NAe ‘São Paulo’ – Modernização das URA

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Você sabe o que é uma URA? São as “Unidades de Refrigeração de Água”, peças chave no sistema de refrigeração da maioria dos navios, militares ou não. Muito pouco se sabe sobre elas  e o Poder Naval tentará mostrar um pouco sobre a modernização das mesmas no NAe São Paulo.

Nas URA, uma tubulação que conduz água doce troca calor e tem sua temperatura abaixada por um agente resfriador. Posteriormente, essa água doce, agora gelada, é transportada por todo o navio, resfriando nos diversos locais de bordo, equipamentos eletrônicos e também produzindo ar frio nas unidades condicionadoras de ar, para o conforto da tripulação.

O agente refrigerante, aquecido pela troca de calor com a água doce nas URA, é novamente resfriado pela ação da água do mar. O NAe São Paulo possui 4 URA e as que o equipavam quando foi adquirido pela Marinha do Brasil, ainda datavam de 1956, ou seja, possuiam a mesma idade do navio.

Durante todos os anos em que o ex-Foch operou, elas funcionaram bem e pelo visto, nunca houve a necessidade de troca-las. Porém, com a incorporação do ex-Foch na Marinha do Brasil, agora denominado NAe São Paulo, muita coisa mudaria. Abaixo imagens de uma URA original em funcionamento.

Com o inicio das operações no Atlântico Sul, verificou-se que o sistema de refrigeração do navio apresentava menor rendimento, principalmente pelo fato da temperatura da água do mar nas nossas águas ser, em média, bem superior às do Atlântico Norte, prejudicando a ação resfriadora da água do mar sobre o agente refrigerante e, consequentemente, deste sobre a água doce.

Para a tripulação isto gerou algum desconforto, além do que, com maiores consequências, diminuiu a capacidade de resfriamento dos equipamentos eletrônicos de bordo. Todos os sistemas eletrônicos do navio começaram a apresentar aquecimento, provocando “apagões” nos equipamentos e leituras incorretas, pondo em risco as operações no navio, algo inimaginável para um navio de guerra.

Estes fatos, aliados à cada vez maior dificuldade de manutenção do sistema, pela dificuldade de obtenção de sobressalentes, contribuíram para a decisão de substituí-las.

Após a seleção do equipamento, fez-se a encomenda junto ao fabricante de 4 novas URA e assim que chegaram aproveitou-se a parada do NAe São Paulo para trocá-las. O AMRJ então, deu inicio a troca da  URA B, em 2008.

Logo após a troca, o clima dentro do navio mudou para melhor. E com apenas a primeira instalada, os equipamentos eletrônicos do navio passaram a trabalhar normalmente uma vez que não mais apresentavam problemas de aquecimento, voltando o navio a utilizar todo o seu potencial.

Vejam abaixo como esta faina é trabalhosa. Retirada da URA antiga.

A instalação das novas URAs e posição aproximada de cada uma das 4 URAS

Com a planta do porta aviões Clemenceau, irmão gêmeo do ex-Foch, agora NAe São Paulo, tentamos mostrar de forma aproximada a localização destas unidades. As quatro URA antigas possuiam uma potência de 2.180.000 BTU cada (obsoletas), e as atuais possuem 2.500.000 BTU cada.

Por serem modernas, todo o sistema funciona com muito mais eficácia. As outras três foram instaladas em 2009. Não é preciso dizer que o navio está muito bem refrigerado, com alguns tripulantes afirmando que após a troca, quem trabalha nas caldeiras, teria que ir de casaco. Brincadeiras a parte, a tripulação e os equipamentos eletrônicos agradecem

Terminado o serviço de soldagem os trabalhos internamente se intensificaram para colocar o quanto antes a URA em funcionamento. As novas URA possuem controle 100% automatizado.

Em cada estação existe um painel de controle digital em que é possivel ao operador, total controle sobre o funcionamento da unidade com um sistema que mostra até os problemas que eventualmente possam ocorrer, dizendo onde e a hora em que ocorreram, facilitando o trabalho de reparo.

Um detalhe importante também é que com esta troca, o navio não usa mais o gás -R-12- passando a usar o -R-134a- que além de ser muito mais eficiente, é um refrigerante não prejudicial ao meio-ambiente que evita a degradação da camada de ozônio.

Com mais esta etapa concluída, o navio segue seu cronograma para o retorno operativo junto à Esquadra.

Em breve, mais artigos sobre o NAe São Paulo. Aguardem!

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