Reator da Marinha será muito mais eficiente que a atual geração
Os dez prédios em construção no complexo militar de Aramar, em Iperó (SP), vão abrigar o Laboratório de Geração Nucleoelétrica (Labgen), de onde sairá o primeiro reator nuclear 100% brasileiro – os de Angra 1 e 2 são, respectivamente, norte-americano e alemão.
A principal aplicação do reator será equipar o primeiro submarino nuclear brasileiro, que deverá entrar em operação por volta de 2020. No prédio principal será montada uma réplica em escala real do submarino, para testar cada detalhe do reator, do motor e de todos os sistemas da embarcação, além de treinar a tripulação.
O reator será de uma nova família, bem mais eficiente energeticamente do que os anteriores, podendo usar combustível menos enriquecido e prolongando em muito a troca por uma nova carga.
“Inicialmente vamos trabalhar em torno de 5% [de enriquecimento].À medida que houver as evoluções, tende-se a ir a 20%. O gerenciamento do combustível hoje é mais inteligente. Consegue-se que o urânio fique mais tempo gerando energia”, explicou o coordenador do Programa de Propulsão Nuclear da Marinha, capitão de mar e guerra André Luís Ferreira Marques, em entrevista à Agência Brasil.
“Nos primeiros navios, tirava-se o urânio ainda com muita energia para queimar, porque eles não conseguiam gerenciar isso direito”, lembrou Marques.
Ele destacou que, além de proporcionar um ganho na área da Defesa, a construção do reator vai beneficiar a sociedade como um todo, já que, extrapolando a escala, o mesmo tipo de projeto poderá mover uma usina nuclear.
“As próximas usinas nucleares usarão tecnologia brasileira, se não em tudo, em uma graduação, chegando futuramente a 100%. O Labgene é o preâmbulo das futuras usinas nacionais. Nós desenvolvemos os fornecedores, que já estão acostumados com as normas técnicas, os cuidados e as inspeções de controle de qualidade, para fazer equipamentos maiores”.
Para Ferreira Marques, “é o início do big bang [uma alusão à teoria da chamada grande explosão que resultou na criação do universo, aceita por parte dos cientistas]. A gênese dos reatores de potência”.
FONTE: Correio Brasiliense
NOTA DO BLOG: no primeiro dos links abaixo, dentre os selecionados da enorme lista matérias que já saíram no Poder Naval sobre o assunto, há a informação sobre um tempo relativamente curto entre os reabastecimentos do reator do futuro submarino nuclear brasileiro (quatro anos), contrastando com a notícia acima.
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Um grande passo para a MB e um passo maior ainda para o Brasil. Só precisamos mostrar muito equilíbrio nas nossas ações externas na relação com as outras nações, para que não inventem um motivo para nos boicotarem.
Prezado Paulo
penso que o mundo perderia muito com um boicote ao Brasil. Nosso mercado interno é muito grande, teremos perdas, mas talvez aconteça como foi com a carne bovina recentemente, tudo foi redirecionado internamente. O reator brasileiro há muito tempo é alvo de especulação, todos querem saber como ele funciona. E o próximo da vez na questão da inspeção a AIEA será o Brasil, por causa desse aparelho da MB.
Off-topic: O The Guardian divulgou que Israel tentou vender armas nucleares a África do Sul.
http://www.guardian.co.uk/world/2010/may/23/israel-south-africa-nuclear-weapons
Em resumo, seremos o próximo alvo das inspeções da ONU…
Sempre a Marinha do Brasil em nossa vanguarda tecnológica. Avente!
Boa notícia. Esperemos apenas um pouco mais de responsabilidade de nosso Itamaralívia, para que não nos tornemos alvo da cobiça mundial.
Sds.
Mais uma vez a Força fazendo seu trabalho com excelência.
Parabéns a todos os envolvidos no projeto em todos os tempos.
Toda a Nação agradece.
Abs.
Marinha esta de parabens entra FAs ela é mais sabia pena o progeto ter demorado tanto mais deu belo resultado agora poderemos ter nossos Submarinos e Navios Nucleares facio facio.
Agora as parceirias da Europa sempre dão em alguma coisa espero que seja a mesma coisa com a França porque a Alemanha nos ajudaram muito.
Com a tecnologia dos reatores de Angra 3, será q teriamos como substituir o maquinário de Angra 1 e 2 pelo o mesmo usado em Angra 3 ??
Caro MN-QS
Me refiro a um boicote tecnológico e não comercial. A Alemanha nos vendeu um reator lá pelos anos 50 e os EUA vetaram por 30 anos a entrega.
Abraços
Paulo disse:
24 de maio de 2010 às 12:01
Concordo com você no que diz respeito a tecnologia, corretíssimo. Mas esse boicote já existe, assim, ele será somente ampliado e oficializado. Vide o problema com peças do satélite sino-brasileiro.
Abraços!
Qualquer coisa a gente troca com petróleo e comida com a China e a Índia (rsrs).
Se estamos desenvolvendo nosso próprio design de reator, então prá que necessitamos dos franceses p/ desenvolver o casco do nosso SSN???
Tomara que os recursos financeiros continuem chegando, sem cortes!
oh JESUS! até que enfim uma noticia boa!
Mauricio,
reator e casco são tecnologias diferentes. Se consegui entender seu raciocínio, vc perguntou com a idéia em mente que fazer um reator é mais dificil que um casco…foi isso mesmo?
