Reviravolta: Reino Unido vai mesmo de F-35B
Decisão já foi aprovada pelo Conselho de Segurança Nacional e será oficialmente anunciada ao Parlamento amanhã
O Ministério da Defesa do Reino Unido deve abandonar os planos para comprar o seu caça preferido para os novos porta-aviões da Royal Navy em uma situação bastante embaraçosa para o Primeiro Ministro David Cameron.
O primeiro-ministro, pessoalmente, endossou a decisão pela adoção de catapultas e sistema de parada por cabos (meio convencional) nos porta-aviões para que fosse possível empregar a versão naval do caça F-35 Joint Strike (JSF).
Mas o custo para converter os porta-aviões britânicos já atingiu a marca de 2 bilhões de libras esterlinas e modelo do JSF que Downing Street gostaria segue atolado em atrasos e problemas técnicos.
A aeronave não estará pronta antes de 2023, na melhor das hipóteses, forçando o governo a reverter sua decisão para os planos originais do governo dos ‘Trabalhistas’ para compra do modelo STOVL, menos capaz.
Philip Hammond, secretário de Defesa, deve fazer um anúncio na Câmara dos Comuns na quinta-feira explicando a reviravolta, que foi aprovada pelo Conselho de Segurança Nacional na terça-feira.
Ele tinha a esperança de persuadir Downing Street para fazer o movimento no final de Março, para que o Ministério da Defesa pudesse finalizar seu orçamento antes do início do novo ano fiscal. Mas Cameron havia vetado o movimento, insistindo na realização de uma nova análise dos custos pelo Tesouro, enquanto o Ministério da Defesa deveria verificar os seus próprios cálculos mais uma vez.
Agora o Primeiro Ministro teve que aceitar a posição de Hammond, e vai enfrentar provocações dos Trabalhistas, que denunciaram o “upgrade” do JSF quando ele foi inicialmente anunciado com certo furor durante a “2010 strategic defence and security review” (SDSR).
“A decisão de voltar foi bem clara”, disse uma alta fonte da Defesa. “O governo não pode aceitar os atrasos. Uma vez que os fatos haviam mudado, que seria errado seguir em frente. Os ministros sempre disseram que não teriam medo de mudar de rumo.”
O governo vai argumentar que haverá benefícios se a decisão for tomada agora. Desconsiderando a conversão dos porta-aviãoes para lançamento por catapultas e recuperação poe cabos, o primeiro deles poderá estar pronto para o serviço em 2018, dois anos antes do previsto.
Embora a Marinha não vá ter o JSF que queria, o modelo alternativo já está em produção e o Ministério da Defesa pode receber a primeira aeronave em 2016.
Mas o anúncio é um “tiro no pé” de Cameron e do seu vice, Nick Clegg.
A decisão sobre quais dos modelos seriam empregados nos dois novos porta-aviões da classe Queen Elizabeth foi um dos anúncios mais significativos na SDSR e veio conjuntamente com os cortes no orçamento para as três Forças Armadas. O porta-aviões Ark Royal foi retirado de serviço juntamente com a frota de jatos Harrier, para economizar o dinheiro que seria necessário para financiar o programa dos novos porta-aviões.
Cameron forçou os militares a abandonar a versão F-35B do JSF, uma aeronave que pode decolar e pousar como o Harrier. Em vez disso, ele e Clegg escolheram o F-35C, que tem um maior alcance e pode carregar mais armas.
Explicando a decisão para os parlamentares britânicos, Cameron disse que os Trabalhistas tinham conseguido isso “muito mal”, e insistiu em mudar o projeto dos porta-aviões para uma versão convencional, facilitando a cooperação com as marinhas da França e dos EUA.
Uma fonte disse haver distância entre esta argumentação e o Ministério da Defesa, informando que tratava-se de uma “jogada para a torcida”, mas admitiu que os custos e os atrasos da variante naval do JSF – e os recursos que seriam necessários para converter os navios – foram impostos a Hammond. A Marinha espera que o segundo porta-aviões, que estava previsto para ser docado assim que fosse concluído, agora espera colocá-lo em serviço.
Jim Murphy, a sombra do secretário de Defesa, criticou repetidamente o SDSR, e disse que a confusão sobre qual JSF representa uma “completa bagunça de autoria dos ministros”.
“A política caótica do governo em relaçõa aos porta-aviões mina toda a sua credibilidade em relação ao assunto ‘defesa’. Esta é uma humilhação pessoal para David Cameron, que terá que voltar para a política do Partido Trabalhista, que ele anteriormente condenou. Este é um elemento de vital importância estratégica do programa de reequipamento militar e da dependência milhaes de empregos e os ministros trataram com incompetência arrogante.
“Acabar com a frota de Harriers para deixar a Grã-Bretanha sem aeronaves para voar a partir de porta-aviões por menos uma década parece cada vez mais inexplicável. Precisamos de um plano para restaurar o poder e o pretígio da Grã-Bretanha no mar, que foi tão prejudicado pela revisão, e há questões cruciais tanto em relação a custos como em capacidade que os ministros devem respondetr. ”
O governo argumenta que as críticas dos Trabalhistas são oportunistas, apontando um buraco negro de £ 38 bilhões do orçamento da Defesa deixado pelo governo anterior.
FONTE: Guardian
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Poder Naval