Passex do navio-aeródromo USS ‘Carl Vinson’ e cruzador USS ‘Bunker Hill’
Cobertura exclusiva do Poder Naval a bordo da fragata ‘Independência’
Durante a madrugada chuvosa do dia 1° de março no Rio, enquanto nos dirigíamos para a Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ), na ilha de Mocanguê, da perimetral e depois da Ponte Rio-Niterói, era impossível não ficar hipnotizado por aquele número setenta iluminado na baía da Guanabara.
Começava aí o primeiro embarque do Poder Naval em uma unidade de nossa Marinha, a Fragata Independência (F-44), carinhosamente apelidada de “Léo Pirata” e que seria o nosso lar pelos próximos quatro dias.
Pontualmente as 8h30, o Grupo Tarefa (GT) 138.0 suspendia da BNRJ e começava a operação denominada Passex 2010, a parte brasileira da Southern Seas 2010, que consiste na viagem do USS Carl Vinson e do USS Bunker Hill de Mayport (Florida) para San Diego (Califórnia).
Capitânea do GT, embarcara na fragata Independência o Comandante da 1ª Divisão da Esquadra (COMDIV1), o CA Cesar Sidonio Daiha Moreira de Souza e seu Estado-Maior, chefiado pelo CF Ferraz (CEM COMDIV1).
O GT 138.0 era formado ainda pelas fragatas Niterói (F 40) e Constituição (F-42), duas aeronaves AH-11A Super Lynx e um UH-12 Esquilo, embarcados respectivamente nas F 40, 44 e 42, e pelo submarino Tikuna (S-34), que representaria o figurativo inimigo no teatro de operações.
Submarino Tikuna “afunda” USS Carl Vinson
No primeiro dia de manobra, no período noturno, entramos em trânsito sob ameaça submarina. Todos os navios seguiam sob silêncio rádio e sem qualquer iluminação. Só era possível observar ao horizonte, as luzes de anti-colisão de um par de SH-60F Sea Hawk, que caçava insistentemente o inimigo. Enquanto uma das aeronaves seguia “dippando” com o sonar de imersão, a outra orbitava nas próximidades para realizar o ataque com torpedos.
Apesar de todo o esforço do GT, o Tikuna lançou com êxito, de forma simulada, dois torpedos Mk 48 mod 6, “afundando” o USS Carl Vinson.
USS Bunker Hill vai à forra, mas…
Durante os dois dias que se seguiram as manobras de guerra ASW, na terça-feira o USS Bunker Hill conseguiu detectar e “afundar” o Tikuna, porém, na quarta-feira, novamente, o Tikuna conseguiu driblar o GT e mais uma vez disparou dois torpedos contra o USS Carl Vinson, atingindo-o mais uma vez.
Pousando no “Vinson com o Super Lynx
No segundo dia de embarque, houve a visita do COMDIV1 ao USS Carl Vinson e, pela terceira vez, o Poder Naval esteve a bordo do CVN 70, sendo que agora pousando a bordo com o Lince 01 (AH-11A Super Lynx N-4001).
Durante o período que estivemos a bordo, pudemos observar a movimentação frenética das aeronaves. Tão logo tocamos o convoo, já observamos o lançamento de um E-2c Hawkeye pela catapulta de vante e ao nosso lado, com a aeronave rotacionando, um F/A-18E Super Hornet já iniciava seu taxi até a catapulta, enquanto que um F/A-18F, aguardava a sua vez.
Observar pela primeira vez um NAe nuclear norte-americano, ao vivo e a cores, é algo que nos parece surreal, na verdade não se sabe para onde olhar, são Hornets decolando, Hawkeyes e Greyhounds estacionados no convoo e a todo momento uma dupla de Sea Hawks passando ao largo do navio em formatura.
No terceiro dia de manobra, nosso navio foi alvo de um ataque aéreo realizado por dois AF-1 Falcão, pertencentes ao 1° Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1). Durante este ataque, o navio simulou um dano na sala de máquinas 1, entrando em estado de alerta BRAVO UNO. Rapidamente, a equipe de combate a incêndio corria pelos corredores já com seus equipamentos e mangueiras na tentativa de debelar o incêndio a bordo.
Durante todo o período de embarque, a aeronave AH-11A Super Lynx N-4001 (Lince 01) teve uma longa jornada de voos em proveito da missão, realizando QRPB (Qualificação e Requalificação de Pouso a Bordo) e diversos voos de esclarecimento e ataque diurno e nortuno.
O DAE (Destacamento Aéreo Embarcado) da fragata Independência contou com a presença do atual comandante do HA-1 (1° Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque) CF Montenegro, acompanhado do futuro comandante, o CF Muller, do qual tivemos a oportunidade de voar e realizar um pouso a bordo do CVN 70.
No terceiro dia, já com o tempo sensívelmente melhor, acompanhamos as operações aéreas do VF-1 com Vinson, que mesmo sem haver aproximações com “toque e arremetida”, este tipo de exercício é de suma importância para o Esquadrão e seus pilotos, visando o breve retorno as operações aéreas no NAe São Paulo.
A Passex 2010 encerrou-se na noite de quarta-feira (03.03), quando o USS Carl Vinson e USS Banker Hill partiram para realizar exercícios com as marinhas do Uruguai e Argentina, antes de participar novamente de uma ação de ajuda humanitária, desta vez no Chile por ocasião do terremoto que atingiu este país.
Ainda na noite de quarta-feira, durante o jantar oferecido na Praça d’Armas, fomos gentilmente presenteados, pelo CA Sidonio, com um exemplar do livro Poder Naval e uma camiseta da 1ª Divisão da Esquadra, seguido pelo CF Wieland, Comandante da fragata Independência, com um belo boné da F-44 e uma camiseta com a inscrição FINDEP F 44.
Na manhã seguinte, retornamos ao Rio de Janeiro em Parada Naval, por ocasião da despedida do serviço ativo na Marinha do VA Álvaro Luiz Pinto (CEMA) e que contou com a presença do VA Eduardo Monteiro Lopes (ComemCh), ambos a bordo da Fragata Liberal (F-43).
A Parada Naval contou com os seguintes meios da Esquadra: NT Alte Gastão Motta (G-23), Fragata Independência (F-44), Fragata Niterói (F-40), Fragata Constituição (F-42), Corveta Jaceguai (V-31), Navio Hidrográfico Antares (H-40), Rebocador de Alto Mar Alte Guilhobel (R-25) e os submarinos Timbira (S-32), Tapajó (S-33) e Tikuna (S-34), além da Fragata Liberal (F-43).
FOTOS: Guilherme Wiltgen/Poder Naval
NOTA do EDITOR: Agradecemos ao CA Sidonio (COMDIV1), pela atenção dispensada com este “marujo de 1ª viagem”, ao CF Ferraz (CEM COMDIV1) que não poupou esforços para a realização desta cobertura, ao CF Wieland (Comandante) e CF Tito (Imediato) pela paciência e hospitalidade que nos receberam a bordo do “nosso” navio, ao CC Coelho Rangel e a todos os oficiais e praças, que não mediram esforços em esclarecer as dúvidas e a atender as mais diversas solicitações para fotografar todas as fainas realizadas durante o embarque. Agradecemos também ao editor do site Rota Aérea, Rafael Sayão, pela parceria.