Projeto DDV-X Air Capable Spruance
O Almirante americano Elmo Zumwalt propôs em 1973 o conceito de Navio de Controle de Área Marítima (NCAM). O cenário da época era o da guerra fria e um NCAM escoltaria comboios no Atlântico para apoiar operações em terra na Europa durante um conflito entre a OTAN e o Pacto de Varsóvia. Os porta-aviões convencionais tinham muito poder ofensivo para serem desperdiçados em missões de escolta e atuariam em áreas mais perigosas em operações ofensivas.
Zumwalt estimava que 20 comboios estariam o tempo todo trafegando no Atlântico no caso de um conflito. Como um NCAM custaria 1/8 de um porta-aviões então podia ser construído em uma quantidade respeitável. O componente aéreo principal do NCAM seria de helicópteros anti-submarinos e uns poucos caças AV-8A Harrier seriam usados para defesa aérea contra aeronaves de patrulha de longo alcance e para atacar alvos navais pouco armados.
Por motivos principalmente políticos, o projeto não foi adiante. O conceito foi testado com o navio anfíbio USS Guam e os porta-helicópteros e navios de assalto da US Navy como as classes Guam e Tarawa passaram a ter a capacidade de atuar também como NCAM. O conceito do NCAM foi posto em prática por outros países como a Classe Invincible britânica, o Principe de Astúrias espanhol e o Garibaldi italiano (fotos abaixo).
Uma variação do NCAM é o DDV-X Air Capable Spruance (imagem que abre esta matéria). O navio era uma proposta de 1977 do Comandante Ronald Ghiradella que usava o casco do contratorpedeiro Spruance (foto abaixo) com um convés corrido e hangar. O navio teria apenas um elevador para apoiar o hangar. O convoo poderia operar o Harrier. Comparado com o NCAM o navio teria radares e sonar, armas mais capazes sendo um navio de guerra com capacidade similar a classe Kiev russa.
O deslocamento do DDV-X previsto era de 8125t carregado e poderia levar até oito caças Harrier. Seria armado com oito mísseis Harpoon, um lançador Sea Sparrow, um canhão de 127m, e quatro CIWS. O custo estimado seria o dobro do Spruance.
O desenho acima é da versão final que começou a ser construída e seria chamado de CVE USS Santa Fe: 1 – Phalanx; 2 – Sea Sparrow; 3 – radar SPS-40E; 4- radar SPQ-9A; 5 – canhão Mk.45 de 127mm; 6 – sonar SQS-53B; 7 – elevador; 8 – chaminés.
NOTA DO EDITOR: se o conceito fosse posto em prática e operasse até após o F-35 entrar em operação, seria possível fazer algumas comparações entre as capacidades dos porta-aviões de décadas atrás com as que podem estar disponíveis no futuro. Supondo um ataque de um porta-aviões convencional com caças F/A-18A contra uma base aérea, durante a década de 1980, seriam necessários quatro caças para garantir um corte em uma pista em um ataque a média altitude. As aeronaves teriam que ter escolta de caças F-14 e/ou F/A-18A, supressão de defesas com mais F/A-18 ou EA-6B e interferência eletrônica com os EA-6B Prowler. Seria um pacote com 12-20 aeronaves para fazer alguns buracos em uma pista de pouso.
Um DDV-X equipado com oito F-35B poderia lançar quatro aeronaves equipadas com oito bombas guiadas SDB cada (32 bombas no total) ou oito bombas JDAM de 454kg, pode garantir quase 32 pontos de pontaria na base aérea ou pelo menos oito grandes crateras na pista. Por ser furtivo o F-35 não precisariam de escoltas de caças, nem de supressão de defesas e nem do apoio de uma aeronave de interferência eletrônica. Como as operações navais atuais são de baixa intensidade, e como são longos os voos no Afeganistão a partir do oceano Indico e as operações na Líbia, o conceito parece ainda ser atual.