Lançamento do míssil Exocet com novo motor brasileiro é realizado com sucesso

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Programa inédito no país, no qual foram investidos R$ 75 milhões, torna Brasil independente no desenvolvimento de motores de mísseis antinavio

 

A Marinha do Brasil realizou com sucesso o lançamento-teste de um míssil Exocet MM40 equipado com motor desenvolvido, fabricado e certificado pela AVIBRAS em parceria com o líder global em desenvolvimento e fornecimento de mísseis e sistemas de mísseis, o grupo europeu MBDA. Esta é a primeira vez que a Marinha do Brasil realiza um teste desse tipo, que representa a independência do País na obtenção de motores de mísseis antinavio – o equipamento poderá, no futuro, ser utilizado em outros modelos de mísseis, nacionais ou estrangeiros. O teste foi realizado em alto mar, a partir da Corveta Barroso.

Para o Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto, Comandante da Marinha do Brasil, o lançamento é um exemplo de programa de cooperação tecnológica que deu certo. “O teste deve ser incluído entre as grandes vitórias da Marinha brasileira nesses últimos tempos”, disse ele. O programa contou com um investimento total de cerca de R$ 75 milhões e foi iniciado em 2008.

O lançamento e o desenvolvimento cooperativo entre as duas empresas fazem parte do ciclo de manutenção e renovação do míssil Exocet MM40 e dos planos, por parte da MBDA, de se criar parcerias duradouras com empresas nacionais brasileiras.

O objetivo deste teste de lançamento era verificar e validar o desempenho máximo do novo propulsor de voo. O ponto de chegada foi posicionado no limite máximo de alcance de voo do míssil, sendo alcançado sem dificuldade alguma. Outro detalhe do teste foi a substituição da cabeça de combate do míssil (a carga explosiva) por um sistema de telemetria fabricado pela MECTRON, empresa brasileira que também participou do desenvolvimento. O equipamento permitiu a coleta de dados de todos os parâmetros analisados no teste, em tempo real (velocidade, pressão, trajetória, etc.). Foram também utilizados sistemas de monitoramento interligados incorporados a duas fragatas e três helicópteros da Marinha Brasileira, que monitoraram toda a área do teste.

Como resultado, ficou demonstrado a capacidade da AVIBRAS em relação ao desenvolvimento, fabricação e certificação deste tipo de tecnologia de propulsores do míssil Exocet MM40, bem como a possibilidade de iniciação de produção em série do mesmo. Há também a demonstração de sucesso do esforço cooperativo técnico e humano das diferentes companhias envolvidas neste processo.

“Eu parabenizo o êxito deste lançamento, que reforça a cooperação entre nosso Governo e empresas nacionais e internacionais, bem como abre novos mercados para as empresas envolvidas no programa”, afirmou o presidente da AVIBRAS, Sami Youssef Hassuani.

“Este teste reforça a nossa parceria estratégica com o Brasil, uma potência em destaque no cenário geopolítico internacional”, afirmou Patrick de La Revelière, Diretor Vice-Presidente de Vendas e Exportações da MBDA.

Sobre a AVIBRAS

Criada em 1961, a AVIBRAS é uma empresa aeroespacial privada 100% nacional. Seus principais focos são integração de sistemas, mísseis, foguetes, veículos blindados e comando&controle. Suas unidades industriais estão localizadas no Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo, nas cidades de São José dos Campos, Jacareí e Lorena.

Entre outros projetos, atualmente fornece para as Forças Armadas brasileiras o sistema de artilharia ASTROS 2020, composto de veículos blindados, foguetes, mísseis e C4I (sistema de comando&controle), mísseis para a Força Aérea Brasileira e Marinha do Brasil. É também responsável pelo desenvolvimento do projeto da Aeronave Remotamente Pilotada Falcão (também denominado projeto VANT), que visa o domínio pelo Brasil de todo o ciclo tecnológico envolvido neste programa.

Sobre o Exocet

EXOCET é uma família de produtos completa de mísseis anti-navios pesados para qualquer clima, adaptáveis a todos os tipos de plataformas. Ele é disposto em várias versões:

  • Superfície-superfície (MM40) para navios
  • Ar-mar (AM39) para aeronaves e helicópteros
  • Submarino-superfície (SM39)
  • Terra-mar (BC) para baterias costeiras

Este míssil da MBDA possui capacidade de lançamento OTH (over the horizon), que permite atingir alvos a longas distâncias, e outras características operacionais, incluindo: sinais baixos, ativação tardia do localizador, modo de vôo “sea skimming” de baixa altitude, alto poder de penetração contra defesas navais aéreas modernas, identificação avançada de alvos e ECCM (eletronic conter-countermeasures).

Sobre a MBDA

Com instalações industriais em quatro países europeus e nos EUA, em 2011 MBDA alcançou um faturamento de € 3 bilhões, com uma carteira de pedidos, em encomendas e contratos futuros, no valor de € 10,5 bilhões. Com mais de 90 clientes das forças armadas do mundo, a MBDA é líder mundial em mísseis e sistemas de mísseis.
MBDA é o único grupo capaz de projetar e produzir mísseis e sistemas de mísseis que atendem toda a gama das atuais e futuras necessidades operacionais das três forças armadas (terra, mar e ar). No total, o grupo oferece uma gama de 45 sistemas de mísseis e produtos de medidas defensivas em operação, além de 15 outros atualmente em desenvolvimento.

