O Ministério da Defesa da Coreia do Sul disse nesta terça-feira que o disparo de projéteis efetuado pela Coreia do Norte e que deixou no mínimo dois mortos foi uma violação clara do armistício entre os dois países, e que o governo norte-coreano havia planejado os ataques intencionalmente. “Esse é um ataque intencional e planejado… e é claramente uma violação do armistício”, disse Lee Hong-ki, autoridade do Ministério da Defesa, a jornalistas. A Coreia do Norte acusou nesta terça-feira a Coreia do Sul de ter disparado primeiro, informou a agência oficial norte-coreana KCNA.

A artilharia da Coreia do Norte disparou nesta terça-feira (23) dezenas de projéteis contra uma ilha sul-coreana, em um dos mais pesados bombardeios contra o sul desde a Guerra da Coreia (1950-1953). Pelo menos dois soldados morreram  e 15 ficaram feridos, alguns em estado grave, segundo o ministério da Defesa sul-coreana. Forças sul-coreanas revidaram e enviaram um jato de combate para a área.

A Casa Branca condenou fortemente o ataque e exigiu o fim das ações. “Os Estados Unidos condenam fortemente um ataque de artilharia desfechado pela Coreia do Norte contra uma ilha da Coreia do Sul e pedem à Coreia do Norte que interrompa suas ações beligerantes”, disse a Casa Branca em um comunicado.

A Rússia vê “um perigo colossal” na escalada da violência na península coreana, disse o ministro do Exterior Sergei Lavrov. “É necessário encerrar imediatamente todos os ataques. Há um perigo colossal que deve ser evitado. A tensão na região está aumentando”, disse Lavrov a jornalistas durante visita ao Belarus.

A China expressou preocupação com as informações sobre o ataque norte-coreano a uma ilha sul-coreana nesta terça-feira, no último incidente na escalada de tensões na península que faz fronteira com o território chinês.

Um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Hong Lei, disse em entrevista à imprensa que os dois lados da península deveriam “fazer mais para contribuir para a paz” e que é imperativo o retorno às conversações envolvendo seis países, com o objetivo de por fim ao programa nuclear da Coreia do Norte.

“Ouvimos as notícias e expressamos nossa preocupação. A situação ainda precisa ser confirmada”, disse Hong, respondendo a uma pergunta sobre o ataque de artilharia desfechado pela Coreia do Norte.

A China é o único aliado expressivo da Coreia do Norte. A ajuda econômica e o apoio diplomático chinês são importantes para o isolado país comunista, cujo líder, Kim Jong-il, visitou a China duas vezes este ano para fortalecer as relações bilaterais.

Ataque à ilha

A TV sul-coreana YTN afirmou que pelo menos 200 tiros foram disparados contra Yeonpyeong, que fica na costa ocidental da península dividida entre as duas Coreias. A maioria dos projéteis caiu em uma base militar sul-coreana.

“As casas e montanhas estão sob fogo e as pessoas estão sendo removidas. Não dá para enxergar direito por causa das nuvens de fumaça”, disse uma testemunha na ilha à TV YTN. “As pessoas estão apavoradas. Enquanto falamos, os disparos continuam.”

As autoridades pediram aos 1.700 habitantes da ilha que evacuem a área, enquanto as imagens de televisão mostram altas colunas de fumaça e casas em chamas.

Os disparos norte-coreanos iniciaram por surpresa às 14h34 local (3h34 de Brasília) sobre a ilha de Yeonpyeong, na zona fronteiriça do Mar Amarelo.

Imediatamente depois, o Estado-Maior sul-coreano enviou uma mensagem telefônica à Coreia do Norte através de uma linha especial para pedir que o vizinho cessasse os disparos, que não voltaram a se repetir até o momento.

O exército da Coreia do Sul se encontra em estado de alerta máximo e já mobilizou caças de combate F-15 e F-16 na região. O presidente, Lee Myung-bak, pediu contenção para evitar uma perigosa escalada da violência.

O presidente sul-coreano disse que é preciso ser dada uma resposta firme ao ataque contra a ilha de Yeonpyeong, situada a apenas 120 quilômetros da capital, Seul. Desde que foi eleito presidente, há cerca de três anos, Lee vem adotando uma linha política dura em relação ao Norte.

As duas Coreias ainda estão tecnicamente em guerra, já que o conflito dos anos 50 terminou sem a assinatura de um acordo de paz, mas apenas com um armistício.

No começo do ano, a tensão na península coreana subiu drasticamente, depois que o governo sul-coreano acusou o Norte de ter torpedeado uma de suas embarcações navais, causando a morte de 46 marinheiros.

FONTE: UOL

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