A China não tem condições de impedir exercícios navais dos EUA perto das suas costas, mas essas atividades podem agravar a desconfiança de Pequim em relação a Washington, além de aumentar a pressão pelo fortalecimento militar chinês, disse na segunda-feira o contra-almirante Yang Yi, pesquisador-sênior da Universidade Nacional de Defesa.

Yang afirmou à Reuters que a China também está “preocupada” com os exercícios conjuntos desta semana envolvendo EUA e Coreia do Sul. São atividades principalmente terrestres, que segundo Yang poderiam “inflamar” a vizinha Coreia do Norte e alimentar tensões regionais.

Mas a China vê uma ameaça muito mais direta nos planos do Pentágono para a realização de novos exercícios navais com a aliada Coreia do Sul, que envolveriam o envio de um porta-aviões ao mar Amarelo, entre a China e a península da Coreia.

O Pentágono não informou a data desses exercícios, que Yang afirmou que seriam provocativamente próximos do norte da China.

“Se os Estados Unidos entrarem de fato no mar Amarelo, a China possivelmente não poderá usar a força militar para impedi-los. Isso criaria o risco de um confronto militar, e seria pouco inteligente por parte da China e dos Estados Unidos”, afirmou ele na entrevista telefônica.

“Mas se os Estados Unidos insistirem em levar isso adiante, estarão jogando uma pedra no próprio pé. Eles irão prejudicar as relações de longo prazo entre China EUA.”

Yang e outros oficiais de alta patente já haviam expressado sua preocupação em artigos num jornal militar

“Como os planejadores estratégicos militares da China verão isso? Quando os Estados Unidos se preparam para usar o poderio militar para ameaçar os interesses nacionais da China, o que podemos fazer? Precisamos fortalecer nossa força militar”, disse Yang.

O contra-almirante não é um porta-voz oficial dos militares, mas um influente estrategista. Ele já foi diretor do Instituto de Estudos Estratégicos, da Universidade Nacional de Defesa, que treina oficiais promissores.

Os atritos entre Pequim e Washington por causa de reivindicações marítimas da China e das atividades navais dos EUA se somam a uma lista de outros motivos de irritação entre as duas partes, como as vendas de armas norte-americanas a Taiwan, a repressão no Tibete, as restrições chinesas na Internet e a política cambial da China.

FONTE: Chris Buckley – Reuters, via Estadão

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