Reino Unido está preparado para proteger as Malvinas, diz premiê
O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, afirmou nesta quinta-feira que seu país já fez “todos os preparativos necessários” para proteger sua soberania sobre as ilhas Malvinas (chamadas de Falklands pelos britânicos). As declarações foram feitas em meio ao aumento da tensão diplomática com a Argentina na disputa pelo controle das ilhas.
“Fizemos todas as preparações que são necessárias para garantir que as ilhas Malvinas estejam adequadamente protegidas”, disse o premiê. Apesar disso, Brown disse que não planeja o envio de um reforço militar à região e que espera que prevaleçam as “discussões sensatas” com a Argentina.
Um decreto do governo argentino na terça-feira determinou a exigência de que todos os barcos que transitarem entre o país e as Malvinas peçam autorização prévia às autoridades argentinas.
A medida foi anunciada após o governo britânico ter autorizado, no começo de fevereiro, o início da exploração de petróleo na região nesta semana. A disputa sobre as ilhas Malvinas, sob controle britânico desde 1833, já foi objeto de uma guerra em 1982, quando os argentinos foram derrotados após tentarem uma invasão.
Reforço
O Ministério da Defesa britânico negou relatos publicados pelo tabloide britânico “The Sun” de que estaria ordenando o envio de um reforço naval para as Malvinas. Em uma entrevista à BBC nesta quinta-feira, o deputado William Hague, ex-líder do Partido Conservador (oposição) e atual porta-voz do partido para assuntos de Defesa, defendeu em entrevista à BBC o aumento da presença naval britânica na região.
“Algum tipo de presença naval maior -pode ser somente um navio em visitas regulares–, este tipo de coisa mostraria claramente à Argentina -com quem, novamente, queremos manter relações amistosas- que estamos firmes em relação a isso”, disse Hague.
“Seria um sinal para que não interpretassem mal as intenções britânicas. Uma das coisas que deram errado nos anos 1980 foi que os argentinos acharam que nós não estávamos realmente comprometidos com as ilhas Falklands. Então, não podemos cometer o mesmo erro novamente. Nosso comprometimento deve ser muito claro”, afirmou.
O Ministério da Defesa britânico afirmou que não necessita aumentar sua presença na região por já contar com uma presença permanente que inclui quatro navios e mais de mil soldados estacionados nas ilhas. A presença britânica foi reforçada após a guerra de 1982, que resultou na morte de 649 soldados argentinos e de 255 britânicos.
Escalada
Para a especialista da BBC em questões de Defesa Caroline Wyatt, o governo britânico parece disposto a evitar uma escalada na disputa sobre a exploração de gás e petróleo no Atlântico Sul, apesar das medidas anunciadas pela Argentina na terça-feira.
O correspondente da BBC em Buenos Aires Andrew Harding diz que é difícil encontrar alguém na Argentina que acredite que haja algum risco de as Malvinas gerarem um novo conflito militar. Mas o vice-ministro das Relações Exteriores da Argentina, Victorio Taccetti, disse que seu país tomará “as medidas adequadas” para impedir a exploração do petróleo na região.
Antes de estabelecer o controle do tráfego naval para as ilhas, o governo argentino já havia ameaçado proibir as empresas que participassem da exploração de gás e petróleo nas águas do entorno do território de operar na Argentina. Apesar disso, a empresa britânica Desire Petroleum, que ganhou uma concessão para a exploração na região, afirmou que poderia iniciar as perfurações já na próxima semana.
Na semana passada, um navio levando equipamentos para perfuração foi interceptado pelas autoridades argentinas.
Grandes reservas
Geólogos dizem que o leito oceânico no entorno das Malvinas pode conter grandes reservas de gás e petróleo. No ano passado, a Argentina submeteu às Nações Unidas um pedido para o reconhecimento de soberania sobre uma vasta extensão do Atlântico Sul, baseado em pesquisas sobre a extensão da plataforma continental do país. O pedido aumentaria o território marítimo argentino em 1,7 milhão de quilômetros quadrados e incluía as ilhas controladas pelo Reino Unido. As águas no entorno das Malvinas são consideradas pelo Reino Unido como território britânico além-mar.
Nesta quinta-feira, um porta-voz do Ministério da Defesa britânico disse que o governo está “totalmente comprometido” com as ilhas Malvinas. O Ministério das Relações Exteriores britânico, por sua vez, disse que o Reino Unido e a Argentina são “parceiros importantes” em questões como a economia global e o combate às mudanças climáticas.
“E queremos, e já oferecemos, uma cooperação em questões relacionadas ao Atlântico Sul. Vamos trabalhar para desenvolver ainda mais este relacionamento”, afirmou um porta-voz.
FONTE: BBC Brasil, via Folha online
FOTO: Royal Navy (Marinha Real) – HMS York, destróier de defesa aérea Tipo 42, que no ano passado fez viagem ao Atlântico Sul, fazendo escala no Rio de Janeiro. O navio rendeu o HMS Gloucester (outro destróier Tipo 42) na patrulha da região austral, que inclui as Malvinas / Falklands. A matéria do jornal The Sun, citada no texto acima, era ilustrada por esta foto – mas vale lembrar mais uma vez que a presença naval britânica na região é constante.
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