A Marinha do Brasil, desde a época da operação do NAeL Minas Gerais, utilizava o procedimento de lançamento de cargas-teste por meio das catapultas, para atualização e homologação dos chamados “Boletins de Lançamento”.

Tal documento consiste numa grande tabela onde constam as correspondências entre o peso de decolagem das aeronaves a serem lançadas, a velocidade final alcançada na trilha da catapulta e a pressão de vapor aplicada na catapulta, por ocasião do respectivo lançamento.

A carga-teste, na forma de um carrinho, era carinhosamente chamado de ‘Amélia’ pela tripulação do navio. Com a chegada do  NAe São Paulo, a MB, que já contava com a ‘Amélia’ do saudoso ‘Mingão’, ganhou dois novos personagens para testes: as ‘Brigittes’! A MB passou assim, a  ter mais opções para poder simular as cargas com esses 3 “personagens” .

Tais carrinhos permitem a colocação, em partes, de blocos metálicos em seu interior, permitindo a regulagem do seu peso, simulando,assim, as diversas configurações de lançamento das aeronaves. O NAe São Paulo, com suas duas catapultas a vapor Mitchell-Brown BS-5 de 52 metros, é capaz de lançar aeronaves com peso entre 15-20 toneladas, a 110 nós. Uma está instalada a vante (20 ton), e a outra no convés em ângulo (15 ton). O NAe São Paulo, após realizar manutenção nas catapultas, precisa testá-las para certificar-se de que tudo está 100% com os sistemas, bem como atualizar o Boletim de Lançamento”, citado anteriormente, antes de se fazer ao mar para operar com as aeronaves do VF-1. É nessa hora que a ‘Amélia’ e as ‘Brigittes’ entram em ação.

Cabe uma observação sobre a diferença de capacidade entre as catapultas. Ambas são iguais e podem operar com carga máxima de 20 ton, porém, por uma questão estrutural nas chapas que compõe o seu trilho de lançamento, a catapulta lateral só opera com 15 ton.

Muito se fala que as catapultas poderiam operar com 10% a mais de carga, mas muitos se esquecem que se a MB optar por este tipo de uso, o número de disparos/lançamentos diminuirá de forma muito significativa, o que acarretará em paradas precoces para retrofit das mesmas.

O numero de lançamentos após um retrofit gira em torno de 3.000 disparos com o uso dentro dos parâmetros normais.

Vários disparos são efetuados antes de se atrelar os carros à catapulta. O som é igual ao de um canhão e o navio todo estremece.

Cabe ao Oficial da Catapulta disparar os carros de testes de carga e checar a cada disparo a velocidade que os mesmos irão alcançar, tudo coordenado pelo Chefe do Departamento de Aviação.

Com a dilatação que ocorre no trilho da catapulta, a cada disparo a velocidade aumenta e quando atinge a velocidade desejada, a mesma está apta a lançar o carro com uma carga que ficará entre 7 ton e 10 ton.

Após cair na água, um mergulhador rapidamente prende cabos no carro e o mesmo é içado para o cais, onde será levado para o convôo do NAe São Paulo e preparado para mais um “mergulho”.

As fotos que estão neste artigo foram feitas em 2005 uma semana antes da saída para execução da VSA do NAe São Paulo.

Infelizmente, nesta saída ocorreu a ruptura de um dos tubos da rede de vapor auxiliar da catapulta de vante do navio, no momento em que a mesma tinha sua pressão aumentada,  preparando-se para os lançamentos programados para aquele dia, com as aeronaves AF-1 do esquadrão VF-1.

Nesta oportunidade realizamos fotos bem interessantes dos testes com as ‘Brigittes’. Vejam abaixo:

O NAe São Paulo sofreu, após este infortúnio várias reformas e atualizações , incluindo o retrofit de sua catapulta lateral, executada pela RR.

A catapulta de vante irá queimar seus disparos até o fim, quando então a mesma também será retrofitada e a lateral cuidará de todos os lançamentos até que a de vante esteja apta novamente.

Em breve, mais artigos inéditos sobre o NAe São Paulo.

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Junior (SC)

Padilha, TKS pela fotos e pelo belissimo texto, muito bem explicadinho, eu que sou “meio leigo” entendi tudo.
Parabéns ao PA e PN.

Pessoal que não é assinante, fica a dica.

Cesar

É bom aprender detalhes sobre o funcionamento de uma NAe e termos informações de como anda a capacidade operacional do nosso São Paulo. Bem oportuna a matéria.

Yluss

Muito bacana conhecer de perto tudo isso, aliás, é disso que eu como leitor mais gosto 🙂

As duas últimas fotos, se eu estivesse de longe, olhando pra esses navios, juraria que ou eles estavam sendo atacados e os obuses caindo quase no alvo ou eles estavam atacando algum submarino com cargas de profundidade 😀 … hahaha

Sds

Fernando "Nunão" De Martini

Interessante é a origem no nome Amélia para o carrinho do Minas Gerais, remontando à virada dos anos 50 para os 60.

Segundo o primeiro comandante do navio, Helio Leoncio Martins, a tripulação que realizava as primeiras provas da catapulta do Minas, ao largo da Holanda, deu o nome ao acompanhar a sina do carrinho, sendo catapultado, caindo no mar, recuperado e posto novamente à catapulta, relançado, vezes e mais vezes.

Ganhou logo o apelido de Amélia, “a mulher de verdade, humildemente pronta a servir, por pior que seja tratada”.

Vassili

As duas últimas fotos:

Mk-83 de 1000lb que erraram por pouco nosso “Opalão” velho de guerra.

Se tivessem acertado………………….. adeus véio opala 6cc….. rsrsrsrss…..

Brincadeiras à parte, a matéria nos dá uma pequena mostra de quão grandiosa é a manutenção de um navio do porte do A-12.

abraços.

luisnesbeda

TKS bela matéria dia adia eu aprendo um pouco mais do nosso PA, vou ficar em QAP com novas matérias.

luisnesbeda

Quem pode informar dos incendios ocorridos no PA no mes passado, foi grave quais foram as consequencias.