Novo NApOc gera dúvidas
O recente anúncio de mais uma aquisição para o fortalecimento do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) levantou algumas dúvidas e ainda carece de uma série de explicações.
A divulgação foi feita pela própria Marinha do Brasil no seu site oficial no último dia 2 de maio. Segundo a nota divulgada, a embarcação, ainda em processo de obtenção, está registrada atualmente com o nome Ocean Empress e é operada pela empresa ASK Subsea. Ainda de acordo com a nota o navio não está em operação, pois o mesmo encontra-se no estaleiro BREDO (Alemanha) “realizando uma série de reparos e obras voltados para a conversão em Navio de Apoio “OFFSHORE””.
No item “informações gerais”, está indicado que o navio foi construído no ano de 1988 na Noruega. Mas na verdade a embarcação foi construída nos EUA e entregue ao seu primeiro operador em 1974. No início da década de 1970, com a crise do petróleo e a alta dos preços, o crescimento da indústria de prospecção “offshore” ganhou fôlego. A então Theriot Offshore, empresa da área de apoio offshore, encomendou cinco navios especializados em PSV (“Plataform Supply Vessel”) denominados Theriot Offshore I, II, III, IV, V e VI. Estes navios foram entregues entre junho de 1974 e março de 1975.
Posteriormente, o Theriot Offshore I foi transferido para outros operadores, recebendo os nomes Scotoil 1 e Maureen Sea. No final da década de 1980 os preços do barril do petróleo haviam baixado muito, assim como a demanda para serviços na atividade de óleo e gás. Em 1988 o navio sofreu um processo de reconstrução para transformá-lo em navio de pesca para regiões de altas latitudes. Em 1989 voltou a operar, mas com o nome American Empress e posteriormente como Naeraberg, já como propriedade da JFK, uma indústria de pescados localizada nas ilhas Faroe.
Informações levantadas pelo Poder Naval OnLine junto a fontes norueguesas dão conta de que o navio, quando operava com o nome Naerberg, apresentou problemas de estabilidade e quase emborcou por duas vezes próximo à costa do Alasca. Naquela região as condições de mar são tão exigentes como aquelas apresentadas pelas águas que circundam o Continente Antártico.
Recentemente o Naerberg foi adquirido pela empresa russa de ASK Subsea e rebatizado como Ocean Empress em 25 de março deste ano (quarenta dias atrás). A ASK Subsea é uma empresa de serviços na área de exploração e produção de petróleo em alto-mar estabelecida em 2005. A idéia inicial era converter o Naerberg em um navio de apoio à atividade petrolífera em alto-mar. Porém, não se sabe a razão, o negócio foi desfeito.
Conclusões
Embora muito pouco tenha sido divulgado sobre o eventual aquisição da MB, acreditamos que algumas das informações constantes no site oficial da MB estão equivocadas. Em primeiro lugar a data de construção não é 1988, mas sim 1974. Assim sendo, o navio é muito mais antigo que o informado, superando até mesmo em idade o Ary Rongel, que entrou em atividade como Polar Queen em 1981. O navio já superou trinta anos de serviços contínuos e intensos. Qualquer reconstrução do mesmo dificilmente estenderia sua vida útil para mais do que 10-15 anos. Corre-se o risco de, em 2016, ser necessário retirar de serviço tanto o atual Ary Rongel como eventual Ocean Empress.
Mas a questão principal é o fato de o navio não ter sido construído especificamente para as áreas polares. Caso realmente as informações norueguesas se confirmarem, o navio sofreria muito nas condições ruins existentes ao sul do continente Sul-americano. A adição de mais peso acima da linha d’água, como a construção de um convés de vôo e um hangar para duas aeronaves de pequeno porte, elevariam os problemas de estabilidade da embarcação. (clique na imagem abaixo para ver os planos em detalhe do navio)