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Um dos exemplos mais relembrados pelas autoridades nacionais especialisadas em assuntos de defesa é o caso da Guerra das Falklands/Malvinas, conflito que opôs Argentina e Grã-Bretanha em 1982.

A guerra foi usada, inclusive, pelo ministro da Defesa Nelson Jobim nas suas apresentações às comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados e do Senado, respectivamente, nos dias 26 e 27 de agosto últimos, para apresentar o programa PROSUB.

A exposição do ministro foi encerrada com reportagens de jornais e revistas argentinas e brasileiras da época, exaltando a o papel dos submarinos nucleares da Royal Navy. Os submarinos foram responsáveis pelo eficiente bloqueio naval imposto em torno das ilhas, pelo afundamento do cruzador ARA General Belgrano e por manter toda a frota da Armada Argentina nos portos.

Mas os exemplos deixados pela guerra vão mais além. O ministro não citou que a suspensão do auxílio francês à Argentina também foi um ponto fundamental para a definição daquele conflito. Possivelmente mais importante até que a atuação dos submarinos nucleares.

A atuação dos submarinos britânicos foi de grande importância para o êxito britânico, mas não foi fundamental para a retomada das ilhas. O submarinos cumpriram bem o papel que lhes foi dado – negação do uso do mar. Porém, os britânicos não estavam ali somente para “negar o uso do mar”. Era necessário projetar poder sobre a terra e retormar o arquipélago.

Mesmo com a frota nos portos, os argentinos tinham meios para impedir a retomada das ilhas. Um destes meios era através da aplicação eficiente da aviação de ataque marítimo.

O próprio almirante Woodward admitiu posteriormente ao conflito que a perda de um dos dois porta-aviões comprometeria totalmente a operação.

Não precisa ir muito longe: com um eventual afundamento do RMS Camberra ou do RMS Queen Elizabeth 2 ou de parte dos navios anfíbios da RN, não haveria desembarque.

A suspensão do auxílio francês reduziu a capacidade argentina de empregar o meio mais eficiente, a combinação Super Etendard/Exocet. Tivesse a Argentina recebido toda a sua encomenda e não somente os cinco mísseis e os cinco aviões, a história poderia ser outra.

Como ficaria o Brasil se, por um evento qualquer, a França tiver que suspender o auxílio dela na construção do casco do submarino nuclear ou até mesmo parar de fornecer peças sobressalentes? (pergunta que valeria não só para a França, mas para qualquer outro país que estivesse envolvido, em seu lugar, de maneira tão fundamental num programa desta importância)

Se tivéssemos feito a lição de casa, não necessitaríamos de apoio externo para a construção do submarino nuclear nacional.

IMAGEM: naval-history