Sobre a MECTRON

Fundada a partir da associação de engenheiros oriundos de empresas e instituições de tecnologia de São José dos Campos, a MECTRON atua há 21 anos nos mercados de Defesa e Aeroespacial, desenvolvendo e fabricando armamentos inteligentes, sistemas aviônicos, radares e equipamentos para satélites. Em 2011, a Mectron passou a integrar a Organização Odebrecht, através da Odebrecht Defesa e Tecnologia, que atua na gestão, desenvolvimento e implantação de projetos integrados na área de Defesa, Segurança Pública e Segurança Nacional.

Para o mercado de Defesa e tendo como principais clientes as Forças Armadas brasileiras, a Mectron desenvolve e fabrica os mísseis ar-ar MAA-1, MAA-1B e A-DARTER, este último em parceria com a África do Sul e outras empresas brasileiras, o míssil superfície-superfície antitanque MSS 1.2, o míssil ar-superfície antirradiação MAR-1 e o ACAUAN, kit de guiamento por sistema inercial e GPS para bombas convencionais. No segmento de Aviônicos, a Mectron desenvolve e fabrica o SCP-01, radar de bordo da aeronave AM-X, em parceria com a empresa italiana SELEX Galileo, e diversos sistemas aviônicos embarcados que possibilitam integrar seus produtos a diferentes tipos de aeronaves como o F-5M, AM-X e Supertucano ALX. Além de sua participação no programa de manutenção e renovação do míssil Exocet MM40, a Mectron tem prestado à Marinha do Brasil serviços de revitalização, telemetria e apoio técnico que possibilitaram o lançamento de mísseis ar-ar AIM-9H a partir das aeronaves A-4 e dos mísseis de defesa-antiaérea ASPIDE a partir das fragatas brasileiras.

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Daglian

Uma ótima notícia finalmente! Espero que o know how/why adquirido através desta cooperação renda mais frutos (além do Exocet).

Augusto

Para quem estava reclamando de boas notícias, aí está uma excelente! No caso em tela, parece que houve investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias nacionais críticas, o que é ainda melhor.

jokerjp125

Excelente notícia.

luizblower

Excelente notícia mesmo!

luizblower

Excelente notícia mesmo!

Fabio ASC

O 2º vídeo é simplesmente fantástico!!!!!

Algum dos nossos subs já tem capacidade de lançamento do SM-39? Se não existe algum projeto?

E os Scorpenes, vão lançar estes ou outros mísseis? E mísseis tipo o Tomahawk, sai do sub pra terra?

Comandante Supremo

Uma pergunta o alcance e o mesmo ou aumentou e a velocidade e a mesma ou não, alguém sabe quantos Exocet a marinha tem no seu arsenal.

Daglian

Comandante Supremo,

Ótimas perguntas, também gostaria de saber a resposta para todas.

Clésio Luiz

Falta agora desenvolver o motor sem rastro de fumaça visível. Mas pelo que ouvi falar é bem mais complicado.

aldoghisolfi

GRANDE!
Nada como investir em nós mesmos e em pesquisa!
Incorporo às perguntas do Comandante Supremo: é normal a ‘fumaceira’?

joseboscojr

Pelo que se tem lido, inclusive em artigo anterior, parece que o tempo de queima do propelente aumentou, o que deve ter produzido um ligeiro incremento no alcance. Quanto à velocidade, é pouco provável que tenha aumentado tendo em vista que o Exocet original já tinha uma velocidade pouco inferior à dom som, em torno de Mach 0.9. Não há como aumentar a velocidade sem haver uma reformulação completa da estrutura e da aerodinâmica, além de um motor foguete diferenciado, com empuxo significativamente maior. Aumentando a velocidade para algo ligeiramente maior que a do som, haveria um aumento significativo do… Read more »

joseboscojr

A grande produção de fumaça deve ser só na fase inicial (lançamento) tendo em vista que o motor é de duplo empuxo.
Na fase de “cruzeiro”, há menor produção de fumaça.

joseboscojr

A grande produção de fumaça deve ser só na fase inicial (lançamento) tendo em vista que o motor é de duplo empuxo.
Na fase de “cruzeiro”, há menor produção de fumaça.

joseboscojr

Ops! Quis dizer AM-39 e não SM-39 para os helicópteros.

joseboscojr

E MM-40 e não SS-40.
Juro que não ingeri nenhuma bebida alcoólica.

joseboscojr

Também não há mais “contratorpedeiros” na Marinha do Brasil.
Desculpem-me.

joseboscojr

Fabão, Se os Scorpenes usam mísseis antinavios só podem ser do tipo Exocet SM-39 tendo em vista que no mundo ocidental ou são eles ou são os Harpoons. Quanto aos Tomahawks, são sim lançados de submarinos contra alvos em terra tendo em vista que são mísseis do tipo LACM (míssil de cruzeiro de ataque terrestre) do tipo SLCM (míssil de cruzeiro de lançamento do mar). O “do mar” aí é por ele poder ser lançado tanto de navios quanto de submarinos submersos. Já os mísseis antinavios são designados de ASCM (míssil de cruzeiro antinavio). Vale salientar que hoje em dia… Read more »

Fabio ASC

Bosco, temos o SM-39?

