IPERÓ – Em uma estrada vicinal, a 130 quilômetros de São Paulo, seguem em ritmo acelerado as obras da terceira usina nuclear brasileira, programada para 2014.Essa central, que está em desenvolvimento pela Marinha do Brasil no Centro Experimental de Aramar (CEA), Município de Iperó (SP), faz parte do seu programa nuclear, cujo objetivo é desenvolver o sistema de propulsão do primeiro submarino nuclear brasileiro, previsto para 2020.

Enquanto isso, o Ministério Público Federal discute com a Eletronuclear e com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a paralisação das obras de Angra 3 (prevista para 2015).

A central de Iperó é uma miniusina que terá como função simular o funcionamento, em escala real, do reator que equipará esse “vetor de patrulhamento”, conforme classifica o coordenador do Programa Propulsão Nuclear, comandante André Luís Ferreira Marques.

A etapa da construção civil das 11 edificações que em 2014 irão compor a central termonuclear começa a tomar forma. O prédio central, que abrigará este reator, já está em fase avançada e, em paralelo, os operários trabalham nas fundações dos demais edifícios que devem suportar, segundo explicou o coordenador, do impacto de pequenas aeronaves a tempestades mais severas, como tornados, fenômenos estes não muito raros no interior do Estado de São Paulo.

É uma verdadeira usina que poderia ser chamada de Iperó-1, ou, como preferiu referir-se Ferreira Marques, “Eu diria a você Brasil-Marinha-Iperó-1”.

A construção desta central nuclear se deu pela necessidade de realizar testes intensivos no reator que equipará o futuro submarino que, de acordo com o capitão, é uma verdadeira usina que se desloca. Inclusive o coração dessa usina utiliza a mesma tecnologia empregada nas centrais termonucleares de Angra, a PWR, com água pressurizada para geração de energia.

Início

Esse projeto começou na década de 1970, em São José dos Campos (SP). A meta de desenvolver um projeto de propulsão movido a energia nuclear pela Marinha se deu em função da inexistência de uma indústria nacional que detivesse a tecnologia para o seu desenvolvimento. “Naquela época, havia necessidade de criar toda uma infraestrutura que não existia no Brasil, por isso a Marinha teve de se envolver em pesquisas para sua aplicação na defesa da soberania nas águas nacionais”, explicou o oficial, que é capitão-de-mar-e-guerra. Com esse objetivo em foco, uma área de oito milhões de metros quadrados (pertencente à Fazenda Ipanema), localizada no limite da pequena cidade, próxima de Sorocaba, foi a escolhida para receber o centro da Marinha. Ferreira Marques enumerou diversas vantagens que levaram à escolha. A Marinha já estava atrás de uma área que reunisse as condições encontradas aqui, entre elas a que disponibilizasse uma linha de transmissão – e neste local passa justamente a linha da usina hidroelétrica de Itaipu, que corta o terreno do Centro.

“Precisamos de abastecimento de um grande volume de energia para as atividades de Aramar, não somente para receber essa energia, mas para realizar o escoamento da produção do reator”, comentou ele. Além disso, destacou a característica inóspita da área, a proximidade aos maiores centros urbanos do País e o isolamento obtido para contornar qualquer incidente ou emergência, seja de caráter físico ou nuclear, que possa ocorrer.

Abastecimento

A fase mais adiantada de implantação é a de conversão do concentrado de urânio (yellow cake) em hexafluoreto de urânio (UF6), atividade que é realizada no Canadá no caso de atendimento das centrais nucleares de Angra dos Reis. As ultracentífugas que realizam o enriquecimento do urânio e os equipamentos para sua conversão em pastilhas já estão em operação.

“Um dos desafios para a operação do submarino é o fornecimento de combustível, pois ninguém vai vender esse produto, já que a meta é aplicação em defesa; há uma restrição das outras nações em fazer a venda. Encaramos o fato como uma medida natural. Por questão de soberania, uma nação não contribui com a defesa da outra”, explicou.

Aramar está a poucos meses de iniciar esse processo de conversão do concentrado de urânio para UF6. A previsão é de a Usexa, unidade responsável pela atividade, operar em 2011. Ferreira Marques não indicou uma data específica de inauguração. Atualmente, a unidade, que pode ser vista da rodovia que dá acesso ao complexo da Marinha, passa por testes nos sistemas de segurança.

Quando entrar em operação, o CEA terá capacidade instalada de 40 toneladas de UF6 por ano e atenderá todas as necessidades da Marinha. O excedente ainda será insuficiente para atender as usinas de Angra dos Reis. Segundo o capitão, essa demanda será suprida pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que construirá com o auxílio da própria Marinha, uma planta cerca de 30 vezes maior que a de Aramar. “Atendemos prioritariamente o nosso programa nuclear e, de forma secundária, a matriz energética nacional. Aqui é apenas o catalisador da pesquisa que é utilizado para evitarmos erros e aplicarmos esse conhecimento em escalas maiores com total segurança”, acrescentou. Mesmo com a proximidade das operações para as quais foi projetado, Ferreira Marques afirma que Aramar nunca será finalizado. “Sempre teremos um projeto novo para pesquisa e isso impede que possamos afirmar que o CEA está terminado.”

A 130 quilômetros da cidade de São Paulo, seguem em ritmo acelerado as obras da terceira usina nuclear brasileira, programada para começar a operar em 2014. Essa central, que está em desenvolvimento pela Marinha no Centro Experimental de Aramar (CEA), no município paulista de Iperó, faz parte do seu programa nuclear, cujo objetivo é desenvolver o sistema de propulsão do primeiro submarino nuclear nacional, previsto para 2020.

A central é uma miniusina que terá como função simular o funcionamento, em escala real, do reator que equipará esse “vetor de patrulhamento”, conforme classifica o coordenador do Programa Propulsão Nuclear, comandante André Luís Ferreira Marques.

Segundo o capitão, essa demanda será suprida pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que com o auxílio da Marinha construirá uma planta cerca de 30 vezes maior que a de Aramar. “Atendemos prioritariamente o nosso programa nuclear e, de forma secundária, a matriz energética brasileira. Aqui é apenas o catalisador da pesquisa, que é utilizado para evitar erros e aplicar esse conhecimento em escalas maiores com total segurança”, acrescentou. Mesmo com a proximidade do início da operação, Marques afirma que Aramar sempre terá um projeto novo.

Na sexta-feira, a Eletronuclear informou que a Usina Angra 1 teve de ser desligada. A empresa garantiu que os equipamentos que apresentaram problema não têm contato com a área onde está a radioatividade.

FONTE: DCI

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