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vinheta-destaqueA Marinha Real Britânica (Royal Navy) concordou em sacrificar um de seus dois novos porta-aviões (CVF) para economizar cerca de 8,2 bilhões de libras esterlinas do orçamento de defesa.

Os almirantes, que lutaram duas décadas para garantir as duas aquisições de 65.000 toneladas, foram obrigados a recuar devido ao custo crescente das aeronaves de produção norte-americana, o Joint Strike Fighter (JSF ou F-35B) e que deveriam equipar os dois navios. O movimento é um duro golpe no prestígio da Marinha e veio na esteira do anúncio de Gordon Brown no mês passado, que esta deveria cortar um dos quatro submarinos de dissuasão nuclear, os Trident.

No entanto, é tarde demais para a Marinha renegar os contratos de construção dos dois porta-aviões, o HMS Queen Elizabeth que deve entrar em serviço em 2016 e o HMS Prince of Wales que deverá seguir-se em 2018. Apesar de ser construído, o “Prince” deverá ser utilizado como um navio de comando anfíbio, tendo a bordo somente helicópteros em vez das aeronaves JFS.

O movimento deixará a Royal Navy sem um porta-aviões quando o “Queen” estiver em manutenção e reparos, deixando em aberto a possibilidade de a Marinha, neste caso, ter que solicitar um porta-aviões emprestado à Marinha Francesa. Em uma reunião com Brown no ano passado, Nicolas Sarkosy, presidente francês, tinha sugerido que os respectivos “refits” dos navios desta classe de ambas as marinhas fossem coordenados.

A decisão de ter apenas um porta-aviões novo vai cortar o número de JSF a ser pilotado por esquadrões da RAF (Royal Air Force) de 138 para cerca de apenas 50 unidades, salvando ao orçamento cerca de 7,6 bilhões de libras. A preços correntes o avião vai custar perto de 90 milhões de libras cada um, mas isto pode subir para o até 100 milhões de libras.

Usando o “Prince of Wales” como navio anfíbio, poderá se salvar mais de 600 milhões de libras, o montante que poderia ter sido necessário para substituir o navio de desembarque anfíbio “Ocean”, que deve sair do serviço ativo em 2018. A decisão de reduzir o número de aeronaves JSF foi acordado entre os comandantes das duas forças nas discussões de preparação para a revisão da defesa estratégica. Tanto os políticos trabalhistas quanto os conservadores se comprometeram a realizar uma revisão da defesa estratégica após as eleições gerais, que devem acontecer no final da primavera.

Um alto oficial da Marinha Real disse: “ Nós sempre soubemos que o custo real do projeto era a frota de aviões JSF a ser utilizada nos navios. Isto não nos custaria menos do que 12 bilhões de libras, se adquiríssemos todos os aviões originalmente planejados. Nós estamos acordando para o fato de que todos os aviões seria exorbitante. Mais da metade dos contratos de 5 bilhões de libras para a construção dos dois navios foram já contratados, por isso é demasiado tarde para cancelar a construção dos mesmos. Desta forma pelo menos teremos o “Ocean” coberto quando este der baixa da frota.”

Uma vez que ambos os navios serão construídos é pouco provável a perda de empregos nos estaleiros Rosyth, perto do círculo eleitoral de Brown. As aeronaves JSF estão sendo construídas em Fort Worth, Texas, com a participação da BAE Systems.

A RAF que tinha planejado substituir os seus aviões Tornado pelos JSF, agora pretende substituir todos seus aviões de primeira linha pelos Eurofighter.

Os conservadores disseram que qualquer decisão de cortar um dos navios seria uma “absolutamente inaceitável” e típico de um governo de “caótica, incoerente e incompetente política de contratos de defesa”.

“É desconcertante para a Marinha, é confuso para a indústria e completamente incompatível com todo o conceito de defesa em execução, uma decisão independente”

O Ministério da Defesa, disse Bob Ainsworth, secretário de defesa, manteve-se 100% comprometido com os porta-aviões, mas “a média das circunstâncias financeiras em algumas decisões difíceis terão que ser tomadas de modo a hierarquizar os esforços de nossas forças no Afeganistão”.