Nossos subs conseguem llançá-los?

joseboscojr

Fábio, Se temos nunca foi divulgado. Quanto a serem compatíveis com nossos tubos de torpedos também não tenho certeza. Sei que existem 4 ou 5 tipos de tubos de torpedos nas marinhas ocidentais, alguns usam ar comprimido, outros servem apenas para armas autopropulsadas, outros, à pistão, etc, e nem todos são compatíveis com o lançamento da cápsula de um SM-39. Salvo engano, nossos submarinos usam ar-comprimido (???) e são compatíveis com o lançamento da cápsula do Exocet, mas claro, para operar o míssil não basta que o tubo de torpedo seja capaz de ejetar o dito cujo, devendo haver a… Read more »

Daglian

Muito obrigado pelas informações preciosas Bosco! Até que não estamos assim mal nestes termos pelo menos…

joseboscojr

Valeu Galante. Eu tenho esses dados sobre os TT em uma antiga S&D mas pra achar a dita cuja ia fazer tanto barulho que a vizinha de baixo ia chamar a polícia. Não sabia que nossos subs usam o método swin-out. Me lembro de ter lido que tal método é mais perigoso quando se usa torpedos como os Mk-48, de propulsão térmica, devido aos produtos explosivos que se acumulam no tubo, o que exige cuidados redobrados. Quanto ao “ar-comprimido”, com certeza ele é bem indiscreto mas como não temos o hábito de adotarmos nada em “estado da arte”, salvo honrosas… Read more »

Mauricio R.

Uma perguntinha….
Esse motor-foguete é reposição somente p/ os MM-40 Block I, ou tb podem ser usados em células de mísseis Block II???
Poderemos vende-los p/ quem bem entendermos, ou nossos “parceiros estratégicos”, terão algo a dizer a respeito.

Fabio ASC

Obrigado Bosco e Galante.

Ótima pergunta Mauricio R.

Mauricio R.

Hoje o horizonte da MBDA é o Exocet Block III, que não usa mais o motor-foguete mas uma turbina, na sua propulsão.
Assim podemos ter investido parte de nossas escassas verbas, em algo que na realidade é sucata; pois foi descontinuado pelo fabricante original.

Comandante Supremo

Deixa eu ver se entendi a MB tem 86 lançadores e 20 misseis só isso, quer dizer que nossas fragatas e corvetas estão todas peladas.

daltonl

14 plataformas x 4 lançadores cada = 56 lançadores. Pensei a mesma coisa Galante e penso que nem sejam necessários tantos devido aos periodos de manutenção pelo qual os navios passam,cedendo seus lançadores aos que já saíram da manutenção e estão se preparando para entrarem em um estado de maior prontidão. Fazendo um comparativo com a US Navy, CGs e DDGs tem sido vistos com apenas 4 lançadores de Harpoons mas podem embarcar 8 e muitas vezes embarcam todos os 8 também, dependendo da missão, ou disponibilidade de misseis nas Estações de armas. Também não há misseis suficientes, para preencher… Read more »

joseboscojr

Me lembro que nos anos 80 havia a discussão acerca da validade de se usar motores foguetes ou motores aspirados (turbojatos e turbofans) para mísseis antinavios. Os defensores do motor foguete diziam que ele era mais barato, mais simples, menos propenso à falhas, mais facilmente armazenável, com menor tempo de reação, maior tempo de validade, menor manutenção, etc. Os defensores dos motores turbo diziam a favor de seus produtos que ele proporcionava maior alcance (com todas as vantagens advindas, tais como capacidade de manobra superior, direção de ataque aleatória, etc) e tinha menor assinatura visual, térmica e radar. Pelo jeito… Read more »

joseboscojr

A minha conta de 86 foi baseado no seguinte:
6 classe Niteroi com 8 lançadores cada = 48 lançadores
3 classe Greenhalgh com 6 lançadores cada = 18 lançadores
4 corvetas Inhauma com 4 lançadores cada = 16 lançadores
1 Barroso com 4 lançadores = 4
SOMA = 86 lançadores

Pra mim as Niteroi e as Greenhalgh tinham capacidade de 8 e 6 respectivamente.

daltonl

Bosco…

vc partiu do principio de que onde cabem 2 MM- 38, cabem 4 MM- 40 e vc está certo, só que, a realidade das marinhas é outra e no caso da nossa, acho que o Galante e eu fomos até generosos, porque não se tem 4 lançadores para os 14 combatentes de superficie mesmo descontando os que estão em manutenção e muitas vezes apenas 2 aparecem embarcados.

abraços

Guilherme Poggio

Dalton

Se eu não estiver enganado a Liberal foi para o Líbano com três ou quatro, o que é uma situação fora do comum.