Bom, como são coisas bem diferentes e ambas muito complexas, acho razoável para evitar “gastarmos” mais tempo estudando e projetando cascos, pedir (pagar) ajuda de quem ja conhece. Afinal, fazer um casco de um sub nuclear, não é nada facil, pode ter absoluta certesa disso
Que ótima notícia!!!
Quando não falta recursos financeiros e as coisas são levadas a sério com MB vem conduzindo o Programa Nuclear, se deslancha e boas notícias nós chega frequentemente. Estou orgulho nosso corpo científico brasileiro, mostrando nossa capacidade de criação, desenvolvimento e destreza em situações adversas.
Espero que dessa vez a coisa chegue ao final.
Este tipo de tecnologia deve ser politica de estado – não apenas da MB.
Como o tempo é muito longo, sujeito a muitas interferencias.
Parabens a Marinha do Brasil por não ter desistido deste projeto.
Eu vejo o boicote que o Brasil vem sofrendo a anos do “clube do bolinha nuclear e militar”, liderado pelo Tio Sam, como uma grande oportunidade de desenvolvermos nossas próprias tecnologias. Antes eles boicotavam ou vetavam a entrega de determinada tecnologia nós paralisava-mos nossos projetos pois não havia pesquisa e estudos próprios principalmente porque o GF não tinha ou não disponibilizava dinheiro para continuarmos o projeto. E o caso citado acima os EUA vetou entrega do reator da Alemanha por 30 anos, e este próprio projeto do Sub-Nuclear que ficou paralisado por anos. Mas agora vemos um horizonte promissor, os… Read more »
“e aumentando o tempo entre reabasticimentos, fantástico). É isso que eles estão doidos pra descobrir ”
Os EUA já descobriram isso decadas atrás…os submarinos Los Angeles
melhorados, os Seawolf e os novos Virginias precisam de apenas um reabastecimento durante os cerca de 30 anos de vida.
Corrigindo…
NÃO precisam de reabastecimento durante os cerca de 30 anos de vida!!
Hehe tomara que nosso (s) Sub nunca precissem de reabastecimento por 40-50 anos de vida 😀
Bem que poderia ter um Nae Nuclear também……….
“…os submarinos Los Angeles melhorados, os Seawolf e os novos Virginias NÃO precisam de reabastecimento durante os cerca de 30 anos de vida!!”
Só se esqueceu de comentar que o urânio usado neles é enriquecido em grau mais elevado que os 20%:
http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_United_States_Naval_reactors#Submarine_reactors
http://www.fas.org/man/dod-101/sys/ship/eng/reactor.html
Alex Nogueira disse:
24 de maio de 2010 às 14:53
Hehe tomara que nosso (s) Sub nunca precissem de reabastecimento por 40-50 anos de vida 😀
Infelizmente, se ficar mais tempo atracado que no mar, o urânio vai durar mil anos.
Bastante elegante o projeto dos engenheiros nucleares da marinha. A disposição do vaso de pressão, dos geradores de vapor, bombas de circulação, pressurizador em uma sessão de casco compacta e isolada. Tudo obedece a uma lógica complexa mas que realizado com o talento de um projetista de elevadíssimo nível técnico como os deles, fazem parecer tão simples um sistema tão complexo. Esta é a mágica da boa engenharia, colegas de profissão sabem exatamente o que quero dizer. Porem meu otimismo com este projeto não concorda que ele seja mais eficiente do que os seus pares da atual geração. Como primeiro… Read more »
Caro Leandro RQ,
“Em resumo, seremos o próximo alvo das inspeções da ONU…”
Como signatários do TNP, nós já somos inspecionados pela ONU.
Caro Alfredo.Araujo,
“Com a tecnologia dos reatores de Angra 3, será q teriamos como substituir o maquinário de Angra 1 e 2 pelo o mesmo usado em Angra 3 ??”
Angra 3 é igual a Angra 2, mesmo projeto, mesmo reator etc.
Angra 1 é um projeto diferente de 2 e 3. Tem cerca da metade da potência das outras duas.
Caro Dalton, “Os EUA já descobriram isso decadas atrás…os submarinos Los Angeles melhorados, os Seawolf e os novos Virginias precisam de apenas um reabastecimento durante os cerca de 30 anos de vida.” Sim, mas o combustível que eles usam é enriquecido a 93% ou mais (já se chegou a 97%). Os submarinos russos ficam na faixa dos 45%. A maioria dos submarinos nucleares parte dos 20%. Outra coisa importante sobre esse tipo de reator (provavelmente o nosso também) é que eles não usam óxido de urânio como combustível (como nas nossas usinas nucleares PWR). Normalmente é usada uma liga de… Read more »
Cara Elizabeth,
“O que não é nenhum demérito a seus projetistas, mas dai a acreditar que o SNA terá um reator equivalente ou melhor que a atual tecnologia, me parece simples patriotada.”
Por que não? O projeto das nossas centrífugas é mais recente, foi feito aqui e é o que há de melhor no mundo. Nosso reator pode seguir a mesma trajetória. Competência técnica para isso temos de sobra.
KeplerK disse:
25 de maio de 2010 às 2:39
Por que não? O projeto das nossas centrífugas é mais recente, foi feito aqui e é o que há de melhor no mundo. Nosso reator pode seguir a mesma trajetória. Competência técnica para isso temos de sobra.
Você viu as instalações dos EUA, do Brasil, da China, da Russia e da India para comparar? Como sabe se eles não tem nada melhor?
É prudente manter um pé atras com essas patriotadas, “melhor do mundo”, “seleto clube”, “um dos maiores do mundo”, “único no hemisfério sul”.
amplexos