Submarino nuclear brasileiro sairá do papel em 2016

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Projeto começa agora; navio vai para o mar em 2021 e entra em ação até 2025

 

Roberto Godoy

O sol em Cherbourg, litoral da Normandia, na França, anda escasso. Dias nublados, de chuva e vento frio soprando de sudoeste, enganam quem espera o calor do verão. Ainda assim, na sexta-feira, 6, com o termômetro batendo nos 13 graus, houve festa nos estaleiros da DCNS, a Direction des Constructions Navales et Services.

O parceiro francês no programa de construção de quatro avançados submarinos diesel-elétricos e de um outro movido a energia atômica, para a Marinha, festejou com o grupo brasileiro de especialistas em treinamento – cerca de 50 deles – a oficialização da data do início do ProSub – o Projeto do Submarino com Propulsão Nuclear Brasileiro. A cerimônia que marca a contagem do tempo foi realizada no Centro Tecnológico da Marinha, em São Paulo, no campus da USP.

O contrato, incluindo obras civis, vale 6,7 bilhões, cerca de R$ 21 bilhões, um dos três maiores empreendimentos públicos do País. O grupo brasileiro majoritário no empreendimento é a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT). A contar do dia 6 de julho, a agência de desenvolvimento dos projetos vinculados ao ProSub terá três anos, talvez pouco menos, para produzir a concepção básica do submarino. Segundo o coordenador, almirante José Alberto Accioly Fragelli, “terá início, então, a parte dos planos detalhados, junto com a construção do navio em 2016, no estaleiro que está sendo estruturado em Itaguaí, no Rio”.

A previsão para as etapas de conclusão situam em 2021 ou 2022 a finalização da embarcação. A montagem eletrônica, o carregamento do reator compacto e os testes de mar devem consumir, talvez, mais dois anos. Um almirante ouvido pelo Estado acredita que sob pressão estratégica – uma eventual ameaça externa – o SN-Br pode entrar em operação efetiva em 2023. Se não, é coisa para 2025. O empreendimento, de longo prazo, contempla uma frota de seis submarinos nucleares e 20 convencionais; 15 novos, S-Br, da classe Scorpène e cinco revitalizados. Tudo isso até 2047, conforme o Paemb – Plano de Articulação e de Equipamento da Marinha.

A frota de submarinos de ataque será o principal elemento dissuasivo da Defesa brasileira. Um oficial especializado, que não pode ser identificado, sustenta que “a percepção do agressor deve ser a de que haverá resposta rápida e devastadora a qualquer aventura, vinda de uma fonte difícil de identificar, capaz de surgir em qualquer lugar”. Mais comedido, o comandante da Força, almirante Júlio Moura Neto, lembra a “necessidade de dar prioridade à estratégia do temor das consequências considerados fatores como o Pré-Sal, a posição do Brasil no contexto internacional, a garantia da segurança marítima e a vigilância sobre as águas jurisdicionais, que somam 4,5 milhões de quilômetros quadrados, uma Amazônia no mar”.

Dinheiro garantido. Não está faltando dinheiro para o Pro Sub. Em 2011 o investimento foi de R$ 1,8 bilhão. Para 2012, o governo destinou R$ 2,15 bilhões – recursos livres de cortes. Em Itaguaí, litoral sul do Rio, há 6,3 mil pessoas trabalhando no complexo formado pelo novo estaleiro e nova base de operações – 500 desses funcionários foram treinados no canteiro que recebe este mês a primeira equipe de engenheiros e projetistas da DCNS. Vão trabalhar com o pessoal da Marinha no navio nuclear.

Em novembro terminam as obras da construção da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem), onde serão construídos os submarinos S-Br, com motores diesel-elétricos. Um mês depois, chegam da França as seções 3 e 4 do primeiro navio, que foram juntadas por soldagem de alta tecnologia em Cherbourg, em dezembro de 2011. Em 2015 fica pronto o estaleiro, e em 2017 será entregue o S-Br que abre a série de quatro, recebidos um a cada 18 meses. A gleba do conjunto tem 980 mil metros quadrados, dos quais 750 mil metros quadrados sob a água. Haverá dois píeres de 150 metros e três docas de 170 metros. Base e estaleiro ocuparão 27 prédios. A dragagem mobiliza 6 milhões de metros cúbicos. As especificações dos navios brasileiros ainda estão sendo definidas. O Scorpène Br é cerca de 100 toneladas mais pesado e 5 metros mais longo que a configuração padrão, forma de aumentar a autonomia e o conforto a bordo.

