição do Proantar, o Navio Polar Comandante Maximiniano (carinhosamente chamado de Max). O ‘Ary’, no qual estamos embarcados desde o domingo ficará por mais uns dias em Punta Arenas, para reparos e, quando chegarmos à Antártida, embarcaremos no Max, que já se encontra na Baía do Almirantado.

Com quase 26 anos servindo o Proantar, o Ary, segundo o comandante, deverá servir a Marinha por mais alguns ‘longos anos’. Ele negou saber sobre intenções de ‘aposentar’ o Napoc e não quis ‘especular’ o tempo de vida útil do navio mas, em nota, a Marinha do Brasil já havia divulgado que o Ary serviria até 2016.

Enquanto o Ary continua no ativa, aproveitamos ontem os últimos momentos sob suas instalações e escadas íngrimes, a principal conhecida como ‘escadaria da Penha’, que ficam mais penosas quando estamos devidamente equipados com nossas andainas (roupas para enfrentar o frio antártico). Na manhã de ontem, enquanto aguardávamos uma posição da meteorologia para sabermos se iríamos ou não voar, pela primeira vez vestimos nossas andainas. Jardineira, jaqueta, botas e materiais de apoio como luvas, óculos, gorro e cachecol compõem o visual que, a partir de agora, será nossa defesa do frio em solos antárticos. Passar 2h ‘paramentada’ foi bom para saber que para vencer o frio, deveremos ainda vencer o peso da andaina e manter o equilíbrio sobre o gelo, o que requer além da prática, habilidade.

No próximo contato, poderemos tanto estar alocados no Max, alojados na base brasileira ou na chilena ou mesmo aqui, ainda no Ary, já que a única coisa certeira nesse lugar são os ventos, responsáveis pela fama de Punta Arenas ser conhecida como sendo uma das cidades onde mais venta no mundo.

FONTE: Jornal Cruzeiro do Sul

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