A Marinha Real tem atualmente três porta-aviões menores, de pouco mais de 20.000 toneladas, o Illustrius, o Ark Royal e o Invencible, em processo de baixa.

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FONTE: Times On Line

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Felipe Cps

Caramba, o F-35 está se tornando um verdadeiro “destruidor de orçamentos”. Deve de fato ser uma aeronave fantástica, porque seus custos são exorbitantes até para a terra de Sua Majestade Imperial Britânica. O que demonstra alguma coisa daquela tese de que no futuro apenas nações muito ricas ou muito dedicadas à sua defesa terão capacidade de manter uma força de projeção aeronaval no estado da arte. E o que destrói de vez a estapafúrdia tese dos anti-americanos de que o Boeing F/A-18E/F Super Hornet é uma aeronave velha e defasada, próxima a sair de linha. Ao contrário, trata-se de uma… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Se o projeto permitir a instalação de aparelho de parada (mesmo depois de pronto, no caso de mudança de rumo), pode fazer sentido a compra de Super Hornets, ou dar um golpe forte no F-35B, mudando para o modelo C, menos caro. Ou até comprar Rafales, já que o Sarkozy está pensando em operar os da Marine Nationale nos CVF durante refits do Charles De Gaulle. Já pensou uma coisa dessas, britânicos de Rafale? Mais fácil de F-18E/F… Mas há todo o comprometimento até agora com o F-35B, isso é complicado de mexer, a não ser na quantidade de aeronaves,… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Sim, a provisão eu sei que tem, me expressei mal. A questão é se, a essa altura do projeto, das encomendas de materiais, início da construção etc (por isso incluí na matéria outras anteriores, para dar a dimensão do processo), se com tudo isso no pé atual ainda dá pra fazer alterações quando são menos complicadas: durante a construção. Depois de construídos, a coisa fica muito mais difícil.

Colt

É muito interessante.
Eqto o Reino Unido diminuie seu orçamento, países antes mais modestos militarmente, como Índia ou China, vem suas FAs crescerem em capacidade e tecnologia.
Isso me parece o reflexo na área militar das mudanças políticas e econômicas que já enfrentamos e que irão cada vez mais se acentuar.
Os EUA já se preocupam com o poderio militar Chines, mas tb com o poderio econômico. A China tem reservas em dólares maior que um 1 Trilhão de USD!
O espaço é o mesmo mas, mais gente vem para a festa.

Felipe Cps

Colt: Penso que ainda não é um reflexo do reajustamento político-econômico. Veja bem, a China não tinha uma Marinha, apenas agora, bastante tarde, está começando a ter. Já a Índia é aquela zona: os caras tiveram o dom de lançar ao mar um Subnuc sem reator! Hare baba! 🙂 De modo que penso que estas nações apenas estão correndo atrás do prejuízo, coisa que aliás deveremos fazer em breve também (embora já tenhamos uma Marinha). E vale lembrar que estas nações tem reais razões para fazê-lo, ao contrário da GB, que se excluir sua sempre impertinente, mas não mais tão… Read more »

flaviodepaula

É a crise.

será que uma parte do dinheiro que vão economizar com este porta aviões será usado para manter o numero de submarinos?

Será que seria mais barato operar Rafales deste porta-aviões do que F35? O custo com logistica e com doutrina para uma nova aeronave + o custo da aeronave em si, compensariam?

Algumas boas perguntas que me fiz.

P.S. O F35 é carinho heim, se para os aliados e parceiros de projeto esta se tornando proibitivo, imagina para países como o Brasil.

BRASIl!!!

Walderson

Engraçado,

galera, ainda não vi ninguém malhando!!!
O negócio é malhar apenas o Brasil, né?
Fala sério.

Um abraço a todos.

flaviodepaula

Walderson,

É que como agora tem que assinar para comentar, a maioria da galera que só malhava o Brasil, não ta comentando.

BRASIL!!!

danilo

Verdade …

Abs.

Paulo Henrique

Se o F-35 está incomodando a sua aquisição em países como o Reino Unido, imagina o que ele faria por aqui. Teriamos 4 bases, cada uma com 2 vetores…

Wagner

Tsc tsc… que decadência da orgulhosa marinha real… lamentável… estou tão triste por eles… 🙁 🙁