Oceanografia sofre carência de gente e de dados confiáveis

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O Brasil tem quase 8 mil quilômetros de costa e o pré-sal pode ser uma grande promessa econômica, mas a ciência do mar, no país, ainda engatinha na praia.

Não há recursos humanos: em 2008, 673 profissionais foram formados na área –a maioria engenheiros de pesca e oceanógrafos. Em comparação, ao ano o país forma cerca de mil físicos, mais de 7 mil nutricionistas e mais de 100 mil bacharéis em direito.

“O maior problema, de longe, é a falta de gente. Dinheiro não falta”, diz Carlos Schettini, da Universidade Federal do Ceará.

Apesar da variedade de temas da área, que abrange desde as correntes marinhas, passa pela composição química dos oceanos e chega aos organismos que vivem neles, não existem também grandes congressos científicos nacionais sobre ela.

Não há, aliás, sequer uma sociedade de porte que una os cientistas. Além disso, não existe um instituto responsável por coletar dados no mar que sirvam de referência. “Nossas séries temporais são muito pequenas, é muito difícil achar uma série com dados de um período maior do que 10 anos”, diz Ruy Kikuchi, oceanógrafo da Universidade Federal da Bahia.

“Precisamos de uma Noaa. Ou um Serviço Geológico do Brasil para o mar, um Serviço Oceanográfico Brasileiro.” A Noaa é a agência americana que monitora oceanos e atmosfera. Entre mudanças de nome, tem 203 anos –e, então, séries históricas de balançar coração de cientista.

Para os cientistas, a pequenez das ciências do mar pode ter causas históricas no país, que teria tradição mais continental do que marítima. Eles elogiam o papel da Marinha no levantamento de dados oceânicos, mas dizem que seria bom evitar que esses dados fossem militares –a Noaa, por exemplo, é civil.

“O Brasil comporta um instituto de pesquisa da Marinha, próximo de questões de interesse da Marinha, mas isso não significa não possamos ter uma agência civil”, diz Paulo Nobre, do INPE.

FONTE: Folha de São Paulo

FOTO DO ALTO: Navio Oceanográfico “Prof. W. Besnard”, via Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo. Segundo o site do Instituto, o navio foi construído em 1967, na Noruega, sendo o primeiro navio oceanográfico construído para a Universidade de São Paulo e uma importante plataforma de trabalho para as investigações oceanográficas. O Navio dispõe de equipamentos modernos de navegação e de amostragem oceanográfica remota, realizando muitos cruzeiros a cada ano. No passado, participou seis vezes dos cruzeiros do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR – 1983 a 1989).

FOTO DE BAIXO: Marinha do Brasil (Navio de Apoio Oceanográfico (NApOc) Ary Rongel e o Navio Polar (NPo) Almirante Maximiano na vigésima oitava Operação Antártica (OPERANTAR XXVIII), iniciada em 19 de outubro de 2009.

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