O programa brasileiro não é o único da América do Sul. Na Venezuela, Hugo Chávez negocia com a Rússia a compra de 7 a 11 submarinos – um deles nuclear, o Akula, de 12,7 mil toneladas, armado com torpedos e mísseis. Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner anunciou, em junho de 2010, um programa considerado tecnicamente pouco viável. A ideia é converter a motorização de três velhos modelos de origem alemã, o San Juan, o Santa Cruz e o Domec, dos anos 1970, concluídos no início dos 1980, atualmente em fase de revitalização. Todos receberiam um reator de concepção local, o Carem, desconhecido fora da Invap, empresa que teria criado o produto. Um dos navios modernizados estaria pronto para uso em 2015, outro em 2020. O terceiro ficaria dependente dos resultados apurados no procedimento.

FONTE: O Estado de São Paulo

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Marcos

No papel cabe tudo!
Fala-se inclusive na construção de uma frota de Naes nucleares.
Vamos a realidade: empurram a compra de meros 36 caças por mais de dez anos; nossa frota de superfície está completamente sucateada; inventaram de construir uma frota de navios petroleiros através de conhecidas empreiteiras de obras e deu no que deu; o NAe São Paulo continua no estaleiro.

daltonl

“Na Venezuela, Hugo Chávez negocia com a Rússia a compra de 7 a 11 submarinos – um deles nuclear, o Akula, de 12,7 mil toneladas, armado com torpedos e mísseis.”

Como se a Russia tivesse “Akulas” sobrando, estranho que não encontrei nada sobre este tal acordo, mas o mais bizarro é o plano argentino.

Moriah

haha agora toda da AS vai ter subs nucleares…

melhor falarem do futuro imediato, pois projetar 30/40 anos na frente é sonho…. o que será que o pessoal projetava nos ano 70 para a MB dos anos 2000?

giordani1974

“Moriah disse: 8 de julho de 2012 às 19:55 …o que será que o pessoal projetava nos ano 70 para a MB dos anos 2000?” Cara, Recentemente Eu estava lendo num blog(brazuca) alguns artigos das revistas da época, em especial a Manchete, do que a MB esperava para os Anos 80 e 90 do século XX…dizia claramente o uso de porta-aviões e caças à reação para defesa da frota e projeção de força…hahahahaha…é…conseguiram… 🙁 Se Eu achar o link, postarei. Tem várias e várias notícias interessantes de se ler, até uma revista que informava que os americanos tinham negado a… Read more »

Marcos

A grande pergunta: Uma nação que não possui uma Força Aérea devidamente equipada, que não possui um Exército adequadamente treinado e bem equipado e cuja Marinha possui naves de superfície completamente sucateadas, qual o sentido de se projetar uma submarino nuclear? Resposta: nessas alturas o objetivo não é o submarino, mas o reator, mais especificamente a possibilidade de adquirir peças, componentes, equipamentos para tal, sem que ninguém incomode. Imaginem se Hugo Chávez anunciasse que iria desenvolver um reator nuclear. Óbvio que as intenções iriam um pouco mais longe, como vem fazendo o Irã. E é aqui que mora o perigo:… Read more »

juarezmartinez

Bingo!!!!! A propósito onde andarão Pedro I e Pedro II, após o buraco do caximbo ter sido fechado e todo mundo ter jurado de pé junto que desmontaram tudo e aquela conversa que nem o cachorro do vizinho até hoje acreditou….

grande abraço

aldoghisolfi

É… concordo com o Marcos: o sub é bobagem, o que vale é o reator.
Porque não fazer o que Israel fêz? Porque não investirmos em mais subs convencionais extremamente bem armados?

wallace

Israel pode até não ter submarinos nucleares próprios, apesar de contar com os dos Estados Unidos na hora que estalar os dedos, mas: http://www.cbsnews.com/8301-503543_162-57446537-503543/report-israel-fitting-nuclear-missiles-on-german-built-subs/

É, lá não é só o “motor” não…

Observador

Senhores, Não sei qual plano é mais delirante: – construir um submarino nuclear com o casco de um submarino francês que não foi planejado e nem usado para tal, contando com futuras verbas de um governo totalmente irresponsável, capaz de acabar com a aventura numa canetada (Brasil); – comprar um submarino nuclear russo (Venezuela). Como se a Rússia fosse assinar este cheque em branco para qualquer um. A Rússia só vende para a Índia porque todo mundo sabe que, se a Índia não comprar da Rússia, fará um sub-nuc sozinha; – adaptar submarinos convencionais para um reator nunca testado em… Read more »